Dorival Júnior é brasileiro e não desiste nunca. Ele quer uma Seleção agressiva no sistema 2-3-5 e tentou aprimorar o modelo na vitória contra o frágil Peru no Estádio Mané Garrincha pela décima rodada das Eliminatórias da América do Sul para a Copa do Mundo de 2026 diante de 60.139 torcedores.
De onde vem essa ideia? Vou te contar…
Em 2015, o paulista de Araraquara estava desempregado. Foi até uma agência de viagens, comprou uns pacotes de viagem, colocou a mochila nas costas e embarcou com Vágner Mancini e o ex-goleiro Júlio Sérgio para um tour pela Europa. Um dos destinos escolhidos foi Säbener Strasse, o quartel general do Bayern de Munique. Queriam interagir com o técnico catalão Pep Guardiola. Conseguiram e aprenderam um dos conceitos aplicados pelo treinador no time bávaro: o sistema 2-3-5, uma das variáveis do timaço à época.
O Brasil comportou-se assim, principalmente no primeiro tempo em Brasília. Os zagueiros Marquinhos e Gabriel Magalhães ficavam com o goleiro Ederson nas ações ofensivas. O lateral Vanderson dava um passo à frente e alinhava com Gerson e Bruno Guimarães no meio de campo. Abner Vinícius jogava espetado na ponta esquerda, Rodrygo, Raphinha e Igor Jesus ficavam por dentro e Savinho assumia o corredor do lado direito.
Lindo no papel, difícil na prática por alguns motivos. A força física da marcação peruana incomodava os jogadores leves e baixos do Brasil. Eles eram parados à base de faltas. A Seleção chegou a ter picos de 76% de posse de bola, porém a primeira finalização perigosa demorou quase 30 minutos. Raphinha acertou o travessão do goleiro Gallese.
Defensivamente, o Brasil tomou susto. A exposição ofensiva deu campo para um ataque do adversário. O Peru marcou em impedimento depois de uma virada de bola do lateral Advíncula para Flores. Dorival Júnior leva dever de casa para a Data Fifa de novembro nos duelos contra a Venezuela e o Uruguai. Afinal, os rivais são melhores do que Chile e Peru.
A carência de gol com bola em movimento foi compensada com dois pênaltis corretamente marcados pelo árbitro uruguaio Esteban Ostojich. Ambos abriram a porteira. No primeiro, ele foi auxiliado pelo VAR. Raphinha cobrou e abriu o placar.
O Brasil manteve o sistema na etapa final, criou mais oportunidades, poderia ter balançado a rede com bola rolando, mas pecou excessivamente no acabamento dos lances. O juiz assinalou mais um pênalti cometido pelo desastrado Zambrano e Raphinha converteu. Foi o nono gol dele com a camisa verde-amarela. Seis em jogos válidos pelas Eliminatórias.
Faltavam gols de bola rolando e eles começaram a sair com um belíssimo voleio do meia Andreas Pereira depois do cruzamento de Luiz Henrique. Depois, foi a vez de o ponta do Botafogo acertar a rede pelo segundo jogo consecutivo. Havia sido o protagonista da virada contra o Chile e ampliou a goleada para 4 x 0 no estádio batizado com o nome do maior ponta-direita da história. Mané Garrincha, o Anjo das Pernas Tortas, aprovou lá do céu.
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