Andrés e Petraglia: do jantar lado a lado em Brasília ao assédio do Corinthians no episódio Tiago Nunes

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Quando o Palmeiras começou a sonhar com Gustavo Scarpa houve gritos de assédio. Virou até um longo processo judicial. O Flamengo sondou Renato Gaúcho. Assédio. Sondou Arrascaeta e Dedé. Mais denúncias de assédio por parte do Cruzeiro. O clube rubro-negro cogitou tirar Bruno Henrique do Santos. A diretoria alvinegra fez bico. Procurou Pedro. Tricolores torceram o nariz para o arquirrival, se mostraram incomodados.

Resumindo: na nova ordem financeira do futebol brasileiro, quando Palmeiras e/ou Flamengo vão ao mercado contratar esse ou aquele técnico ou jogador, é assédio. O enredo da contratação de Tiago Nunes pelo Corinthians, não? Poucos, como o colega Victor Gammaro num bate-papo comigo, colocaram o dedo na ferida.

O Athletico-PR também na nota oficial que pode ser prenúncio de um racha. Em 10 de setembro, cobri um jantar aqui em Brasília dos times interessados no Clube Empresa com o alto escalão da Câmara dos Deputados. Os presidentes do Corinthians, Andres Sanchez, e do Furacão, Mario Celso Petraglia, estavam sentados lado a lado no restaurante português Tejo, na 304 Sul. Degustavam bacalhau e bebiam vinho de qualidade. Riam, cochichavam e debochavam de algumas ideias apresentadas. Inclusive foram na mesma van para o hotel que os hospedava — vizinho ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.

A boa vizinhança entre dois cartolas politicamente rivais — o petista Andres defende “Lula Livre” e Petraglia é cabo eleitoral assumido de Jair Bolsonaro — muda de tom no futebol. O dois cartolas têm algumas pautas em comum. A aproximação incomoda muito a cúpula da CBF. Talvez, o episódio Tiago Nunes tenha azedado a relação. Olha a nota oficial publicada pelo Athletico-PR referindo-se ao Corinthians: “Sempre tivemos muito bom diálogo com sua presidência. Entretanto, neste caso, o Athletico não recebeu nenhum telefonema ou posição das intenções daquele clube. O que prevaleceu foi a força imbatível dos números”, detonou.

“Sempre tivemos muito bom diálogo com sua presidência (Andres Sanchez, do Corinthians). Entretanto, neste caso, o Athletico não recebeu nenhum telefonema ou posição das intenções daquele clube. O que prevaleceu foi a força imbatível dos números”

“Tiago Nunes esqueceu muito rápido que, poucos meses atrás, treinava o time sub-19 do Furacão”

Nota oficial do Clube Athletico Paranaense

Quem milita no futebol sabe que a conversa entre as partes não começou depois da demissão de Fábio Carille no domingo. Muito menos nesta terça-feira, quando o treinador campeão das copas Sul-Americana e do Brasil oficializou a saída do Athletico-PR. Carille estava na corda bamba faz tempo. Portanto, era natural que a diretoria alvinegra se movimentasse em busca de uma alternativa em meio à pressão da torcida.

Tiago Nunes tinha contrato até 8 de dezembro. Correto, queria cumpri-lo até o fim. Porém, não suportou a tentação de assumir o Sport Club Corinthians Paulista em 2020 ou no próximo domingo se ele mudar de ideia. Afinal, o Corinthians tem chance de classificação para a Libertadores. O Furacão teria apresentado oferta de renovação ao treinador, mas ele recusou.

O contra-ataque do Athletico-PR foi impiedoso com um técnico tão querido pela torcida rubro-negra. “Tiago Nunes esqueceu muito rápido que, poucos meses atrás, treinava o time sub-19 do Furacão”, atacou a nota oficial, provavelmente apimentada pelo presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia. O texto sem assinatura acusa o golpe, denuncia  assédio por parte do Corinthians. Muita gente considera que não por se tratar de negócios, proposta de mudança de emprego. Talvez por se tratar do Corinthians. Mas repito o que escrevi lá no início: se os protagonistas da oferta a Tiago Nunes fossem Flamengo e/ou Palmeiras…

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Marcos Paulo Lima

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