São Paulo, de Crespo, tem semelhanças táticas com o do tri da era Muricy. Foto: SPFC
Há seis anos, Muricy Ramalho era apresentado como técnico do Flamengo. Desembarcou no clube cheio de ideias novas depois de um período de “estágio” no Barcelona. O clube catalão havia acabado de conquistar a tríplice coroa na Europa — Espanhol, Copa do Rei e Liga dos Campeões — sob a batuta de Luis Enrique. Um dos conceitos que ele pretendia aplicar no clube era este: “Hoje você tem o controle de jogo, a famosa posse de bola. E a intensidade. Futebol hoje faz a transição rápida”, defendeu na entrevista coletiva.
Muricy passou cinco meses no Flamengo. Aposentou-se da profissão de técnico para cuidar da saúde. Teve problemas cardíacos. Foi parar na UTI. Virou comentarista, retornou ao esporte neste ano no papel de coordenador técnico do São Paulo e, ao que parece, não desistiu do que aprendeu no período de reciclagem no Barcelona. Alguns atos dele no tricolor indicam isso.
O primeiro é a escolha do técnico. Hernán Crespo oferece a posse de bola do antecessor, Fernando Diniz. É capaz de conciliar controle de jogo e transição rápida. Mesmo limitado, o Defensa y Justicia, campeão inédito da Copa Sul-Americana 2020, tinha um pouco de cada. Conseguia 60,2% de posse de bola em casa, 53,3% fora e 56,7% na média geral. Só não balançou a rede em 8 dos 32 jogos sob o comando do técnico argentino.
O poder de influência de Muricy Ramalho no novo cargo vai além. Ajudou a escolher um treinador adepto da defesa com três zagueiros. O São Paulo tricampeão brasileiro em 2006, 2007 e 2008 era assim. Miranda foi um dos símbolos daquela era. Participou das três conquistas antes de partir rumo ao Atlético de Madrid. Curiosamente, Miranda está de volta justamente no momento em que Hernán Crespo atualiza o sistema 3-5-2 — legado de Muricy.
Outra prova da força de Muricy Ramalho na reconfiguração do São Paulo é o retorno de Milton Cruz. Nos tempos de técnico, ele tinha pelo menos dois homens de confiança em uma era dourada tricolor: Mário Felipe Peres, o Tata, e Milton Cruz. Desta vez, Milton assume o papel de coordenador da base no Centro de Treinamento de Cotia. Na outra passagem, o assistente contribuía com olhos de lince para pinçar jogadores. Enxergou Miranda, por exemplo.
O São Paulo está em um bom caminho. A paralisação do Paulistão pode ajudar Muricy Ramalho e Hernán Crespo a inserir na mente dos jogadores o chip do que pretendem para a temporada. Nada como o respaldo de quem conhece tanto os bastidores do clube.
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