Análise, história, curiosidades e palpites pós-sorteio da Uefa Champions League 2021/2022

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A Liga dos Campeões tinha uma tradição de deixar o melhor para a final em jogo único. De uns tempos para cá, o torneio tem sofrido com um dos males deste século: a ansiedade. As bolinhas do sorteio colaboram cada vez mais com o desejo para ontem do que se quer.

Adversários nas semifinais da temporada passada, Manchester City e Paris Saint-Germain, por exemplo, vão se enfrentar em duas partidas no Grupo A. Protagonistas da decisão na temporada 2008/2009, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo costumavam duelar no mata-mata. Se o Manchester City contratar o português, ele enfrentará o argentino na fase de grupos.

Liverpool e Milan disputaram o título da Liga dos Campeões em 2005 e em 2007. O sorteio também colocou os dois gigantes no Grupo B nesta edição. Arrisca um deles ficar pelo caminho na chave. Porto e Atlético de Madrid têm camisas pesadas na história do torneio.

Internazaionel e Real Madrid na mesma é tão desperdício quanto Bayern de Munique e Barcelona no E; e Chelsea e Juventus no H. Tudo bem, são as regras do sorteio. Mas até o acaso pisa na bola de vez em quando. Há dois grupos bem xarope na Liga das Campeões, repetido o que vem acontecendo, também, na Libertadores e na Copa do Mundo.

Um regulamento mais sisudo e menos boa praça evitaria, por exemplo, um Grupo C com Sporting, Borussia Dortmund, Ajax e Besiktas; e o pouco interessante G de Lille (França), Sevilla, Red Bull Salzburg e Wolfsburg. A seguir, a análise, história e os papites do blog. O tradicional Guia da Uefa Champions League do Drible de Corpo fica para depois do fechamento da janela de transferências. Toco y me voy!

» GRUPO A
Manchester City (Inglaterra)
Paris Saint-Germain (França)
Red Bull Leipzig (Alemanha)
Brugge (Bélgica)

O investimento pesado dos Emirados Árabes Unidos e do Catar no Manchester City e no PSG chamam mais atenção do que a tradição dos clubes. Escrevi em 2020 aqui no blog sobre guerra de ostentações entre os dois países do Oriente Médio. Em outros tempos, seria considerada uma chave fraca, quase desprezível. Hoje, anuncia duelo entre o timaço de Pep Guardiola, atual campeão inglês e vice europeu, contra o atual vice do Francês ex-vice-continental em 2020. Sim, a trupe de Messsi, Neymar e, talvez, de Mbappé, chega ao torneio como vice da Ligue 1.

Os próximos capítulos da janela de transferência podem colocar o jogador eleito cinco vezes melhor do mundo Cristiano Ronaldo no Manchester City. Nesse caso, o sarrafo da chave ficaria ainda mais elebado com duelos entre CR7 e Messi, Neymar, Mgappé, Sergio Ramos, Donnarumma e companhia.

Bancado pela multinacional austríaca de bebida energética Red Bull, o Leipzig merece respeito. Foi semifinalista do torneio em 2020. No entanto, o clube perdeu seu maior trunfo: Julen Naggelsmann foi para o Bayern. A revolução do futebol belga passa pelas divisões de base de cubes como o Brugge. Portanto, recomenda-se prestar atenção.

Palpite do blog: Paris Saint-Germain e Manchester City
Liga Europa: Red Bull Leipzig


» GRUPO B
Atlético de Madrid (Espanha)
Liverpool (Inglaterra)
Porto (Portugal)
Milan (Itália)

Se você tem tara por grupo da morte, eu particularmente detesto essa expressão, essa é a chave mais equilibrada da Liga dos Campeões. Dos quatro, três ostentam o título europeu: Liverpool, Porto e Milan. Não por isso o Atlético de Madrid deve ser desprezado. O clube espanhol foi finalista do torneio três vezes, duas delas sob o comando do obcecado Diego Simeone. Curioso para assistir duelos entre grandes treinadores. Diego Simeone, Jurgen Klopp, Sergio Conceição e Stefano Pioli prometem bons duelos e ensinamentos táticos.

