BRB x Banrisul: turbinados por bancos estatais, Flamengo e Inter decidem título brasileiro

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Em tempos de debates acalorados no país sobre privatizações, dois bancos estatais turbinam os sonhos dos candidatos ao título na última rodada do Campeonato Brasileiro. Líder isolado com 71 pontos, o Flamengo estampa o Banco de Brasília (BRB) no espaço destinado ao patrocinador master. Segundo com 69, o Internacional recebe investimentos do Banrisul. Independentemente do vencedor, quebrará um tabu: a Série A não tinha um campeão bancado com dinheiro público desde o Corinthians, em 2015. A Caixa Econômica Federal patrocinava o Timão e mais uma dezena de times da Série A à época.

Nos títulos de 2016 e 2018, o Palmeiras exibia a marca da instrução financeira de crédito pessoal Crefisa no espaço nobre da camisa. O Corinthians expôs a Cia do Terno em 2017., uma loja de roupa masculina. Atual campeão brasileiro, o Flamengo estampava o banco digital BS2 nas conquistas do Brasileirão e da Libertadores na temporada 2019. Conquistar o Brasileirão com auxílio de estatal não é novidade para o Flamengo. A Petrobras anunciou na camisa do clube de 1984 a 2009. Estava na camisa nos títulos da Copa União 1987 e no Nacional de 1992.

Os modelos de negócios do BRB e do Banrisul com os clubes são diferentes. A estatal de Brasília, por exemplo, não chama o contrato assinado no ano passado com o Flamengo de patrocínio, mas sim de parceria para criação de um banco digital. O acordo prevê o repasse mínimo de R$ 32 milhões ao clube carioca. Se for campeão nesta quinta, o clube da Gávea receberá da CBF, além da taça, um prêmio em fronteiro de R$ 33 milhões, ou seja, praticamente o valor combinado com o BRB. Vice dará direito a R$ 31,3 milhões.

“No patrocínio você troca estritamente por exposição de marca. Numa parceria como essa, a gente ganhou a exclusividade, a gente divide o resultado, foi constituída uma governança entre o BRB e o Flamengo. Ganhamos o acesso exclusivo a uma base de clientes. A gente chama isso de venda de balcão. E nessa venda de balcão o BRB assumiu o compromisso de pagar R$ 32 milhões no mínimo, ou seja, se a divisão dos resultados não suprir toda a necessidade para cobrir esses R$ 32 milhões, esse é o mínimo garantido. Importante as pessoas entenderem que esse é um procedimento normal no mercado”, explicou o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, em julho do ano passado, em entrevista ao blog. A parceria pode render o segundo título. Nesta temporada, o Flamengo ganhou o bi carioca usando a marca.

Além do Flamengo, cinco clubes do Distrito Federal e Entorno têm acordo com o BRB para a disputa do Candangão 2021: Formosa, Luziânia, Taguatinga, Santa Maria e Unaí.

Flamengo e Inter já quebraram um tabu: o último campeão brasileiro da Série A com patrocínio ou parceria máster na camisa foi o Corinthians (Caixa Econômica Federal) na edição de 2015 .

Patrocinador do Internacional e do Grêmio desde 2001, o Banrisul investe R$ 16 milhões por ano nos principais times gaúchos de acordo com a última renovação de contrato. Cada time recebe R$ 12,8 milhões pela área nobre da camisa e R$ 3,2 milhões pelas mangas, totalizando o montante. Portanto, o Colorado já está no lucro. Com título ou vice, o clube receberá da CBF o dobro do que ganha do banco estatal. O patrocínio do Banrisul completará 20 anos em 2021 e rendeu títulos e exposições de marca relevantes aos dois lados. O Inter foi bi da Libertadores (2006 e 2010) e campeão do Mundial (2006). O Grêmio ganhou uma Copa do Brasil (2016), uma Libertadores (2017) e uma Recopa (2018) entre as principais conquistas do casamento.

Os investimentos de bancos estatais em clubes de futebol são cada vez menores. A Caixa, por exemplo, oferecia essa linha de patríocinio até 2018. Naquele ano, a estatal tinha contrato com 24 clubes do país, 12 deles da Série A. O Flamengo, por exemplo, encabeçava o ranking com R$ 25 milhões, seguido por Santos (R$ 14 milhões), Atlético-MG, Botafogo e Cruzeiro (R$ 10 milhões cada). Questionado no ano passado pelo blog se havia alguma possibilidade de o banco retomar parcerias com os clubes, o presidente da estatal, Pedro Guimarães, foi direto na reposta: “Não pensamos nunca. A Caixa é o banco dos pobres, o foco é outro”, descartou. “A Caixa patrocinava vários times de futebol, como o Flamengo. O Flamengo não precisa da Caixa. Quem precisa da Caixa? As populações carentes e as que têm algum tipo de deficiência”, argumentou o executivo.

Nesta temporada, o Banpará turbinou os dois principais times de Belém na Série C com a compra dos naming rights dos estádios da Curuzu e Baenão e outras contrapartidas. O Remo subiu para a Série B e o Paysandu quase.

Recém-promovido para a Série C, o Altos-PI recebeu até 2019 incentivo financeiro do Governo do Estado do Piauí. Inclusive usava a logomarca na camisa. A justificativa para a verba dizia: “fortalecer e valorizar o clube, incentivando a participação nas competições oficiais, amistosas e amadoras, bem como para o pagamento de serviços e material de divulgação, transporte, alimentação, hospedagem, aquisição de material esportivo, serviços médicos, exames, passagens aéreas e pagamento administrativo de atletas”.

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Marcos Paulo Lima

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