Pela primeira vez em 59 edições, a Libertadores foi decidida por clubes da mesma cidade — os vizinhos e arquirrivais Boca Juniors e River Plate. Três metrópoles brasileiras podem se dar ao luxo de sonhar em repetir o feito na temporada de 2019: Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre. Mas as bolinhas do sorteio desta segunda-feira, em Luque, no Paraguai, não colaboraram tanto.
Imagina uma final entre São Paulo e Palmeiras — jogo único no Estádio Nacional do Chile, em Santiago. O tricolor precisa avançar na fase preliminar para ter acesso a uma chave delicada contra River Plate, Internacional e Alianza Lima. Sufoco, amigo. O Palmeiras também tem uma chave encardida contra San Lorenzo, Junior Barranquilla e Melgar, Universidad de Chile, Delfín, Nacional do Paraguai ou Caracas.
Pense num Gre-Nal decidindo o título da Libertadores! Além de o Internacional avançar no grupo mais forte do torneio contra o River Plate e, quem sabe, o São Paulo, o colorado teria de torcer para o arquirrival passar por Universidad Católica, Rosario Central e um terceiro adversário — Libertad, Deportivo La Guaira, Real Garcilaso, Atlético Nacional ou um boliviano.
E um Atlético-MG x Cruzeiro em Santiago, valendo o maior título do continente? É possível, desde que o time celeste vá bem no grupo fácil em que caiu, e o Galo sobreviva na fase preliminar e tenha acesso aos grupos. Exercício de futurologia à parte, aí vai uma pequena análise do sorteio.
» Grupo A
River Plate-ARG
Internacional
Alianza Lima-PER
Palestino-CHI, Independiente Medellín-COL, Talleres-ARG ou São Paulo
As bolinhas podem ter marcado alguns encontros interessantes. D’Alessandro, por exemplo, contra o River Plate. Vale lembrar que o Inter chegou a emprestá-lo ao clube argentino em 2017. Se o São Paulo passar pela fase eliminatória, um dos adversários será Lucas Pratto, vendido aos millonarios pelo tricolor no início deste ano. Tem tudo para ser o grupo mais pilhado da Libertadores, com três campeões continentais, sendo que um deles pode conquistar o Mundial de Clubes da Fifa neste mês. O Alianza Lima chegou às semifinais duas vezes, em 1976 e em 1978. Palestino, Independiente Medellín e Talleres são os concorrentes do São Paulo. O time do Morumbi tem trauma recente dos argentinos. Foi eliminado por Defensa y Justicia e Colón, ambos na Copa Sul-Americana.
» Grupo B
Cruzeiro
Emelec-EQU
Huracán-ARG
Deportivo Lara-VEN
Como diz a música do padre Marcelo Rossi, a torcida do Cruzeiro pode erguer as mãos e dar glória a Deus. O rival com mais tradição é o Emelec, do Equador, semifinalista da Libertadores da América em 1995. O Cruzeiro enfrentou o Emelec na edição de 2001. Venceu no Mineirão e empatou fora. O Emelec chega ao torneio como vice-campeão nacional. O Huracán está na festa como quarto colocado da edição passada do Campeonato Argentino. É comandado pelo competente técnico Gustavo Alfaro. O Deportivo Lara é o atual vice-campeão nacional. Jamais passou da fase de grupos na Libertadores e da primeira fase na Sul-Americana.
» Grupo C
Olimpia-PAR
Sporting Cristal-PER
Godoy Cruz-ARG
Universidad de Concepción-CHI
Bom sorteio para o Olimpia. Tricampeão da Libertadores e vice em quatro edições, o atual campeão paraguaio terá pela frente adversários modestos. O Sporting Cristal foi finalista em 1997 contra o Cruzeiro. O Godoy Cruz caiu na primeira fase nas edições de 2011 e de 2012 e nas oitavas de final em 2017 contra o Grêmio. O Universidad de Concepción é aquele time horroroso eliminado pelo Vasco na fase preliminar deste ano. Evoluiu e foi vice do Chilenão.
