A bipolaridade e as síndromes do Vasco em noite de recaída e eliminação precoce na Copa do Brasil

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A lição da eliminação precoce do Vasco na primeira fase da Copa do Brasil é dura, mas precisa ser assimilada: o time não pode ser bipolar. Apresentar um comportamento nos clássicos, principalmente diante do maior rival Flamengo, e outro em partidas decisivas contra adversários de menor investimento como o ABC-RN — algoz cruzmaltino na segunda fase da Copa do Brasil.

A bipolaridade não é a única justificativa para o vexame, em São Januário. Há outros sintomas. O Vasco da Era SAF precisa se libertar da Síndrome de Eurico Miranda. O ex-presidente pregava que o Clássico dos Milhões é um campeonato à parte. Do ponto de vista motivacional funciona. no sentido prático, não. O triunfo por 1 x 0 na penúltima rodada da Taça Guanabara, por exemplo, foi uma espécie de Vitória de Pirro — referência ao êxito do exército do rei Pirro depois de superar os romanos na Batalha de Heracleia, em 280 a.C. Eles ganharam, mas o desfecho custou caríssimo do confronto causou prejuízos irreparáveis.

O técnico Mauricio Barbieri admitiu que a sequência de jogos decisivos minou a energia do Vasco. O time dele enfrentou o Flamengo duas vezes em oito dias. Entre os dois clássicos, era obrigado a derrotar o Bangu na última rodada da Taça Guanabara para avançar às semifinais. Embora tenha contratado mais de uma dezena de reforços, o elenco ainda é muito limitado para competir em mais de uma frente. Com o revés por 6 x 5 nos pênaltis contra o ABC depois do empate sem gols no tempo regulamentar, restam o Campeonato Carioca e 38 jogos da Série A.

Por falar no retorno à elite, o Vasco teve uma recaída em São Januário. Sofreu da Síndrome de Série B. A exibição desinteressada ou no mínimo displicente lembrou algumas daquelas exibições modorrentas do tempo em que o clube empilhou partidas na segunda divisão. Foi assim também, por exemplo, na derrota para o Volta Redonda na quinta rodada do Estadual.

Além da terapia coletiva para se curar das síndromes de Eurico e da Série B, o Vasco precisa tratar alguns casos pontuais. O centroavante Pedro Raul necessita de uma sessão do descarrego a fim de exorcizar todos os traumas dele em cobranças de pênalti. O camisa 9 teve o match point nos pés e bateu inspirado em Roberto Baggio. Mandou a bola nas alturas e desestruturou os companheiros obrigados a chutar na disputa das cobranças alternadas. Luca Orellano errou.

Quem define a eliminação como vexame, talvez não se recorde de um algoz potiguar bem mais simbólico. Em 2005, o Baraúnas-RN, de Cícero Ramalho, despachou o Vasco da Copa do Brasil por 3 x 0 dentro de São Januário. Sim, o ABC elimina o time carioca pela segunda vez, mas nenhum dos dois feitos se equipara ao do modestíssimo Baraúnas. Mensurável é o dano causado. Na melhor das hipóteses, ou seja, considerando uma virada diante do Flamengo na semifinal, o time só teria mais 40 jogos no restante da temporada: os dois da decisão do Carioca além de outros 38 no Campeonato Brasileiro considerando os dois turnos. Um prejuízo técnico e financeiro altíssimo para os cofres e a sala de troféus de um gigante em reconstrução.

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Marcos Paulo Lima

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