Birras de Rubinho com dupla Fla-Flu irritam CBF e favorecem aprovação de jogos no Mané na Série A

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É questão de tempo para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) autorizar a dupla Fla-Flu a mandar jogos no Mané Garrincha enquanto o Maracanã e o Engenhão estiverem entregues aos comitês olímpico e organizador dos Jogos do Rio-2016. A corda esticou demais na relação aparentemente amistosa entre a CBF e a Federação do Estado do Rio. Internamente, há um cansaço na entidade comandada pelo presidente interino coronel Nunes com o excesso de birras do mandatário da Ferj, Rubens Lopes. Há um consenso de que a desgastada entidade tem problemas mais importantes a solucionar do que a interminável briga de vizinhos. Assim, a parceria estaria cada vez mais desgastada depois de outro surto de Rubinho nesta terça-feira, ao falar da agenda da terceira rodada da Primeira Liga.

Em entrevista ao blog Extracampo, da colega Marluci Martins no site do jornal carioca Extra, Rubinho não autorizou a dupla Fla-Flu a jogar pela Sul-Minas-Rio nos próximos dias 9 e 10. “Para mim, a Liga não existe. A autorização para jogos amistosos, por decisão de colegiados, está condicionada à não coincidência com datas ou rodadas do campeonato. Assim sendo, não há como ser autorizada qualquer partida amistosa nas datas pretendidas, face ao início da Taça Guanabara. Segundo ele, os presidentes Eduardo Bandeira de Mello e Peter Siemsen, aliados políticos contra Ferj, estão cientes do posicionamento da entidade. “Como alternativa, foi oferecida a data de 23 de março, para que qualquer filiado queira utilizar para algum amistoso. Isso já foi comunicado a todos os clubes e também à CBF”, finalizou Rubinho.

O blog entrou em contato com a CBF, principalmente na tentativa de dar uma satisfação aos torcedores de Flamengo e Figueirense. A venda de ingressos para o jogo da próxima quarta-feira, às 19h30, pela terceira rodada da Primeira Liga, começou ontem. Ao telefone, um dirigente da entidade demonstrou irritação com o que chamou de lenga-lenga protagonizado por Rubinho. Incomodado, pediu que eu fizesse a pergunta para a Ferj. E resmungou que, se não houver diálogo, a CBF vai tomar as rédeas da queda de braço e tomar uma decisão.

Entrei em contato com o diretor técnico da Ferj, Marcelo Viana. Questionei se haverá rodada do Campeonato Carioca em 9 e 10 de março. A resposta: “Não, apenas uma partida será remanejada para o dia 9”. Perguntei se isso inviabilizaria a terceira rodada da Primeira Liga, ou seja, as partidas do Flamengo e do Fluminense contra Figueirense e Criciúma, respectivamente. “Não sei. A televisão que escolhe a partida”, disse Marcelo Viana.

A Globo ainda não transmitiu nenhuma partida da Copa Sul-Minas-Rio, mas o canal fechado SporTV é detentor dos direitos de transmissão. Consequentemente, é possível que a Globo eleja um jogo do Vasco ou do Botafogo válido pela primeira rodada da Taça Guanabara — desde que nenhum deles enfrente Fla ou Flu — e libere os rebeldes com causa para jogar pela Primeira Liga. Entretanto, Rubinho prefere o confronto. Exige que a dupla Fla-Flu jogue no dia 23, data reservada, na verdade, para as semifinais da Primeira Liga — a decisão será no dia 31.

No Rio, o presidente Eduardo Bandeira de Mello se escorou justamente no jogo da Taça Guanabara que vai ser escolhido pela Globo para assegurar a partida de 9 de março contra o Figueirense. “A Ferj mandou uma carta para a CBF dizendo que não pode autorizar porque existe conflito de datas. Mas como não existe, o jogo Flamengo x Figueirense vai ser dia 9. O da Taça Guanabara vai ser dia 12 ou 13. Não vai ser marcado para o dia 9. A TV tem o direito das duas competições. Vai ter jogo”, assegurou o mandatário rubro-negro.

Nos bastidores, o Flamengo começou uma cruzada por apoio ao direito de mandar a maioria dos seus jogos no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. A diretoria vem negociando com todos os outros 19 clubes da Série A do Campeonato Brasileiro em busca de aprovação para os jogos em Brasília, uma exigência do Regulamento Geral das Competições da CBF. Parceiros da Primeira Liga, como o Internacional, fecharam publicamente com a diretoria rubro-negra.

Um dirigente da CBF disse ao blog que a tabela do Campeonato Brasileiro está em fase de confecção e a entidade tem pressa para decidir os locais das partidas. Há uma ordem para que, na medida do possível, seja evitada a expressão “a definir” no espaço destinado ao local e ao estádio das partidas na versão detalhada que costuma ser publicada depois da divulgação da tabela básica das competições organizadas pela CBF.

A seguir, a nota oficial da Primeira Liga sobre o veto de Rubens Lopes aos jogos da dupla Fla-Flu contra Figueirense e Criciúma, respectivamente.

 

Nota Oficial: Primeira Liga se pronuncia após veto da FERJ

 

Os 15 clubes integrantes da Primeira Liga tomaram conhecimento no dia de ontem sobre a posição da FERJ no sentido de proibir que Flamengo e Fluminense participem dos jogos da Primeira Liga previstos para os dias 9 e 10 de março, jogos estes que já eram de conhecimento público há alguns meses.

É lamentável, inadmissível e irresponsável este novo posicionamento do presidente da FERJ que, mais uma vez, tenta ilegalmente e sorrateiramente criar problemas ao andamento da Primeira Liga.

Convém lembrar que no dia 28 de janeiro de 2016, a CBF, mediante a Resolução da Diretoria nº 02, aprovou a realização dos jogos da Primeira Liga em 2016, nos termos da tabela apresentada. A própria FERJ, no mesmo dia, também mediante resolução, aprovou a participação do Flamengo e Fluminense na competição. 

Portanto, a proibição da realização dos jogos que a FERJ tenta levar adiante se contrapõe diretamente a sua própria posição anterior e, sobretudo, a uma resolução da CBF, a qual a FERJ deveria cumprir à risca. Ao não cumprir uma norma da CBF, a FERJ desobedece uma orientação superior e fica sujeita a punições disciplinares.

É por fatos como este que precisamos de uma mudança urgente na estrutura do futebol nacional. Não é possível conviver com pessoas cujo único objetivo de vida é o poder pelo poder. O futebol brasileiro paga um preço muito caro por pessoas assim.

A Primeira Liga, como entidade legalista que é, continuará firme na defesa de seus princípios e direitos, independentemente dos escusos interesses do Presidente da FERJ.

A programação dos jogos da competição não sofrerá nenhuma mudança.