Coluna publicada na edição desta segunda (21/9/2015) do Correio
Não faz tanto tempo assim. Era 25 de novembro de 2012. Há três anos, uma contusão do lateral-direito brasileiro Daniel Alves, durante a partida do Barcelona contra o Levante pelo Campeonato Espanhol tornava-se, sem querer querendo, um recado do clube catalão ao planeta da bola: ainda é possível escalar um time inteirinho — do goleiro ao ponta-esquerda — formado por jogadores pratas da casa. O então técnico Tito Vilanova colocou o canterano Montoya no lugar de Daniel Alves e a trupe azul-grená passou a ter 11 jogadores formados nas divisões de base, com Valdés; Montoya, Puyol, Piqué e Alba; Xavi, Busquets e Iniesta; Pedro, Messi e Fàbregas. A goleada por 4 x 0 é o que menos importa. O Barcelona goleou e fez o seu comercial.
Três anos depois, La Masía, a badalada fábrica de craques do Barcelona, vive um momento adverso. Depois de colocar no mercado nomes fora de série, como Messi, Xavi e Iniesta, a divisão de base vive um momento de recessão. O técnico Luis Enrique olha para o banco de reservas e não enxerga um moleque à altura de Xavi. O ídolo aposentou-se e foi se aventurar no Catar. Por isso você tem ouvido falar que o clube está louquinho para tirar o camisa 10 Philippe Coutinho do Liverpool. A reposição de estoque é de má qualidade.
Quando o problema não é o baixo nível dos candidatos a substituto, a insatisfação afasta quem sempre vestiu a camisa do Barcelona do clube. É o caso de Pedro. Vendido por 27 milhões de euros para o Chelsea, o atacante cansou de ser o coadjuvante no trio MSN formado por Messi, Suárez e Neymar. Para ser exato, Pedro estava de saco cheio de ser o reserva de Neymar. Ele sabe que não é talentoso como o brasileiro, mas se considerava muito mais importante taticamente ao time do que o ex-menino da Vila.
A ausência de Pedro é um sintoma grave de algo quase imperceptível — o êxodo de La Masía. Na temporada de 2013/2014, o Barcelona tinha no elenco 17 jogadores formados no clube. Oito deles eram titulares. Duas temporadas depois, a redução assusta. São 11 canteranos no elenco de Luis Enrique e apenas cinco são intocáveis no onze inicial: Piqué, Alba, Busquets, Iniesta e Messi. Acontece que eles já eram titulares. Ou seja, o trabalho de renovação emperrou. Ao menos por enquanto, a administração do presidente Josep Maria Bartomeu caminha muito mais para imitar a política de gastança do Real Madrid do que na tentativa de manter-se fiel à base.
A discreta mudança de conceito fez com que La Masía reforçasse concorrentes europeus. O Chelsea conta com Pedro. O Bayern de Munique levou Thiago Alcântara. Montoya desistiu de ser reserva de Daniel Alves e, às vezes, até de Douglas, e se mandou para a Internazionale. Tello está emprestado ao Porto. Antes, Fábregas escolheu retornar ao futebol inglês para defender o Chelsea.
Em vez de repetir aquele 25 de novembro de 2012, quando Tito Vilanova plantou a semente de um time 100% formado em casa, o Barça dá passos atrás. A ordem, agora, é vender as pratas da casa que não servem e reinvestir o dinheiro na compra de medalhões como Neymar e Suárez, que chegam para resolver. Só com as vendas de Fàbregas, Bojan, Jonathan dos Santos, Sanabria, Tello, Deulofeu, Montoya, Adama e Pedro, o clube embolsou 90 milhões de euros. Como Piqué, Alba, Busquets, Iniesta e Messi não são para sempre, o êxodo de La Masía indica que há, sim, uma crise de abastecimento.
Barcelona
O time 100% formado em casa escalado em 2012
Valdés Montoya, Puyol, Piqué e Alba Xavi, Busquets e Iniesta Pedro, Messi e Fàbregas Técnico: Tito Vilanova (4-3-3)
A qualidade…
Quando precisou escalar 11 pratas da casa em um jogo oficial, o Barcelona goleou o Levante por 4 x 0 no Campeonato Espanhol. Lionel Messi comandou o show com dois gols, Iniesta fez um e Fàbregas o outro.
… Não é mais a mesma
O Barcelona da temporada de 2015/2016 ainda não necessitou escalar todos os pratas da casa que tem à disposição recorrer, mas sabe que, quando precisar recorrer aos canteranos, não terá altíssimo nível.
Barcelona
Um time 100% formado em casa se Luis Enrique precisar em 2015
Masip Piqué, Bartra e Alba Rafinha, Busquets, Sergi Roberto e Iniesta Munir el Haddadi, Messi e Sandro Ramírez
Técnico: Luis Enrique (4-4-2)
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