» Grupo D
Peñarol-URU
Flamengo
LDU-EQU
Royal Pari-BOL ou San José-BOL
Parece um grupo acessível para o Flamengo. O Peñarol é uma camisa tradicional. Despachou o rubro-negro na Libertadores de 1982, é pentacampeão continental, finalista em 2011 contra o Santos, de Neymar e tri mundial. Entrou no torneio como vencedor do Campeonato Uruguaio. A camisa entorta varal, mas o time atual, não. O técnico Luis Diego López tem boas e más lembranças do futebol brasileiro. Ganhou a Copa América de 1995 em cima da Seleção do Zagallo e perdeu a de 1999 para a esquadra de Vanderlei Luxemburgo. Em tese, o drama rubro-negro será a altitude. Campeão da Libertadores em 2008 e da Sul-Americana em 2009, a LDU manda jogos em Quito. O último integrante da chave será Royal Pari (sem altitude) ou San José, de Oruro (com altitude). A definição será nesta quarta-feira.
» Grupo E
Nacional-URU
Cerro Porteño-PAR
Zamora-VEM
Danubio-URU, Atlético-MG, Barcelona-EQU, Defensor-URU ou Bolívia 4
Atlético-MG, Danubio, Barcelona, Defensor e um representante boliviano disputarão a última vaga desta chave. O sobrevivente não terá vida fácil. O cabeça de chave é o atual vice-campeão uruguaio, Nacional, tricampeão da Libertadores e do Mundial. O Cerro Porteño é liderado por um técnico ousado. Fernando Jubero gosta de jogar bonito. Em 2015, surpreendeu ao levar o Guarani, do Paraguai, às semifinais. No caminho, eliminou o Corinthians. O Zamora desembarca no grupo como campeão nacional. Em quatro participações, o clube jamais foi além da fase de grupos. Portanto, não causa arrepios.
» Grupo F
Palmeiras
San Lorenzo-ARG
Junior Barranquilla-COL
Melgar-PER, Universidad de Chile-CHI, Delfín-QUE, Nacional-PAR ou Caracas-VEN
Miguel Borja deu um azar danado. Tirou a bolinha do Junior Barranquilla, time do coração dele, para enfrentar o Palmeiras. De novo, diga-se de passagem. O colombiano fez até gols contra o adversário nesta edição do torneio. Não é uma chave tranquila. O San Lorenzo não é mais aquele campeão da Libertadores em 2014, Ficou em terceiro na edição passada do Campeonato Argentino. Entretanto, é comando pelo técnico Jorge Almirón. Lembra dele? Levou o Lanús à final contra o Grêmio em 2017. Vem fazendo belo trabalho. O último representante pode ser Melgar, Universidad de Chile, Delfín, Nacional do Paraguai ou Caracas.
» Grupo G
Boca Juniors-ARG
Athletico-PAR
Jorge Wilstermann-BOL
Deportes Tolima-COL
O atual vice-campeão da Libertadores e o campeão da Copa Sul-Americana estão juntos. O grande barato dessa chave serão os jogos em duas arenas que pulsam: La Bombonera e a Arena da Baixada. O Jorge Wilstermann, da Bolívia, chegou às semifinais em 1981 e manda jogos em Cochabamba, com altitude de 2.560m. De qualquer forma, bem menos do que os 3.600m de La Paz. O Deportes Tolima conquistou o Apertura da Colômbia. As melhores lembranças do time são as semifinais, em 1982, e a fama de ter eliminado o Corinthians, de Ronaldo “Fenômeno”, Roberto Carlos e do técnico Tite, na fase preliminar de 2010.
» Grupo H
Grêmio
Universidad Católica-CHI
Rosario Central-ARG
Bolívia 3, Libertad-PAR, Deportivo La Guaira-VEN, Garcilaso-PER ou Atlético Nacional-COL
O Grêmio retomará a caça ao tetra em uma chave tão difícil quanto a do arquirrival Inter. Comandado por Edgardo Bauza, ex-São Paulo, seleção da Argentina e campeão da Libertadores por LDU (2008) e San Lorenzo (2014), o Rosario Central conquistou a Copa Argentina na temporada 2017/2018. O centroavante Marco Rúben e o meia paraguaio Néstor Ortigoza vão dar trabalho. A Universidad Católica acaba de faturar o Campeonato Chileno. O meia argentino Buonanotte e o atacante Fuenzalida são os caras do time. O técnico no título foi o espanhol Beñat San José, mas a tendência é que ele não permaneça no clube. Na pior das hipóteses, o quarto elemento do grupo pode ser o Libertad, do Paraguai, ou o Atlético Nacional, da Colômbia. Campeão em 2016, o time é comandado pelo brasileiro Paulo Autuori.
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