Fernando Diniz está abraçado com o 4-2-4 na Seleção Brasileira. Direito dele. Quem o escolheu para o chamado período de transição até a aguardada chegada de Carlo Ancelotti deveria, no mínimo, conhecer os sistemas táticos prediletos do treinador compartilhado com o Fluminense.
A crítica ao quarteto ofensivo usado por Diniz não pode ser leviana e muito menos incoerente. Outros treinadores da Seleção fizeram o mesmo no passado recente, com algumas variações, e não foram tão questionados como Diniz tem sido na sequência de maus resultados: empate com a Venezuela (1 x 1) e derrotas para Uruguai (2 x 0) e a Colômbia (2 x 1).
Carlos Alberto Parreira usou quarteto na Copa do Mundo de 2006. Havia uma celebração da fusão entre Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano. Na prática, não havia meia. Kaká e Ronaldinho jamais foram Gomes de criação. Todos eram atacantes. Emerson ou Gilberto Silva e Zé Roberto se desdobravam para dar suporte ao quadrado mágico.
Pressionado durante o torneio, Parreira abriu mão de Adriano nas quartas de final para atender ao clamor da época: reforçar o meio de campo. Parreira renunciou à convicção, colocou Juninho Pernambucano no lugar no Imperador e foi eliminado pela França, por 1 x 0. Zidane, um meia de verdade, acabou com o jogo.
Luiz Felipe Scolari tinha um quarteto menos badalado na Copa do Mundo de 2014. Hulk, Oscar, Neymar e Fred levaram o Brasil ao título da Copa das Confederações contra a Espanha com vitória por 3 x 0, no Maracanã. Virou quase unanimidade que tínhamos um time, principalmente um quarteto ofensivo para representar o país em casa na caça ao hexa. Luiz Gustavo e Paulinho formavam o par de volantes atrás dos quatro.
A experiência mais recente com quartetos veio da prancheta do Tite. Do meio para a frente, o Brasil agredia os adversários com Neymar, que nunca foi meia, Vinicius Junior e Raphinha abertos nas pontas e Richarlison no papel de centroavante. Quatro atacantes. Lucas Paquetá sacrificava-se como auxiliar de Casemiro na marcação e na construção. Mesmo assim, havia equilíbrio no sistema de jogo. Exatamente o que falta ao Brasil do Diniz.
O atual técnico assumiu a Seleção com uma ideia fixa na cabeça e insiste no que acredita. Havia um quarteto na estreia contra a Bolívia: Neymar, Rodrygo, Raphinha e Richarlison. Atrás deles, Casemiro e Bruno Guimarães. Diniz mudou nomes por necessidade, mas não o projeto para a Seleção. Contra a Argentina, usará Rodrygo, Gabriel Martinelli, Gabriel Jesus e Raphinha, com André e Bruno Guimarães na retaguarda. É o mesmo desenho das cinco exibições anteriores.
Portanto, a questão não é o quarteto ofensivo. É como a Seleção vai se comportar na recomposição, de que forma ocupará os espaços quando a Argentina tiver a bola. Definitivamente não pode ser como aconteceu na derrota para a Colômbia, sob pena de o Brasil ser castigado pelos atuais campeões do mundo, no Maracanã. É preciso jogar com o equilíbrio da França, quando Didier Deschamps reorganizou o time no 4-2-4, saiu do 0 x 2 para o 2 x 2 na etapa final e levou heroicamente a decisão da Copa do Mundo de 2022 para a prorrogação e os pênaltis.
Lembram? A França encurralou a Argentina do meio para a frente com quatro jovens atacantes: Kylian Mbappé, Kingsley Coman, Randal Kolo Muani e Marcus Thuram. Atrás deles, apenas Rabiot e Tchouaméni, e o volante Camavinga no papel de lateral-esquerdo no lugar de Theo Hernández. Assim, a França incomodou a Argentina e pode inspirar o Brasil a fazer o mesmo com Rodrygo, Gabriel Martinelli, Gabriel Jesus e Raphinha. Alta velocidade contra uma defesa lenta. O antídoto de Scaloni pode ser surpreender com quatro cães de guarda no meio de campo: De Paul, Paredes, Mac Allister e Enzo Fernández é uma dupla de ataque formada por Messi e Julián Álvarez. Fez isso na semifinal da Copa contra a Croácia e triunfou por 3 x 0. Diniz tem um plano, mas que abra os olhos. A Argentina é camaleão.
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