Integrantes do PMDB do Rio de Janeiro apostam que o parecer de Sergio Zveiter será no sentido de deixar a conclusão para juízo de cada deputado, sem mencionar claramente se deve haver arquivamento ou autorização para que prossiga a investigação contra o presidente. E, sabe como é, se com a letra da lei a interpretação dos juízes, invariavelmente, é divergente, imagine num parecer sem direcionar a decisão a tomar. Essa era uma das brechas desenhadas ontem e que dava a Michel Temer mais esperanças de se salvar, apesar de todos os movimentos de setores do PSDB e do DEM em sentido contrário.
O que não é de César
Nesse período de análise da denúncia contra Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça, os aliados de Rodrigo Maia aproveitam para tentar acalmar o mercado sobre uma possível influência do ex-prefeito do Rio César Maia na economia. “O pai de Rodrigo não vai apitar”, dizem, em alto e bom som, lembrando que a equipe econômica não muda. Até porque, se aprovada a investigação, Michel Temer será “presidente afastado”, por seis meses, para responder o processo. Portanto, a equipe não sofrerá alteração.
Marido da sogra é parente
A coluna publicou ontem, com exclusividade, que aliados de Rodrigo Maia carregam cópia da Súmula Vinculante 13, do STF, como argumento para provar que o deputado trocará a turma palaciana se assumir a Presidência da República. Pois bem. Ontem, Rodrigo afirmava que Wellington Moreira Franco não era seu “sogro” e sim casado com a sogra. Ocorre que a “súmula do nepotismo”, como é conhecida a 13, veda também a nomeação de parente por “afinidade”. Dizem os parlamentares especialistas em direito constitucional que é justamente esse o caso em questão.
Ponto de corte, visão tucana
A votação da reforma trabalhista no Senado é considerada a data-limite da parceria do PSDB com o governo do presidente Michel Temer. Se ele não tiver condições de mostrar capacidade para tocar as outras reformas — e uma parcela dos tucanos considera que não tem —, o partido deixará o governo.
Ponto de corte, visão governo
A seus mais fiéis escudeiros, o presidente Michel Temer tem dito que mantém o PSDB no governo porque os ministros têm ajudado nas reformas e, com a trabalhista prestes a ser votada, não há meios de criar mais agitação na base. Porém, a pressão para que o presidente troque logo os tucanos cresce por hora.
A bronca da presidente
A nova presidente do PT, Gleisi Hoffmann, mandou o seguinte recado aos integrantes do partido: não tem nada que negociar a troca de Michel Temer por Rodrigo Maia. “Isso é seis por meia dúzia”, tem dito a petista em todas as conversas. Ela está disposta a manter o partido no viés de esquerda, sem concessões.
CURTIDAS
No cravo…/ Os aliados do presidente Michel Temer viram como um gesto de lealdade a declaração de Rodrigo Maia sobre não ter recesso antes de a Casa decidir o futuro de Temer.
… Na ferradura/ Chamou, porém, a atenção o fato de o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) ter sido o único numa reunião da base aliada a defender que a Comissão de Constituição e Justiça deveria ouvir Rodrigo Janot antes de decidir se autoriza ou não o prosseguimento da investigação contra o presidente Michel Temer.
Por falar em Maia…/ Como já foi dito aqui, Rodrigo Maia tem que acender uma vela para Eduardo Cunha: não fosse a insistência do então presidente da Câmara em fazer de André Moura líder do governo no início da gestão Temer, Rodrigo não seria hoje presidente da Casa, com viés de alta para presidente da República. E agora tudo acontece, de novo, por causa da possível delação de Eduardo Cunha.
… E o Imbassahy, hein?/ Nos idos de novembro de 2016, o plano era fazer de Antonio Imbassahy (PSDB-BA) presidente da Câmara. Maia se articulou para ficar no cargo e venceu. Resta a Imbassahy (foto), hoje ministro da Secretaria de Governo, lembrar aos netos, conforme dizia ontem um senador: “Vocês estão com o vovô que quase foi presidente da República”.