Advogada de R10 na batalha contra o Fla, Gislaine Nunes festeja acordo, fala em “aposentadoria” e diz que sua maior vitória é Juninho Pernambucano

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Conhecida como advogada dos jogadores de futebol, Gislaine Nunes acaba de vencer mais uma batalha jurídica. Não da maneira que esperava, mas venceu. Famosa por ter dado carta de alforria a vários boleiros, entre eles, Fábio, Juninho Paulista, Juninho Pernambucano e Júnior Baiano, todos em ações contra o Vasco, Gislaine Nunes ajudou o cliente Ronaldinho Gaúcho a se livrar do Flamengo e pediu uma indenização de R$ 55 milhões. Um acordo na última quarta-feira bateu o martelo por R$ 17 milhões. No bate-papo a seguir com o blog, ela considera o valor bom depois de quatro anos de novela, mas não considera o Caso R10 sua maior vitória.

Prestes a deixar o Direito Desportivo para se dedicar um pouquinho mais ao cargo de presidente da Liga Paulista, Gislaine Nunes diz que Juninho Pernambucano, sim, é o seu maior troféu. Motivo: o triunfo foi sobre um dos maiores desafetos, Eurico Miranda. Com o caso R10 encerrado, a batalha, ela tem mais tempo para outra queda de braço. Gislaine Nunes representa o ex-jogador Deivid, hoje técnico do Cruzeiro, em uma ação contra o Coritiba.

MPL – A senhora representou o Ronaldinho Gaúcho na batalha judicial contra o Flamengo. Está satisfeita com acordo entre as partes?
Gislaine Nunes — Nem eu sabia que seria feito tão rápido. Foi muito rápido porque o Ronaldo tem muitos compromissos. A gente só anuiu no acordo, não fui nem eu que fui fazer a homologação do acordo. O doutor Sergio Queiroz que esteve lá na audiência de homologação do acordo, mas, graças a Deus, está tudo certo, é o que está na ata publicada pela 9ª Vara.

MPL – A senhora pedia uma indenização de R$ 55 milhões. Ficou por R$ 17 milhões. Ainda assim pode ser considerada a sua maior vitória jurídica?
Gislaine Nunes — Não. A minha grande vitória seria se tivessem deixado sair a sentença. Infelizmente, ele não quis esperar, ele e o irmão aceitaram o acordo do Flamengo. Mas não foram valores ruins como todo mundo viu e está publicado.

MPL – Qual foi a sua participação no Caso Ronaldinho Gaúcho?
Gislaine Nunes — E sou remunerada por ele (Ronaldinho), mas quem fez o acordo foi o doutor Sérgio Queiroz, que é o advogado da família do Ronaldo. A mim, coube fazer o processo trabalhista, liberar o atleta e lutar por ele até o dia deste acordo. Por isso, nos seremos remunerados por ele, claro, mas o doutor Sergio Queiroz é quem esteve lá, fez o acordo e tudo correu bem.

MPL – A senhora está satisfeita com o desfecho?
Gislaine Nunes — Se o jogador está contente, contente ficaremos também.

MPL – Se o Ronaldinho Gaúcho não é a sua grande vitória, qual foi?
Gislaine Nunes — Eu digo sempre que foi Juninho Pernambucano. Até pelo meu adversário na época, Eurico Miranda. Foi um grande adversário, foi um mandatário que era difícil a luta contra ele, defendia o Vasco como se fosse a própria vida. Eu era uma jovem advogada, sozinha, não existia ninguém comigo, apenas um estagiário, e esta, sim, foi a grande vitória, onde tudo começou ali no Rio de Janeiro.

MPL – Foi muito arriscado?
Gislaine Nunes — A luta foi muito árdua. Em relação a isso, houve uma perseguição muito grande dos torcedores lá, enfim, mas o Juninho Pernambucano foi a minha grande vitória.

MPL – Supera até o Caso Luizão?
Gislaine Nunes — A despeito do Luizão ter sido o primeiro caso no Brasil de direito de imagem, do reconhecimento da imagem como direito de remuneração, a tese foi esplendorosa. Mas, a do Luizão, pra mim, ainda não foi o grande caso. O Juninho Pernambucano ainda continua, o caso inaugural, digamos assim.

MPL – A senhora fez escola?
Gislaine Nunes — Pelos escritórios afora de direito desportivo, jovens advogados copiam as minhas peças e advogados meus me contam: olha, doutora, uma peça muito parecida com a sua, copiaram e colaram. Aí eu digo: “Não tem problema, meu filho, quem cria não tem nada copiado, o que eu crio hoje, amanhã já é velho e eu todos os dias estou criando novas teses por menor que seja o atleta. O que me apaixona é a tese, é o trabalho dentro do direito desportivo.

MPL – O Caso Ronaldinho Gaúcho pode ter sido um dos últimos da sua carreira?
Gislaine Nunes — Eu acredito que o meu ciclo está terminando dentro do direito desportivo. Hoje, eu sou presidente da Liga de Futebol Paulista. Ela vai ter o seu lugar dentro do futebol. Estamos com vários clubes inscritos, estreamos no dia 13 de maio e estamos aí na luta. Eu acredito que o ciclo de Gislaine Nunes dentro do direito desportivo está chegando ao fim.

Marcos Paulo Lima

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Marcos Paulo Lima

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