Curioso para ver o retorno do Milan ao torneio continental. O clube italiano não participava da competição desde a temporada 2013/2014. Finalistas da competição em 2005 e em 2007, Milan e Liverpool se reencontrarão em dois jogos na fase de grupos.

Palpite do blog: Liverpool e Milan
Liga Europa: Atlético de Madrid


» GRUPO C
Sporting (Portugal)
Borussia Dortmund (Alemanha)
Ajax (Holanda)
Besiktas (Turquia)

O grupo mais insosso da Liga dos Campeões é a chave mais indicada para observar talentos da nova geração. O Sporting tem um time praticamente fabricado em casa sob a batuta de um baita treinador, o excelente Rúben Amorim. O Borussia Dortmund tem na pista o baita centroavante Haaland e o campeão olímpico brasiliense Reinier para ficar apenas nos dois. O Ajax é sempre uma fábrica inesgotável de talentos holandês e outros importados. Estão lá, por exemplo, os pontas brasileiros Antony e David Neres. Ambos devem arriscam perder espaço para o experiente Steven Berghuis, recém-contratado pelo time holandês. Besiktas divide com o Sporting a má fama de clubes participantes. Jamais chegaram à final. O Ajax é tetracampeão continental e o Borussia Dortmund faturou a Orelhuda em 1997.

Palpite do blog: Borussia Dortmund e Sporting
Liga Europa: Ajax


» GRUPO D
Internazionale (Itália)
Real Madrid (Espanha)
Shakhtar Donetsk (Ucrânia)
Sheriff (Moldávia)

Sim, o raio cai duas vezes no mesmo lugar. As bolinhas conseguiram colocar Internazionale, Real Madrid e Shakhtar Donetsk novamente na mesma chave. O trio se enfrentou na temporada passada. A única mudança em relação ao torneio passado é o estreante Sheriff. O clube italiano tem o peso de três títulos contra 13 do recordista Real Madrid. De volta ao Real Madrid, o técnico Carlo Ancelotti, ex-Milan, reviverá os tempos de clássico italiano contra a Inter no Estádio Giuseppe Meazza. Antonio Conte deixou a Inter, que agora é comandada por Simone Inzaghi.

A transferência de Lukaku para o Chelsea tirou o brilho do que poderia ser um duelo entre dois dos maiores centroavantes do mundo na atualidade. Benzema baterá de frente, agora, com o excelente bósnio Dzeko. Se a sua opção for torcer por clubes repletos de brasileiros, siga o Shakhtar Donetsk sabendo que é candidatíssimo a brigar por uma vaga para a Liga Europa. Por falar nisso, os duelos entre Shakhtar e Sheriff dizem muito sobre a geopolítica da antiga União Soviética.

Palpite do blog: Real Madrid e Internazionale
Liga Europa: Shakhtar Donetsk


» GRUPO E
Bayern de Munique (Alemanha)
Barcelona (Espanha)
Benfica (Portugal)
Dínamo de Kiev (Ucrânia)

Se você é devoto de Jorge Jesus, aqui está o ex-técnico do Flamengo em uma chave difícil, mas não impossível para ele. Explico: é a primeira temporada do Barcelona sem Lionel Messi. A pressão será enorme no Camp Nou. Se o time foi eliminado nas oitavas com Messi na temporada passada, não é exagero que pode ficar pelo caminho na fase de grupos sem ele nesta versão. Bom para Jesus neste caso. A menos que o Bayern perca Lewandowski no fim da janela de transferências, o clube alemão é o favoritaço da chave. Barcelona e Benfica concorrem pela segunda vaga do grupo. Detalhe: o Ronald Koeman, técnico do Barça, comandou o Benfica na temporada 2005/2006. Fez uma série dura contra o Barcelona  de Ronaldinho Gaúcho nas quartas de final. Comandado pelo romeno Mircea Lucescu, o Dínamo de Kiev alcançou no máximo as quartas de final. O time foi base da seleção da Ucrânia na última Eurocopa. Emplacou 10 jogadores no time que chegou às quartas de final.

