Aprovação da PEC marca fase paz e amor entre futuro governo e Congresso Nacional

Publicado em coluna Brasília-DF

A aprovação da PEC da Transição pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado marcou o início da fase “paz e amor” entre o futuro governo e o Congresso. Mas os parlamentares sabem que isso é apenas uma trégua, especialmente entre os partidos que representam hoje o centro da política, grupamento ávido por conquistar a fatia do eleitorado que foi bolsonarista para evitar Lula, e também aquela que votou em Lula apenas para não reeleger Jair Bolsonaro. Da parte da equipe de transição, a ordem é aproveitar a onda boa. Que seja infinita, enquanto dure.

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A estratégia dos partidos de centro é apoiar em parte o futuro governo durante os primeiros seis meses. É o prazo para ver se Lula cumprirá a promessa de uma administração ampla ou se voltará ao PT e às bandeiras exclusivas da esquerda — como, por exemplo, a revogação da reforma trabalhista. Caso ele se dirija à esquerda, a base na Câmara vai reduzir tal e qual ocorreu com Dilma Rousseff, em 2015.

O mercado bate…

…mas não leva. Na equipe de transição há quem diga que, quanto mais o mercado se posicionar contra Fernando Haddad no Ministério da Economia, mais o nome do ex-prefeito de São Paulo se consolidará como o escolhido para o posto.

É para dar recado
Quem conhece a fundo o modus operandi do presidente eleito garante que ele não escolherá ninguém que seja o “queridinho” da “turma da Faria Lima”. Lula quer deixar claro que eles não podem mandar no país. O petista quer um ministro que atenda ao governo, e não ao mercado. O coordenador da economia será o presidente da República. Foi assim, em 2003, quando Antonio Palocci assumiu o Ministério da Fazenda. A ideia é repetir essa mesma fórmula em 2023.

Próximos passos
O futuro governo vê no acordo em torno da PEC da Transição um sinal de que a fatura está praticamente liquidada no Senado e será aprovada hoje no plenário. Resta a Câmara, onde a negociação já está em curso para que não haja mudanças no texto, a fim de permitir a aprovação até 22 de dezembro.

Fechado
No PSB, o ex-governador de São Paulo Márcio França já é tratado como “ministro” das Cidades.

O sucessor/ As declarações do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na CCJ quando da votação da PEC da Transição deixam claro que a posse de Lula já está precificada pela família. Aliás, diante do silêncio do pai, Flávio será a grande voz da oposição, hoje, no plenário do Senado.

Prestigiado/ Não são poucas as autoridades que já confirmaram presença na posse do novo presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, em 14 de dezembro. O presidente eleito Lula e seu vice, Geraldo Alckmin, devem comparecer, a contar pela movimentação de seguranças na preparação do local.

Novos tempos/ O jantar da posse dos novos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Messod Azulay Neto e Paulo Sergio Domingues, reuniu autoridades dos Três Poderes a R$ 400 por um lugar à mesa. Melhor assim.

Por falar em posse…/ Quem passou pelo STJ para a posse foi o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Aproveitou para conversar um pouco com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. Alguns têm a leitura de que Tarcísio se afastou de Bolsonaro. Outros consideram que o governador pode ser uma ponte para ajudar o presidente no futuro.

Choro e frases/ As lágrimas do presidente, nesta semana, viralizaram na internet, colocadas ao lado de imagens da declaração da vitória de Lula, no dia da eleição, e as frases que o atual inquilino do Palácio da Alvorada disse ao longo da pandemia: “Não adianta fugir disso, fugir da realidade”; “temos que enfrentar os nossos problemas”; “chega de frescura, de mimimi, vão ficar chorando até quando?”

Para aliados de Bolsonaro, Coaf vazou relatório para barrar mudanças

coaf
Publicado em coluna Brasília-DF

Entre os aliados do presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem muita gente certa de que o relatório do Conselho de Administração Financeira (Coaf) vazou justamente para evitar que o futuro governo cumpra a promessa de mudar tudo por ali. Vale lembrar que, nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, todas as vezes em que se cogitava trocar o diretor-geral da Polícia Federal, logo a oposição reclamava que a intenção era estancar a Lava-Jato. O Coaf tem essas informações há tempos e, na transição, pergunta-se por que surgiu só agora.

A resposta de aliados de Bolsonaro é de que o Coaf se prepara para repetir o mesmo discurso usado na PF no passado, o de que qualquer mudança será para acobertar a movimentação de pessoas próximas ao governo eleito. Só tem um probleminha: o ex-juiz Sérgio Moro não chegou ali para acobertar ninguém. Doa em quem doer, ele fará o trabalho dele.

O prazo das redes sociais I

A equipe de transição já foi avisada de que o futuro governo terá um prazo de 90 dias para a população sentir alguma mudança mais efetiva no trato da política e no ambiente econômico.

O prazo das redes sociais II

Três meses é, segundo especialistas, o máximo de trégua que o pessoal das redes sociais, em que Bolsonaro lastrou a sua campanha, se permite, antes de perder a paciência. No mundo analógico, esse prazo vai de seis meses a um ano.

Barrados no baile

Quem circula pelo Congresso sai com a sensação de que o ambiente ali não está bom. E nem é por causa da deprê de muitos que não foram reeleitos. É de que prevalece o sentimento de exclusão do novo governo.

Número errado

A conversa da deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP) com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afastou o senador eleito Major Olímpio (PSL-SP). Olímpio não quer nada que seja articulado por Joice. Em conversas reservadas, há quem diga que ela foi prometer a Tasso um voto que não pode garantir.

CURTIDAS

Parcerias/ A escolha do governador eleito como interventor em Roraima foi considerado um gol de placa do presidente Michel Temer. Há quem sugira mudar logo o decreto de intervenção no Rio de Janeiro, para garantir logo a posse do futuro governador, Wilson Witzel.

Final feliz para a Funai/ Quem conversa com a futura ministra de Direitos Humanos, Damares Alves, se impressiona com o conhecimento dela a respeito da questão… indígena. Sim. Ela adorou ter recebido a Funai em seu ministério. O presidente eleito, Jair Bolsonaro, conseguiu resolver o imbróglio, sem melindrar nenhum ministro.

#Ficaadica/ Quem for trabalhar com o ministro Sérgio Moro é bom aproveitar esses dias natalinos para descansar. O expediente ali começa cedo e vara a noite.

Presença/ A posse do ministro José Múcio na Presidência do Tribunal de Contas da União (TCU) promete reunir a nata da política nacional nesta terça-feira e de todos os partidos. Aliás, ele é visto como o único que conseguiu passar pelo Ministério de Relações Institucionais sem gerar atrito com nenhuma legenda.