Há 10 anos, Mano Menezes e Ney Franco movimentava o noticiário da Seleção Brasileira. Com a demissão de Dunga após a Copa da África do Sul, os dois receberam do então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a missão de liderar o processo de renovação para o Mundial do Brasil, em 2014. Mano na esquadra principal. Ney Franco nas divisões de base. Ambos são os protagonistas do noticiário desta terça-feira. Um acaba de assumir o Bahia, 12º colocado na Série A e classificado para a segunda fase da Copa Sul-Americana. O outro fechou com o Cruzeiro, eliminado de tudo no ano e ameaçado de cair para a Série C.
Mano Menezes teve altos e baixos na Seleção. Foi eliminado pelo Paraguai nos pênaltis nas quartas de final da Copa América — todos os jogadores do Brasil erraram as cobranças — e conquistou dois títulos simbólicos do Superclássico das Américas, um duelo à parte com a Argentina disputado com jogadores em atividade no país. Superou o rival em 2011 e 2012.
Paralelamente, Ney Franco tocava as divisões de base com títulos. Comandou a geração de Neymar na conquista do Sul-Americano Sub-20 de 2011, no Peru. Campanha irretocável. No mesmo ano, brindou o Brasil com a conquista do Mundial Sub-20, na Colômbia. Não tinha Neymar, mas montou um time solidário com Danilo, Alex Sandro, Casemiro, Oscar e Philippe Coutinho. Superou Portugal na decisão do título com três gols de Oscar.
O trabalho da dupla desafinou nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Há quem diga que Ney Franco esperava comandar a Seleção na Inglaterra. Afinal, vinha tocando o processo da base. Mais do que conquistar títulos, ele fazia o trabalho de amadurecimento dos jovens talentos antes de entregá-los a Mano Menezes. Tinha tudo para funcionar bem.
Entretanto, Mano Menezes puxou para si a responsabilidade de comadar o Brasil nas Olimpíadas. Esteve a um jogo de brindar o país com a inédita medalha de ouro à frente de um timaço (no papel) que tinha Thiago Silva, Marcelo, Lucas, Oscar, Neymar, Hulk, Danilo, Alex Sandro, Paulo Henrique Ganso, Alexandre Pato, Leandro Damião. Porém, perdeu a decisão para o México e voltou frustrado com a medalha de prata.
A CBF começava ali o processo de fritura de Mano. O restante da história você conhece. Fortalecidos após a renúncia de Ricardo Teixeira, os vices José Maria Marín e Marco Polo Del Nero demitiram Mano Menezes e apostaram em Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira na Copa de 2014. Antes, Ney Franco havia deixado a base pelo São Paulo.
Nesta segunda-feira, Mano Menezes e Ney Franco ganharam manchetes no mesmo dia. O ex-técnico da Seleção Brasileira assumiu o Bahia. Herda a prancheta de Roger Machado, demitido após a derrota por 5 x 3 para o Flamengo na semana passada. A vida de Mano pós-amarelinha tem quatro títulos: o bicampeonato da Copa do Brasil (2017 e 2018) e o bi do Campeonato Mineiro (2018 e 2019). Estava desempregado há 13 meses, desde a derrota para o Internacional no jogo de ida contra o Internacional pelas semifinais da Copa do Brasil.
Copeiro, Mano assume o Bahia com a missão de levar o time ao título da Sul-Americana. O tricolor eliminou o Nacional na primeira fase e aguarda o sorteio para conhecer o adversários na próxima etapa. No Brasileirão, Mano tentará levar a equipe à melhor classificação possível. Quase impossível sonhar com a reedição dos títulos de 1959 e 1988.
Ney Franco conquistou apenas um título depois da passagem pela Seleção. Brindou o São Paulo com a Copa Sul-Americana em 2012. A tarefa do profissional que começou justamente na base do Cruzeiro é bem mais complicada do que a de Mano. Resgatar a Raposa da segunda divisão e devolvê-la à elite no ano de centenário. Ney Franco é bom nisso. Foi campeão da Série B à frente do Coritiba em 2010.
Mano Menezes e Ney Franco são as provas de que o mundo do futebol dá muitas voltas.
Boa sorte aos dois.
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