Palpite: Bayern de Munique e Barcelona
Liga Europa: Benfica


» GRUPO F
Villarreal (Espanha)
Manchester United (Inglaterra)
Atalanta (Itália)
Young Boys (Suíça)

Tenho gostado bastante do Manchester United neste início de temporada. Dá pinta de que tentará reviver os bons tempos. A chave dará aos Diabos Vermelhos a chance de se vingar do Villarreal. O time espanhol derrotou o inglês na decisão da Liga Eurocopa na temporada passada. Dos quatro times da chave, o meu predileto é a Atalanta. Deu um trabalho danado na temporada de 2020 e vendeu caro a eliminação nas oitavas de final da temporada anterior contra o Real Madrid. Rei da Liga Europa, o técnico Unai Emery precisa subir de patamar na Liga dos Campeões. Na prática, isso implica dizer que ele precisa levar o time espanhol no mínimo ao resultado da histórica temporada de 2006, quando o time liderado pelo meia Riquelme chegou às semifinais e foi desbancado pelo Arsenal.

Palpite: Manchester United e Atalanta
Liga Europa: Villarreal


» GRUPO G
Lille (França)
Sevilla (Espanha)
Red Bull Salzburg (Áustria)
Wolfsburg (Alemanha)

É o grupo mais Frankenstein da Liga dos Campeões da Europa. O Lille desembarca da Liga dos Campeões com a fama de ter quebrado a hegemonia do Paris Saint-Germain no Campeonato Francês. Há um problema: o cube perdeu o técnico Crhistophe Galtier. A prancheta está nas mãos de Jocelyn Gourvennec. O Sevilla tem um time consolidado e afinado com as ideias do excelente técnico Julen Lopetegui, ex-Espanha e Real Madrid. Na minha visão, tem tudo para ser o campeão simbólico da chave. O Wolfsburg retorna à fase de grupos depois de cinco temporadas. O time chegou às quartas de final na última participação. Bruno Henrique, atacante do Flamengo, jogava lá e foi eliminado pelo Real.

O Red Bull Salzburg é mais um braço da multinacional de bebida energética no torneio. Bem mais fraco do que o Leipzig, mas com possibilidade maior de brigar por vaga às oitavas. Campeão austríaco, o técnico Jesse Marsch deve estar arrependido da promoção ao Leipzig. A vida seria menos difícil no Salzburg na Liga dos Campeões. No A, terá pela frente Manchester City e Paris Saint-Germain.

Palpite: Sevilla e Lille
Liga Europa: Wolfsburg


» GRUPO H
Chelsea (Inglaterra)
Juventus (Itália)
Zenit São Petersburgo (Rússia)
Malmo (Suécia)

Dois dos maiores especialistas do mundo na utilização de linhas defensivas com três zagueiros prometem boas aulas sobre o sistema da moda na Europa. Atual campeão, o Chelsea, de Thomas Tuchel, conquistou o título na temporada passada usando o 3-5-2 e suas variáveis. A Juventus também fez sucesso no passado com esse modelo alienativo sob a batuta de Massimiliano Allegri, que prefere o 4-2-3-1 do vice da Juventus em 2015. O Zenit São Petersburgo tem agora dois heróis do bicampeonato do Brasil nos Jogos Olímpicos. Uniu Malcom e Claudinho. Anfitrião da final em 28 de maio, o time deve se contentar em jogar três partidas no palco da decisão. Passará longe dela. O Malmo foi protagonista da final de 1978/1979 contra o inglês Nottingham Forest, em Munique. Tempos que não voltarão mais na vida do histórico clube sueco.

Palpite: Chelsea e Juventus
Liga Europa: Zenit São Petersburgo

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Marcos Paulo Lima

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