Há 51 anos, Immaculada Cabecerán batia na porta do gabinete do presidente do Barcelona, Agustí Montal, com uma ideia ousada: a criação de uma versão feminina do time catalão. A rebelde com causa disputou a primeira partida do time em 25 de dezembro de 1970, no Camp Nou. Um jogo beneficente contra o Centelles. O técnico da equipe azul-grená era o histórico ex-goleiro Antoni Ramallets. Ele escalou as pioneiras de uma revolução com: Mínguez; Giménez, Gazulla, Visaseca e Arnau; Jaques, Mayte e Immaculada Cabecerán; Llansà, Estivill e Blanca. Entraram também Lolita, Pérez, Nieto, Ríos e Glõria. Infelizmente, Cabecerán não testemunhou o ápice da briga comprada por ela.
O Barcelona é o primeiro clube europeu a conquistar as versões masculina e feminina da Uefa Champions League. Os homens são pentacampeões (1992, 2006, 2009, 2011 e 2015). As mulheres conquistaram a taça pela primeira vez neste domingo ao humilhar o Chelsea por 4 x 0, no Gamla Ullevi, em Gotemburgo, Suécia, na decisão do torneio continental.
As comandadas de Lluis Cortés eram favoritaças. Amargaram o vice na temporada 2018/19 na derrota por 4 x 1 para o recordista de títulos Lyon, em Budapest. Dois anos depois, o time formado por Paños; Torrejón, Guijarro, Mapi e Leila; Bonmatí, Hamraoui e Alexia; Hansen, Jenni e Mariona entra para a história do futebol europeu e mundial.
Mais que um clube, o Barcelona superou a barreira do preconceito. Para ser ter uma ideia, o arquirrival Real Madrid abriu as portas para o futebol feminino em 2014. Enquanto isso, a trupe azul-grená acumula seis títulos na Liga Espanhola, sete Copas da Rainha, uma Supercopa da Espanha e 10 Copas da Catalunha no portfólio.
Faltava o título continental na coleção. Foram necessárias 56 partidas em nove participações na Champions League para a realização do sonho. A campanha rumo ao título inédito teve triunfos épicos contra Manchester City (quartas), Paris Saint-Germain (semi) e finalmente a decisão contra Chelsea — a partida mais fácil da trajetória.
Jeniffer Hermoso foi uma das artilheiras do torneio, mas, para mim, Aitana Bonmatí Conca é o ícone da conquista. Autora do terceiro gol contra o Chelsea, ela não veste a mítica camisa 14 por acaso. É embaixadora da Fundação Johan Cruyff, Pelé do futebol holandês e um dos maiores de todos os tempos do Barcelona. Garota-propaganda da Nike, Danone e da marca de cereais Kolln, Bonmatí investiu recentemente em uma escola de formação de jogadoras de futebol. Arrasta 175.000 seguidores nas redes sociais somando Twitter e Instagram.
Bonmatí dá chance a quem, como ela, não teve na infância e muito menos na adolescência. Era a única menina interessada em jogar futebol na escola. Enfrentou resistência dos colegas de classe até para trocar figurinhas, mas não abriu mão do sonho. Desembarcou no Barcelona aos 13 anos. Encarava viagens de 100km com transporte público até o clube. O então técnico Xavi Llorens abriu caminho para ela no time principal. Lluis Cortés consolidou.
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