A crise da camisa 9: Neymar é artilheiro isolado da temporada da Seleção pela sexta vez em nove anos

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Richarlison é o maior achado pós-Copa de Tite para uma posição que insiste em fechar a temporada expondo a carência de um camisa 9. A última vez que um centroavante raiz foi o artilheiro isolado da Seleção Brasileira no ano faz uma década. Especialista na posição, Luis Fabiano marcou 11 gols em 2009. Neymar termina 2018 como goleador verde-amarelo com sete bolas na rede — duas na Copa do Mundo da Rússia e cinco em amistosos. Philippe Coutinho é o segundo com cinco.

A “Neymardependência” continua assustadora. O craque estreou em 2010 na Seleção principal. De lá para cá, foi o artilheiro do ano seis vezes. Só não conseguiu em 2010 (Robinho), 2016 (Gabriel Jesus e Philippe Coutinho) e em 2017 (Paulinho). A carência de um centroavante decisivo começou lá atrás, na Copa da África do Sul, em 2010. Quando mais se esperava do Fabuloso, Robinho, um jogador de lado do campo, ou ponta no futebolês das antigas, encerrou a temporada com seis gols.

Chega ao fim o ano em que o dono da camisa 9 na Copa do Mundo não fez gol. Gabriel Jesus continua inseguro na posição. Roberto Firmino brilha no Liverpool, mas precisa se firmar como titular na Seleção. Richarlison dá pinta de que chegou para colocar os dois, ou um deles, no banco na Copa América do ano que vem. São três gols em seis jogos. Dois contra El Salvador e o desta terça-feira na vitória sobre Camarões. Exatamente a mesma quantidade dos badalados concorrentes Gabriel Jesus e Firmino neste ano. Embora nenhum deles seja centroavante raiz, há um empate na disputa pela posição de falso nove. Dor de cabeça para as férias de Tite.

O técnico esperava terminar ressaca pós-Copa com um centroavante engatilhado. A esperança era Pedro, do Fluminense. No entanto, a joia tricolor passou por cirurgia depois de romper os ligamentos do joelho direito naquela partida contra o Cruzeiro pelo Campeonato Brasileiro. Gabriel Barbosa deve confirmar a artilharia da Série A. Esteve na primeira lista da era Tite depois da conquista da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Porém, é uma incógnita. Impossível cravar que manterá a regularidade no primeiro semestre.

Richarlison começou a temporada europeia sendo decisivo vestindo a camisa pesada do Everton, com seis gols em 11 jogos. Nos amistosos do Brasil, marcou um gol de perna direita contra El Salvador, outro de canhota no mesmo confronto e um de cabeça diante de Camarões. O repertório tático também é variado. Pode atuar na função de Neymar, ou seja, aberto na esquerda, espetado na direita ou como falso nove. Portanto, oferece o perfil exigido pelo futebol moderno. “O lado que o professor Tite achar melhor eu vou, estou aqui para ajudar a Seleção e sair vitorioso”, disse Richarlison ao SporTV depois da vitória sobre Camarões.

O novo trunfo de Tite é um jogador reciclado de uma geração que deixou a Seleção Brasileira fora do Mundial Sub-20 de 2017. Richarlison não deve ser o único. Como escrevi aqui no blog em 27 de agosto, quando ele foi convocado para substituir o lesionado Pedro, Lucas Paquetá era o camisa 10 daquele time de Rogério Micale, quinto colocado no hexagonal final do Sul-Americano Sub-20. Outros jogadores daquele elenco podem ser resgatados. São os casos de David Neres e Douglas Luiz, por exemplo. Como Richarlison vem provando, basta não tratar o fracasso como terra arrasada.

Artilheiros do ano da Seleção no século 21
2018: Neymar (7)
2017: Paulinho (5)
2016: Gabriel Jesus e Philippe Coutinho (5)
2015: Neymar (4)
2014: Neymar (15)
2013: Neymar (10)
2012: Neymar (9)
2011: Neymar (7)
2010: Robinho (6)
2009: Luis Fabiano (11)
2008: Luis Fabiano (6)
2007: Robinho (7)
2006: Kaká e Ronaldo (5)
2005: Adriano (9)
2004: Adriano (9)
2003: Kaká (5)
2002: Ronaldo (11)
2001: Edílson (4)

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Marcos Paulo Lima

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