Temer cuida das próximas fogueiras

Publicado em Política

Antes mesmo de terminar o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), aliados do presidente Michel Temer já cuidavam ontem dos próximos embates: primeiro, segurar o PSDB. Depois, uma possível denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente. A ordem é preparar a base no Congresso para as próximas batalhas. Na semana passada, por exemplo, o próprio Temer esteve em São Paulo para conversar com o governador Geraldo Alckmin. Ontem, enviou emissários para se encontrarem com o prefeito paulistano, João Doria.

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A avaliação do governo é a de que, com o PSDB na base e a preços de hoje, isto é, sem novas delações, que desequilibrem ainda mais o quadro, o presidente terá como levar as reformas adiante. Porém, sem o PSDB, o projeto de reformas terá que ser adiado. Ou seja, é o presidente devolvendo o problema aos tucanos. Eles dizem nas conversas que só ficam no governo se Temer for capaz de fazer reformas. Ocorre que, sem eles, as reformas estarão comprometidas. É por aí que se darão as conversas nas próximas 72 horas que antecedem a reunião do PSDB. Essa é a prioridade para o momento.

Põe na conta do Janot

Aliados do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, têm dito que as críticas ao ministro, em especial, as que partem dos parlamentares, são injustas, uma vez que quem negocia delação premiada, inclusive o caso da JBS, é o Ministério Público. O juiz só homologa e, antes, pergunta ao delator se ele foi coagido a falar.

“Vai que”

Como a cada dia se vive um cenário diferente em Brasília, os deputados e senadores do PSDB têm uma dúvida hoje: se o governo não cair e, ainda que aos trancos e barrancos, consiga recuperar a economia, o partido de Geraldo Alckmin perderá o discurso de baluarte do respiro econômico. E mais: o PMDB poderá sempre dizer que não completou as reformas porque o PSDB saiu. E é isso que os tucanos não querem.

Pau que bate em Chico…

Se os tucanos aceitarem que, depois da gravação de Joesley com Michel Temer não dá para ficar no governo, será o mesmo que colocar o senador afastado Aécio Neves na prancha do navio tucano.

E o PSB, hein?

A legenda de Rodrigo Rollemberg continua em litígio. Se a direção partidária insistir em punir aqueles que não topam mudar a Constituição de chofre para realizar uma eleição direta e continuam na base do governo, a porta de saída será a serventia da casa. E olha que, pelas contas de alguns, serão 16 deputados e dois senadores.

Melhor, não

Ministros do Tribunal Superior Eleitoral cogitaram reduzir o tempo de leitura do relatório e voto de Herman Benjamin ontem para acelerar a análise do processo e, assim, tentar concluir tudo ontem mesmo. Porém, nas internas, quem estava pensando nisso desistiu. Poderia parecer cerceamento ao relator. Hoje, se ele extrapolar, alguém vai pedir mais agilidade.

CURTIDAS

Fachin em Curitiba/ O ministro Edson Fachin (foto) é esperado hoje para uma palestra às 15h, no Instituto dos Advogados do Paraná (IAP), sobre “O STF e a repercussão geral na Jurisdição constitucional”. De lá, sairá ainda uma moção de apoio ao trabalho do ministro. A Ajufe, aliás, já fez uma nota em defesa de Fachin.

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Fachin com Temer?/ Calma, pessoal! Nem seria um encontro. É apenas a Ordem do Mérito Naval, hoje, no Grupamento dos Fuzileiros Navais. Ambos serão agraciados. Fachin, entretanto, não vai receber a medalha pessoalmente, por causa da palestra em Curitiba.

Uma muralha na sessão/ Herman Benjamin comentava a “muralha da China” que os delatores criaram na Odebrecht para que outras áreas da empresa não soubessem o que havia no setor de operações estruturadas, quando Luiz Fux entrou em cena: “A capacidade humana de apreensão está chegando ao limite”. E o relator retrucou que estava apenas explicando o tema e coisa e tal. Fux pegou a deixa: “É, está criando uma China Wall mental!”

Joaquim no aquecimento/ Ao dar o “ar da graça” no julgamento da chapa Dilma-Temer, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa chamou a atenção de todo o mundo político como um potencial candidato em 2018. A companhia de José Gustavo, “o menino da Rede”, como o porta-voz do partido é carinhosamente chamado, foi mais um sinal nesse sentido. Quem é do ramo da política diz que uma chapa Joaquim Barbosa/Marina Silva ou vice-versa pode até não ganhar, mas que vai dar trabalho, ah, isso vai.