O Santos está de volta à primeira divisão do Campeonato Brasileiro como deve ser: no campo, sem virada de mesa, abertura de champanhe ou salto maior do que as pernas de uma série para a outra aproveitando-se do caos instalado no futebol nacional de tempos que não voltam mais.
Doeu, causou comoção, mas não pesou o fato de ser o time do Rei Pelé. Aparentemente, o jeitinho brasileiro de beneficiar um rebaixado com a permanência na elite acabou e os castigos causados por más campanhas na Série A são cumpridos na Série B. Esse é disparado o maior avanço do principal esporte do país neste século.
O triunfo por 2 x 0 contra o Coritiba é a vitória da resistência diante da pressão insana. Tentaram, mais de uma vez, derrubar o competente Fábio Carille. O técnico suportou bravamente depois de levar o Santos ao honroso vice no Campeonato Paulista contra o Palmeiras. Tem a conquista do título inédito na Série B do Brasileirão encaminhado.
Não será vergonhoso receber o troféu. O Peixe tinha apenas duas chances de título neste ano e está diante da oportunidade de ganhar um. Perdeu o outro para o timaço de Abel Ferreira. Portanto, é questão de tempo para se juntar a Corinthians, Palmeiras, Cruzeiro, Atlético-MG, Grêmio, Botafogo e Vasco na lista dos gigantes campeões da A e da B.
O Santos subiu porque tem um presidente experiente. Marcelo Teixeira voltou com uma bomba-relógio na mão e desativou o explosivo mais de uma vez nesta temporada. Paralelamente, traça um futuro promissor com ou sem a repatriação do ídolo Neymar. A trajetória do cartola no Santos é marcada pela montagem de times fortes nem sempre dentro da realidade financeira do Alvinegro Praiano. A gestão do futebol mudou e ele sabe.
O purgatório do Santos serve de lição para quem insiste em modelos administrativos velhos esperando resultados diferentes. O Santos acumula 52 jogos nesta temporada: 16 no Paulistão e 36 na Série B. O clube não participou da Copa do Brasil, Sul-Americano ou Libertadores e perdeu receitas longe da Série A em 2024. Sobrevive graças justamente ao bolso de Marcelo Teixeira no pagamento de dívidas para amortizar vácuos financeiros.
O dirigente cobriu o prejuízo de uma temporada, mas dificilmente conseguirá novamente na próxima. Abre-se uma discussão sobre uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). O time de Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé, à venda.
Ironicamente, hoje, é mais fácil o ídolo alvinegro Neymar comprar o Santos do que o inverso. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos depois da conclusão da Série B do Campeonato Brasileiro.
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