Houve tempos em que tirar uma semana de folga dava a sensação de que nada mudou. Agora, não. Uma semana significa que você perdeu alguns episódios que podem ter reflexos sobre todo o futuro. Refiro-me, em especial, a esses dias em que um desdobramento da Lava Jato respingou nos senadores e, há pouco, o ministro Teori Zavascki colocou os pingos nos iis (todos que acompanham as redes sociais puderam conferir no site www.correiobraziliense.com.br). A decisão de Teori representa uma vitória de Renan Calheiros, mas isso não significa que o presidente do Senado ganhou o jogo, nem que está fora da alça de mira do ministro. Muito menos protegido pelo Supremo Tribunal Federal.
Teori é considerado um dos ministros mais técnicos da Suprema Corte. Ele transferiu o caso dos seguranças do Senado para o STF para manter no foro privilegiado os próprios senadores, como determina a lei. Dentro da lei, o STF analisará na semana que vem se alguém na linha de sucessão da Presidência da República pode ser réu. O endereço da ação original era o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em 19 de outubro. Agora, o endereço é o presidente do Senado, Renan Calheiros. Ou seja, Renan continuará sob os holofotes, em “viés de alta tensão” com, o Judiciário. A vitória com a decisão de Teori funciona mais no aspecto político de fortalecer Renan perante seus pares do que diante da população e do próprio Judiciário, onde o estrago provocado pelas palavras que o senador proferiu nos últimos dias está feito. Porém, no Senado, Renan é visto hoje um escudo para seus colegas enroscados com a Justiça. E, nesse sentido, a decisão de Teori dá ao senador mais estofo perante os senadores que têm pendências com a Justiça. Mas daí a dizer que agora tudo agora ficará mais calmo é um exagero. Vejamos os próximos episódios. Essa temporada promete.