Acostumado a sofrer nas oitavas de final, Flamengo sai melhor que a encomenda contra o Tolima

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Mudar o maquinista com o bonde andando tem preço. Viciado em demitir o técnico da fase de grupos e iniciar o mata-mata sob a batuta de outro profissional, o Flamengo não poderia esperar um resultado diferente do que muito sofrimento contra o Deportes Tolima. Sucessor de Abel Braga em 2019, Jorge Jesus perdeu para o Emelec por 2 x 0 na ida das oitavas, em Guayaquil. Substituto de Domènec Torrent, Rogério Ceni arrancou 1 x 1 com o Racing, na Argentina. Herdeiro de Ceni, Renato Gaúcho superou o Defensa y Justicia no sufoco. O triunfo a fórceps do estepe de Paulo Sousa seguiu o roteiro de angústia nesta quarta-feira.

A estreia do Flamengo nas oitavas de final deste ano da Libertadores sob o comando de Dorival Júnior lembrou a de Renato Gaúcho contra o Defensa y Justicia na edição do ano passado: desfalcado e mal escalado nas duas ocasiões, o time rubro-negro teve mais sorte do que juízo e contou com protagonistas improváveis: Michael, na Argentina, e a Família Pereira nesta quarta-feira contra o Deportes Tolima, em Ibagué, na Colômbia. Há outras coincidências. Em 2021, Diego Alves saiu de campo como um dos melhores. Dessa vez, o recém-chegado Santos assumiu o papel de milagreiro. Resta saber se o clube carioca repetirá o roteiro da versão passada e caminhará rumo à terceira final em quatro anos edições, em 29 de outubro, no Monumental, em Guayaquil, no Equador.

O resultado do jogo de ida agrada os rubro-negros. A vitória por 1 x 0 dá o benefício do empate na próxima quarta-feira, no Maracanã. O desempenho não entusiasma. Sendo sincero, o Flamengo não apresentou futebol para retornar ao Brasil em vantagem. Portanto, é arriscado afirmar que a vaga está encaminhada. Basta recordar o seguinte: o Tolima derrotou o Atlético-MG por 2 x 1 na última rodada da fase de grupos, em Belo Horizonte.

Dorival Júnior tinha muitos desfalques. Oito baixas causadas por lesões, suspensões e o surto de covid-19. Entre eles, Diego Alves, Rodrigo Caio, Willian Arão e João Gomes. Apesar dos problemas em série, havia opções melhores do que Diego no papel de volante e Filipe Luís na defesa. Não acho o lateral-esquerdo descartável a essa altura da carreira. Vejo a possibilidade de reinventá-lo no meio de campo.

O técnico errou, mas também acertou ao apostar em Rodinei — destaque do primeiro tempo —, e na Família Pereira. Léo e Andreas dividiram o protagonismo com o goleiro Santos. O zagueiro interceptou até pensamento na melhor exibição com a camisa rubro-negra. O volante marcou o golaço da vitória. Se não permanecer, fará falta ao sistema projetado por Dorival Júnior. A Família Pereira é marcada no clube. Andreas pela falha cometida contra o Palmeiras na decisão da Libertadores. Léo por causa do erro no primeiro jogo da decisão do Campeonato Carioca deste ano contra o Fluminense.

A atuação do goleiro Santos devolve a tranquilidade aos torcedores. Sim, ele vacilou em uma saída de bola, mas foi providencial em pelo menos quatro intervenções providenciais. Amenizou a crise provocada pelas exibições irregulares do jovem Hugo Souza e do experiente Diego Alves. O Flamengo buscou Santos no Athletico-PR para assumir a trave e definitivamente marcou território com a exibição segura contra o Tolima.

O triunfo em Ibagué é importantíssimo, óbvio, mas Dorival Júnior retorna ao país com mais problemas do que solução. Quem assumirá o papel de Andreas Pereira? David Luiz tem vaga cativa na zaga? Pondero que ele não costuma atuar bem na direita da defesa e até por isso pode ter sido prejudicado. Thiago Maia entra e sai do time, mas continua sem dizer a que veio depois das juras de amor ao clube. Gabriel Barbosa e Everton Ribeiro merecem a “intocabilidade” nesse momento ou é melhor abrir mão de um deles para para finalmente inserir o centroavante Pedro na panelinha? Não é um quebra-cabeça fácil de montar.

Em reconstrução depois da troca de Paulo Sousa por Dorival Júnior, o Flamengo é paciente de uma terapia que ensina a viver um jogo de cada vez. O time precisa retomar contra o Santos, na Vila Belmiro, o distanciamento da zona de rebaixamento e a sonhada escalada rumo ao G-4. Paralelamente, conseguiu se manter vivo em dois jogos de ida de mata-mata disputados fora de casa contra Atlético-MG e Tolima na Copa do Brasil e Libertadores, respectivamente. Em meio a isso tudo, é preciso acelerar a evolução do trabalho.

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Marcos Paulo Lima

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