Tarifaço de Trump é visto como pressão política e causa reação nacional

Publicado em Política

Coluna Brasília-DF, publicada no sábado (26/7), por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito —  À medida que se aproxima o tarifaço do governo Donald Trump, acumulam-se as manifestações de que a ofensiva norte-americana baseia-se tão e somente em razões políticas e carece de justificativas econômicas.

O presidente Lula deu um diagnóstico do atual momento, ao referir-se ao trabalho do vice, Geraldo Alckmin. “Todo dia, ele liga para alguém e ninguém quer conversar com ele”, disse Lula, em São Paulo. Equilibrando-se entre ataques a bolsonaristas e disposição para negociar, o presidente confia em seu vice para conduzir as tratativas econômicas. O problema é que o impasse criado por Trump está calcado por razões ideológicas, portanto mais difíceis de contornar.

Em protesto realizado ontem na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, mais de 200 entidades repudiaram, em carta, a maneira “vil e indecorosa” como a soberania nacional foi atacada. Na mesma linha, o Superior Tribunal de Justiça condenou o ataque à Suprema Corte. Considerou que “são injustificáveis, sob qualquer ângulo, tentativas de interferência política, nacional ou internacional, no seu funcionamento e na atuação independente dos seus integrantes”.

Do outro lado do impasse diplomático, bolsonaristas insistem em soluções políticas para resolver problemas econômicos. Entram na lista de proposições a anistia generalizada a bolsonaristas e o impeachment de ministros do STF.

Chocados

O ataque trumpista ao Brasil amplia o alerta na comunidade internacional. A carta de senadores democratas, denunciando um “grave abuso de poder”, e uma reportagem da The Economist sobre a “chocante agressão” desferida pela Casa Branca revelam o ineditismo e a imprevisibilidade do maior desafio diplomático do Brasil nos últimos anos.

Empregos, nada mais

Integrante da comitiva brasileira que negociará com os Estados Unidos na próxima semana, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), pretende fazer uso de muito diálogo para alcançar o objetivo que considera primordial: “Preservar empregos. Este é o nosso norte”, disse Trad.

Perigo iminente

A preocupação é grande: com o tarifaço, o Brasil perde em setores essenciais como o agronegócio. Caso a tarifa de 50% seja realmente aplicada, carnes e aves sofreriam uma queda de 11,3% nas exportações e um impacto de 4,2% na produção nacional. Além deles, tratores e máquinas agrícolas teriam um recuo estimado de 23,6% nas exportações e retração de 1,86% na produção. A produção de aeronaves nacionais também será comprometida, podendo cair em 9,2% e sofrer 22,3% de perdas nas exportações.

Efeito interno

Especialistas calculam que os Estados Unidos também sentirão os efeitos do tarifaço de Trump. Estados como Califórnia, Flórida e Texas, grandes importadores de bens brasileiros, devem ser diretamente afetados. Estima-se ainda que o PIB norte-americano pode cair 1,6% em três anos e haverá um aumento no custo de vida, escassez de insumos e perda de competitividade industrial.

Volta volver

Pelo menos três integrantes da bancada brasiliense no Congresso Nacional pediram a revogação de pedidos de emendas parlamentares em favor da Associação Moriá, após suspeitas de irregularidades. Os deputados Fred Linhares, Bia Kicis e o senador Izalci Lucas recuaram após o ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino intimar a Câmara dos Deputados e a Advocacia-Geral da União a esclarecer se a Moriá está em apta a receber recursos federais.

Na ponta do lápis

Entre 2023 e 2024, a bancada brasiliense destinou R$ 53 milhões à entidade, para cursos de esportes eletrônicos. As emendas de maior valor partiram exatamente de Fred Linhares (R$ 27 milhões), Izalci Lucas (R$ 15 milhões) e Bia Kicis (R$ 1,5 milhão). Ao Correio, a Associação Moriá informou ter recebido pouco mais de R$ 18 milhões no período.

Subiu o tom

Ao atacar os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicano-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) provocou mais reações negativas dos seus pares. Aumenta a probabilidade de parlamentares entrarem com pedido de sanções no Conselho de Ética da Casa.

Mineração em debate

Na próxima quarta-feira (30) o grupo LIDE receberá a Gerdau, B3 e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) para debater a mineração no Brasil. O evento em São Paulo terá a participação de representantes do setor, como Alexandre D’Ambrósio, ex-vice-presidente da Vale, e Fernando Azevedo e Silva, vice-presidente do Ibram. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) também está confirmado.

Transportes no centro

No próximo dia 6, Brasília sediará o 2º Summit Connect Infra — Conectando transportes. O evento é organizado pela Frente Parlamentar Mista de Portos e Aeroportos (FPPA), em parceria com o Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI). O encontro pretende gerar conhecimento técnico e político, fortalecer a infraestrutura logística do país e construir um ambiente regulatório mais eficiente e moderno.