Adaptação à velocidade da bola é trunfo de Tite para quebrar tabu de 33 anos em Quito

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A comissão técnica da Seleção informou na última segunda-feira na Barra da Tijuca (RJ), na convocação para a sétima e a oitava rodadas das Eliminatórias para a Copa da Rússia-2018, que o elenco vai se apresentar em Quito para o duelo do próximo dia 1º de setembro contra o Equador. O técnico Tite e seus colaboradores sabem que a estreia após a demissão de Dunga é de altíssimo risco por três motivos: o sexto lugar na classificação — hoje o Brasil estaria fora do Mundial — o péssimo retrospecto do Brasil na capital equatoriana e a altitude. A decisão de começar os treinos a 2.780m acima do nível médio do mar tem como principal intenção adaptar os jogadores o mais rápido possível à velocidade da bola.

O Brasil jogou quatro partidas oficiais em Quito contra o Equador. Venceu apenas um, em 1983, pelas Copa América, sob o comando de Carlos Alberto Parreira. Nos outros três, todos pelas Eliminatórias, perdeu duas vezes por 1 x 0 sob as batutas de Emerson Leão e de Dunga, e empatou uma por 1 x 1, novamente liderado por Carlos Alberto Parreira. É um trailer de que viveremos um drama na estreia de Tite à frente da Seleção. Daí a necessidade de começar a vencer a partida dois dias antes, iniciando o trabalho justamente na casa do adversário e não no Brasil. Para retornar à zona de classificação ou fechar as próximas rodadas no mínimo em quinto (repescagem), é fundamental vencer o Equador, em Quito, e e a Colômbia na sequência, em Manaus.

Em entrevista ao canal da CBF no YouTube, o preparador físico da Seleção, Fábio, Mahseredjian, deixa claro que os jogadores vão se apresentar direto em Quito muito mais por razões técnicas do que físicas. “As altas altitudes são consideradas a partir de 3.000m. Quito está 2.780m acima do nível médio do mar. Por que a nossa opção de nos apresentarmos direto lá? Para que o atleta se adapte rapidamente à velocidade da bola. Quanto mais você sobe, menor a densidade do ar”, esclarece o homem de confiança de Tite.

Fábio, Mahseredjian continua: “Você tem perda física? Tem, principalmente em relação à sua potência aeróbia. Não há como diminuir essa perda física, mesmo que seja em três ou quatro dias. A perda física vai acontecer. Agora, por que não irmos antes e utilizarmos o aspecto de estarmos expostos a essa altitude para ter uma adaptação técnica mais rápido? Porque a perda física vai acontecer e não tem como minimizá-la”, crava.

O preparador físico também fala sobre os efeitos da altitude do corpo dos atletas. “Na hora que ele pisa e é exposto a altitude ele começa a hiperventilar, a respiração já fica ofegante. A partir daí, é desencadeada uma série de ajustes respiratórios e ventilatórios. Isso vai acontecer de qualquer forma. Quando você chega na hora do jogo, esses efeitos demoram a serem sentidos. Quando você chega e fica mais tempo, sente um pouco mais. Só que, a essa altitude, o que o jogador vai sentir? Uma dor de cabeça que vai incomodar um pouco. Se ele vai a La Paz, que é 3.600m, sente dor de cabeça, náusea, ânsia de vômito, sangramento de nariz, aí, nós aconselhamos chegar na hora do jogo. Se nós fossemos pra lá disputar uma maratona, uma prova de 10.000m rasos, aí eu aconselharia a ir com um mês de antecedência. Em Quito, que não é tão alto assim, com 20 dias de antecedência”, pondera.

Se quiser quebrar o tabu de 33 anos sem vitória sobre o Equador em Quito, o Brasil terá de usar muito mais a técnica do que o físico em Quito. “Como futebol é um esporte acíclico, de alternância de ritmo, eu acredito que a potência ou a capacidade aeróbia não vai ser a principal qualidade física a ser utilizada nessa partida. A perda vai acontecer no que diz respeito a potência aeróbia, mas há um ganho na adaptação à velocidade da bola”, reforça.

Retrospecto do Brasil na altitude de Quito
14/02/1981 – Equador 0 x 6 Brasil (Amistoso)
17/08/1983 – Equador 0 x 1 Brasil (Copa América)
28/03/2001 – Equador 1 x 0 Brasil (Eliminatórias Copa 2002)
17/11/2004 – Equador 1 x 0 Brasil (Eliminatórias Copa 2006)
29/03/2009 – Equador 1 x 1 Brasil (Eliminatórias Copa 2010)

Marcos Paulo Lima

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