Nos bastidores do Congresso, ouvia-se desde o início do ano que “Se a Lava Jato não pegar o Romero Jucá, ele será o melhor ministro do presidente Michel Temer”. Jucá é considerado um avião para trabalhar. Dedicado, rápido de raciocínio, inteligente, capaz de buscar __ e encontrar __ o consenso nos assuntos mais delicados e muito bem assessorado. Não por acaso, todos os últimos presidentes recorreram a ele. Jucá tem sido um dos melhores auxiliares de todos os governos. Porém, as gravações publicadas hoje na reportagem de Rubens Valente, da Folha, deixam uma margem muito pequena para o presidente em exercício, Michel Temer, recorrer a qualquer saída que não seja entregar a cabeça de Jucá.
Temer está num momento de mostrar a que veio. Não pode correr o risco de deixar transparecer que ele ou seus ministros planejam estancar a Lava Jato, hoje símbolo do combate à corrupção no Brasil. Ao dizer que tem acesso a ministros do STF, e mencionar algo como deixar a Lava Jato apenas “onde está”, Jucá soa querer parar a investigação. E, as explicações que deu ao jornal, venhamos e convenhamos, ainda deixam a desejar.
Quando Dilma assumiu o governo, em 2011, dizia-se que “se Antônio Palocci não se enroscasse em mais nada, será o melhor ministro da Casa Civil que um presidente poderá ter”. Não durou seis meses, abalroado por denúncias.
Jucá, se não tiver explicações melhores para os diálogos com Sérgio Macahdo, o ex-presidene da Transpetro, corre o risco de ter o mesmo fim de outros tantos políticos que ascenderam a cargos-chaves na administração pública. É pena.