Blog da Denise publicado em 10 de janeiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
A ausência de representantes de peso de partidos aliados no evento do 8 de janeiro foi vista como um sinal das dificuldades que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá para montar uma base política sólida no Congresso, ainda que feche uma reforma ministerial neste mês. Os partidos a quem o PT deu suporte para comandar a Câmara dos Deputados, nesta legislatura, estão para lá de divididos. No caso do PP, embora Arthur Lira (AL) tenha ajudado o governo, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), não se cansa de dizer que, em 2026, estará na oposição. No caso do Republicanos, o presidente do partido e vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP), foi cobrado a manter distância do Palácio do Planalto pela ala oposicionista.
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Além desses dois partidos, o fato de o PT ter dispensado o apoio a Antonio Brito (BA), do PSD, e a Elmar Nascimento (BA), do União Brasil, para presidir a Câmara, deixou as duas bancadas em modo de espera. Se não forem contempladas numa reforma ministerial, Lula dificilmente terá a metade dessas bancadas alinhadas ao governo. E ainda tem a guerra das emendas para temperar a relação do Palácio do Planalto com essas agremiações. A partir de fevereiro, a temperatura vai subir.
Sem refresco
O PT e seus aliados não terão sequer uma vice-presidência no Legislativo. Tanto a da Câmara quanto a do Senado caberão ao PL de Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto. O Congresso assume, assim, seu perfil de centro-direita.
Operações da Rota e o CNMP
O ex-ouvidor da Polícia no Estado de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, questiona o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) sobre o comportamento do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que arquivou 17 inquéritos relacionados às operações Escudo e Verão, deflagradas em 2023 e 2024, que resultaram em mais de 28 mortos em comunidades pobres da Baixada Santista.
Reclamações via advogado
Segundo o ex-ouvidor, há nas investigações relatos de desrespeito a protocolos de procedimento da PM em ambas as operações, dispensa de laudos de local e outras arbitrariedades. A Ouvidoria foi impedida de acompanhar as investigações, com aval do MP à época, entre outras irregularidades. O ofício foi encaminhado na forma de pedido de esclarecimento ao procurador-geral da República, Paulo Gonet, pelo escritório de advocacia Portela, Alves e Silva.
Pedreira para a esquerda
Coordenador de análise política da BMJ Consultores Associados, Lucas Fernandes alerta que a tendência para as próximas eleições presidenciais brasileiras é um fortalecimento das candidaturas alinhadas a pautas conservadoras e nacionalistas. “Essa nova onda global da direita, impulsionada com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, certamente baterá aqui”, avalia.
CURTIDAS
Federações e fusões/ A contar pela disposição dos partidos, a ideia de compor federações começará a cair em desuso. Há uma avaliação de que esse “casamento aberto”, com cada um dos líderes cuidando da sua bancada, só favorece os micros. Para os partidos maiores, ou se promove uma fusão ou nada.
Vamos por partes/ O MDB, por exemplo, não quer se federar com ninguém. Se for para se juntar a alguém, será na forma de uma fusão com o PSDB e o Cidadania. Mas, primeiro, esses dois partidos terão que definir como fica a federação que montaram para as eleições de 2022.
O que vem por aí/ Especialistas estão debruçados sobre o texto da reforma tributária aprovado em dezembro pelo Congresso. O professor de direito da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, Rodolfo Tamanaha (foto), por exemplo, acredita que “a simplificação dos tributos não significará menos complexidade”. Para ele, um dos pontos positivos foi a criação de regimes específicos, como planos de saúde e bares e restaurantes. “Gera previsibilidade para esses setores, que têm particularidades e, por isso, poderiam ter dificuldades em seguir as regras gerais”, explicou.