Ira de servidores com Guedes vai além da comparação com “parasitas”

Paulo Guedes cintra
Publicado em CB.Poder
Coluna Brasília-DF

O pedido de desculpas do ministro da Economia, Paulo Guedes, aos servidores por causa da infeliz declaração em que teria comparado os funcionários a “parasitas” não será suficiente para fazer dele o negociador da reforma administrativa. Entre os congressistas há quem defenda que essa posição seja delegada a Bruno Bianco, novo secretário de Previdência e Trabalho. Bianco acompanhou praticamente todas as negociações da reforma previdenciária, entende do tema e é benquisto entre parlamentares e funcionários.

Parlamentares e servidores consideram que, até o ministro conseguir tirar a imagem de quem não gosta do serviço público, o tempo da reforma estará esgotado.

Penduricalho é a…

A guerra dos servidores com o ministro da Economia, Paulo Guedes, não se restringe à expressão “parasita”. Eles estão irados com o fato de o ministro se referir às promoções e progressões por tempo de serviço como “penduricalhos” e não colocar na mesma categoria as benesses da cúpula da área econômica.

Salário extra

O secretário especial Waldery Rodrigues Júnior, por exemplo, ganha um extra de R$ 14 mil só por participação em reuniões do conselho do BNDES e do Banco do Brasil. Desse “penduricalho”, o ministro não fala.

Prioridade

O presidente Jair Bolsonaro está convencido de que a Aeronáutica precisa de um avião de passageiros de grande porte para missões de resgate. Por isso, que ninguém se surpreenda se ele tomar para si a tarefa de comprar um. Vai ter de, primeiro, combinar com o Tribunal de Contas da União, que investiga a desistência de compra por parte da Aeronáutica e a opção por um aluguel US$ 10 milhões mais caro.

Por falar em Bolsonaro…

O Fórum de Governadores, hoje, em Brasília, vai aproveitar para mandar um recado ao Planalto: reforma tributária, sem distribuir recursos aos estados, não é reforma. E mais: se quiser reduzir o ICMS da gasolina, tem de dividir as contribuições exclusivas da União com os estados.

No meio da tragédia/ Autoridades chinesas procuraram a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, para avisar que vão precisar de alimentos para a população das áreas afetadas pelo coronavírus. Logo, em vez de o país cortar importações brasileiras, tudo indica que a ideia é aumentar as compras.

Questão de carisma/ O gesto mostra que a diplomacia sutilmente busca outros caminhos dentro do governo Bolsonaro. É a ministra da Agricultura que vem sendo procurada em busca de acordos, e não o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Ela é vista como alguém que ouve e inspira confiança.

Depois da chuva…/ O secretário de Desenvolvimento Econômico do DF, Ruy Coutinho; o diretor do Cade, Alexandre Barreto; e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, recebem, na quinta-feira, em São Paulo, o presidente da autoridade de Concorrência da Itália, Roberto Rustichelli. Todos darão palestra sobre a perspectiva do direito de concorrência no Brasil e na Itália.

Legislativo em pauta/ O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, abre, amanhã, o seminário sobre o ano legislativo de 2020, no Centro de Convenções Brasil XXI. Durante todo o dia, serão abordados os desafios do Congresso para este ano eleitoral. O evento é uma iniciativa do grupo Voto, sob coordenação de Karim Miskulin.

Toffoli quer rever o teto do funcionalismo: “O teto virou piso”

Publicado em Política

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, defendeu, na noite de segunda-feira (26/11), a revisão do teto do funcionalismo, discutindo ponto a ponto as regras que hoje terminam por inflar salários de magistrados pelo país afora. “O teto virou piso”, disse ele, em jantar promovido pelo site Poder 360. “Tem algum juiz no Brasil que ganha menos que ministro do Supremo?”, pergunta, e ele mesmo responde: “Há muitas coisas extrateto, sobre as quais não incide o pagamento de imposto. A lei sancionada pelo presidente Temer vale para a magistratura federal e não estadual. Enquanto não tivermos uma lei que discipline o que está fora do teto, será assim”, diz ele.

Toffoli pretende tratar das questões do teto da mesma forma franca e transparente com que tratou o reajuste dos salários dos ministros do STF. “As duas únicas carreiras que não tiveram reajuste relativo à perda de anos anteriores em 2016 foram a magistratura e o Ministério Público”, disse ele, referindo-se ao reajuste como o “resgate da dignidade” da magistratura. “Vamos falar francamente, não adianta querer enfrentar a realidade: se cai o auxílio-moradia e não tem subsídio (reajuste), a magistratura para”, afirmou, lembrando que o subsídio será tributado. O auxílio-moradia era livre de impostos.

O extrateto é algo que Toffoli terá que conversar com os outros Poderes para levar avante, mas a pauta no STF, não. Se a ex-presidente, ministra Cármen Lúcia, passou a divulgar a pauta mensal da Casa com um mês de antecedência, a ideia de Toffoli é divulgar essa pauta com seis meses. Em 19 de dezembro deste ano, por exemplo, ele pretende anunciar todos os temas que o STF irá tratar de fevereiro a julho do próximo ano. No meio dessa pauta, estará a prisão em segunda instância.

“A prisão em segunda instância é tema de quaresma”

O ministro informou que pretende colocar a prisão em segunda instância em pauta entre o carnaval e a Semana Santa. Foi justamente a possibilidade de prisão em segunda instância que levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cadeia em abril deste ano. Toffoli considera que a análise desse tema não tem nada a ver com o governo de Jair Bolsonaro e que o fato de o presidente eleito, Jair Bolsonaro, já ter dito que Lula deve fica na cadeia não vai influir nesse julgamento. “O Judiciário analisa dentro dos aspectos legais. “Se Fernando Haddad fosse eleito, não significaria que Lula seria solto. Da mesma fora, a eleição de Bolsonaro não quer dizer que Lula ficará preso a vida toda.”