Da mesma forma que as denúncias envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobravam sempre para os auxiliares dele, a acusação que Joesley Batista faz ao presidente Michel Temer terminará no colo do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Até aqui, todas as conversas reservadas no Planalto indicam que se Loures fez algo errado deve responder e que o presidente não teve qualquer participação. E a aposta geral é de que, do jeito que Rocha Loures é ligado a Temer, é bem capaz de aceitar ser rifado em nome do projeto de governo do partido. Falta combinar com Rocha Loures, que ainda não disse se aceitará ficar com o desgaste. O momento de incertezas sobre o futuro do mandato de Michel Temer não passou.
TSE, a próxima fronteira
Diante das denúncias de Joesley Batista, ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que planejavam votar pela separação da chapa Dilma-Temer por causa da conjuntura econômica do país começam a rever essa avaliação. Afinal, se a economia voltar a piorar muito por causa da atual crise, há quem diga que o melhor será cassar a chapa.
Segura tucano
Com o pronunciamento incisivo do presidente Michel Temer ontem, o governo começou a trabalhar no sentido de segurar os ministros, em especial, os do PSDB. A avaliação do Planalto é que, se o presidente conseguir demonstrar alguma capacidade de comando na equipe — e, obviamente, mantiver a base aliada —, ainda haverá esperança de continuidade no cargo.
Segura partidos
O ministro da Indústria e do Comércio, Marcos Pereira (PRB), prometeu, inclusive, uma carta de apoio ao presidente. Quem está com dificuldades de atender ao pedido de permanência na equipe de Michel Temer é o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho (PSB-PE). O presidente do PSB, Carlos Siqueira, conforme antecipou o blog no site do Correio Braziliense, deu ao pernambucano um ultimato
para deixar o governo.
Base em teste
Não é mais a reforma da Previdência, e sim a sobrevivência do presidente Michel Temer que servirá de teste para a fidelidade dos partidos da base aliada do governo.
A visão de cada um
Enquanto a oposição baterá o pé pela renúncia, os aliados consideram que o presidente tem, sim, um espaço de defesa. Isso porque, nos áudios, o presidente mais ouve do que fala e, na parte relativa ao que seria a concordância com a compra do silêncio, não está tão claro que seria isso, pelo menos, sob a ótica do Planalto.
O sucessor I/ Políticos passaram horas ontem citando nomes que poderiam substituir Michel Temer numa eleição indireta. O nome da hora é o do advogado Nelson Jobim (foto), ministro da Defesa no governo Lula, da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Constituição de 1988.
O sucessor II/ Amigos de Michel Temer diziam ontem à boca pequena que a boataria da renúncia foi criação do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, “sonhando com mais um ano de presidência da República”.
O sucessor III/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vem sendo tratado pelos deputados do DEM como “o especialista” em… Mandato tampão. Ele é o primeiro na linha de sucessão da Presidência da República.
Por falar em Rodrigo…/
O que mais incomodou os parlamentares foi o fato de o senador Aécio Neves diminuir alguns aliados na conversa com Joesley, em especial, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. Soou um sentimento de superioridade do próprio Aécio em relação aos dois. Pegou mal.