A parábola dos talentos e o desempenho dos três astros do Paris Saint-Germain na Copa do Mundo

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Era uma vez, um emir do Catar dono de um dos clubes mais badalados do mundo. Coincidentemente, o Paris Saint-Germain. Ele sairia de viagem e confiou-lhes os seus bens. A um, deu 500 moedas de ouro, ao segundo 200 e ao terceiro, 100. A cada um de acordo com a sua capacidade. Depois disso, partiu em retirada.

O que havia recebido 500 saiu imediatamente, aplicou e ganhou mais 500. Também o que tinha 200 ganhou mais 200. O que havia assumido 100 saiu, cavou um buraco e escondeu o dinheiro do patrão.

Depois de muito tempo, o dono voltou da viagem e chamou os três para a prestação de contas. “O senhor me deu 500 moedas. Veja: aqui estão mais quinhentas que consegui”, disse o primeiro. “Muito bem, colaborador bom e fiel. Venha festejar comigo”, elogiou. O segundo também duplicou as 200 moedas e recebeu o mesmo convite para celebrar com o poderoso chefão.

Chegou a vez do terceiro funcionário. “Eu sei que o senhor é um homem duro, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou. Fiquei com medo e por isso escondi o seu dinheiro na terra. Aqui está o seu dinheiro”, devolveu. Em seguida, foi duramente repreendido. “Empregado mau e preguiçoso. Você deveria ter depositado o meu dinheiro no banco. Quando eu voltasse, o receberia com juros”, resmungou, ordenando um castigo.

A parábola dos talentos, como o texto é chamado na Bíblia,pode ser adaptado aos três funcionários do Qatar Sports Investments (QSI), dono do Paris Saint-Germain. Lionel Messi, o mais talentoso, se reapresentará ao clube francês campeão da Copa do Mundo e Bola de Ouro do torneio. Fez sete gols e finalmente ergueu a taça com a braçadeira de capitão.

Mbappé retornará aborrecido com Messi, porém mais valorizado. É o artilheiro da Copa com oito gols. Igualou o desempenho de Ronaldo em 2002: oito gols. Fez hat-trick em uma final. Com 12 gols em duas participações em Copas, está a um do recorde francês do compatriota Just Fontaine (13) e a quatro da marca do alemão Miroslav Klose (16).

Neymar é o funcionário do PSG que escondeu o talento. Aos 30 anos, fez a parte dele no golaço contra a Croácia na prorrogação, mas outra vez deixou a competição sem ser notado. Desvalorizado. Clubes de ponta costumam ter hierarquia. O brasileiro desembarcou no PSG como jogador mais caro da história: 222 milhões de euros. Hoje, é o único dos três medalhões sem o título mundial no currículo.

O camisa 10 não sabe se continuará na Seleção. O discurso ainda é vai não vai. Retornará ao clube parisiense em baixa. Mimado e extremamente competitivo, Mbappé mal cumprimentou Messi pelo título inédito. Assim como o gênio nascido em Rosário, conquistou uma Copa em 2018. Neymar não deslancha no PSG nem na Seleção. Precisa cuidar da cabeça e dos pés no retorno ao trabalho. Vai ser pesado encarar dois campeões mundiais em patamares superiores ao dele.

Há uma nova ordem no PSG e no futebol. Em vez de Neymar, Mbappé sai da Copa como candidato natural a protagonista nos próximos anos no vácuo que será deixado por Messi e Cristiano Ronaldo.  A exibição na decisão começou discreta, mas do segundo tempo em diante, ele comeu a bola. Converteu um pênalti no tempo regulamentar, outro no tempo extra e na primeira batida da França nos pênaltis em um duelo à parte com Messi. Ambos converteram. A vida de Neymar — sem Mundial — não será nada fácil no PSG.

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Marcos Paulo Lima

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