A contar o que revela a pesquisa Datafolha divulgada nesse domingo, a população começa a deixar de lado a campanha pró-impeachment. Uma das razões, reveladas na próxima pesquisa, é que 58% dos brasileiros consideram que um governo Michel Temer seria igual ou pior ao que aí está. A olhar pelo cenário atual e a disposição dos atores, o mundo da política só volta a girar com força depois do carnaval. Sendo assim, a presidente Dilma tem aí na prática dois meses para tentar colocar a economia num patamar que traga mais confiança a todos. Se conseguir, talvez transforme os 65% que hoje consideram seu governo ruim ou péssimo em algo que dê mais segurança contra o impeachment.
A presidente, entretanto, não ficou tão insatisfeita com os 65%. É que, há quatro meses, esse percentual era 71%. Há quem diga que esse arrefecimento se deve à percepção de que os atores da política estão, em sua maioria, presos no labirinto. Lá estão o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o do Senado, Renan Calheiros, alguns ministros e uma série de aliados do governo. OU seja, ainda não dá para dizer com segurança, mas há quem esteja convicto de que o país está chegando ao ponto de ruim com ela, pior sem ela. Ou seja, o impeachment pode terminar por colocar no Poder outros enroscados no esquema da Lava Jato, tocada por uma força-tarefa que faz uma breve pausa para Natal e Ano Novo e volta à ativa no início de janeiro.
Enquanto a Lava Jato fará o seu trabalho, Dilma poderá aproveitar essa parada congressual pra ampliar as chances de sobrevivência, ainda que não tenha maioria na Câmara. Aliás, nunca é demais lembrar, as disputas internas do PMDB, liderança, presidência da Casa e convenção vão tomar o primeiro trimestre, paralelamente à tramitação do impeachment. Na corda bamba, Eduardo Cunha, que, em fevereiro, corre o risco de ser afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Daqui a pouco, tem a posse do novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que passou o fim de semana trabalhando. Barbosa não vai tirar férias. Sabe que seu tempo é curto. Janeiro será dedicado à economia, enquanto, na política, o jogo, conforme já dito aqui, será travado no subsolo, com cada um tratando de montar o seu time para as batalhas que estão por vir, em especial, no PMDB.
Veremos o que dirá Barbosa em seu discurso hoje. Aos investidores estrangeiros, logo cedo, ele afirmou que a política do ajuste continua e que sua prioridade é reduzir a inflação.
Certeza mesmo, nesse fim de ano, é que as crises voltam em 2016.