Caso Ricardo Barros é sem solução fácil para Planalto

Publicado em coluna Brasília-DF

Líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) virou um incômodo para o Planalto. Se o presidente Jair Bolsonaro o afasta da função, passa a ideia de que o deputado Luis Miranda falava a verdade, e o capitão simplesmente abafou o caso. Se o mantém, deixa seu governo exposto a ataques diários, uma vez que Barros será chamado à CPI, e virá à tona, inclusive, sua pressão para “enquadrar” a Anvisa, em fevereiro, além da relação próxima com o presidente, ao ponto de Bolsonaro nomear a esposa do deputado, a ex-governadora paranaense Maria Aparecida Borghetti, para substituir o ex-ministro Carlos Marun, na vaga do conselho de Itaipu, no mês passado, conforme divulgado pelo próprio governo à época.

Para completar, os aliados do presidente estão convictos de que a resultante de todo esse imbróglio será mais uma trava às reformas, em especial, a administrativa. Barros diz, com todas as letras, “não é nada contra mim” e se afirma à disposição para prestar todos os esclarecimentos, mas, ainda assim, avaliam alguns, perdeu as condições de liderar o processo dessa reforma.

PP em chamas

O presidente do Partido Progressista, senador Ciro Nogueira, está com a sua legenda em pé de guerra. É que um grupo de filiados desconfia que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem insuflado o deputado Luis Miranda (DEM-DF) a balançar Ricardo Barros (PP-PR) da liderança do governo.

Ações e reações

Há menos de dois meses, houve um movimento, com a ajuda de Lira, para tentar tirar Barros do cargo de líder. Bolsonaro não cedeu, e a ala mais afinada com Barros tentou desestabilizar a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda. Agora, o presidente terá de reconfigurar sua articulação política.

Com distritão, renovação política corre riscos

Os partidos que já fizeram as contas consideraram o “distritão” a melhor forma de sobrevivência. A proposta que consiste em eleger apenas os mais votados, como está vendido diariamente ao eleitor, traz uma série de truques embutidos. Primeiro, os partidos não precisarão mais lançar muitos candidatos para juntar votos e obter um determinado número de vagas. O que no jargão político significa “fazer legenda”.

Chapa de bolso

Assim, o leque de opções ao eleitor será reduzido, e quem quiser ser candidato pela primeira vez terá dificuldades de se encaixar, se não for da “turma” dos dirigentes partidários. Nesse caso, se o eleito acha que o sistema proporcional atual leva para o Congresso muita gente com poucos votos, o tal distritão pode representar uma reserva de mercado para os mesmos.

Economia forçada

O sonho dos partidos, hoje, é não precisar gastar parcelas do fundo eleitoral com candidatos que, na avaliação de seus caciques, são inexpressivos. Para completar, em locais como o Distrito Federal, onde, invariavelmente, cada sigla elege um parlamentar, há quem aposte em acordos entre algumas agremiações, algo do tipo, um partido lança apenas um candidato que tem chances eleitorais, de forma a deixar que um outro conquiste uma das vagas.

Curtidas

“A PEC 32 é o marco regulatório da corrupção”/ Antonio Carlos Fernandes Júnior, presidente da Confederação Nacional das Carreiras e Atividades Típicas de Estado (Conacate), referindo-se à proposta da reforma administrativa

Por falar em reforma…/ A Conacate e várias instituições ligadas ao serviço público que coordenam o Movimento Basta farão um périplo junto aos presidentes de partidos políticos para explicar os problemas da PEC. No topo da lista, o presidente do DEM, ACM Neto.

DEM no epicentro/ Com um pé em cada canoa, o presidente do DEM, ACM Neto, tem, hoje, um problemão político para administrar: Luis Miranda, no ataque ao governo; Onyx Lorenzoni, na acusação ao deputado; e, de quebra, o senador Marcos Rogério, no papel de zagueiro na CPI.

E no distanciamento/ Enquanto o parquinho pega fogo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco), cada vez mais distante dessa confusão partidária, se mantém como uma opção para 2022 via PSD de Gilberto Kassab.

Imagine na eleição/ Se o clima já está fervendo a esta altura do campeonato, pode esperar um 2022 com erupções vulcânicas na política.

Arthur Lira ganha força política após Lindôra pedir rejeição de denúncia

Deputado Arthur Lira (PP-AL).
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

O pedido da procuradora Lindôra Araújo ao Supremo Tribunal Federal, de rejeição da denúncia feita há quatro meses contra o líder do Centrão, deputado Arthur Lira (PP-AL), foi considerado a notícia mais importante na correlação de forças que, no momento, regem as articulações dentro do Congresso Nacional.

Os procuradores afirmam não haver provas de que o deputado recebeu R$ 1,6 milhão da Queiroz Galvão. Essa é a justificativa técnica. Mas, politicamente, os parlamentares avaliam que o presidente Jair Bolsonaro deu um passo na direção da candidatura de Lira à Presidência da Casa.

Discretamente, o presidente vai se aproximando cada vez mais do grupo ligado a Arthur Lira e deixando de lado o DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Aliás, entre os líderes aliados, a leitura é a de que, com esse pedido do MP, Lira ganha fôlego para conquistar a Presidência da Comissão Mista de Orçamento, deslocando Maia. Os bastidores da política vão ferver até terça-feira, quando se espera um desfecho da briga na CMO.

O bloco fura-teto…

A turma interessada em romper o teto de gastos cresce a cada dia dentro da base do governo, ainda que o presidente Jair Bolsonaro e os ministros assegurem que a ideia está fora de cogitação. Agora, a conversa é a de que, por causa da pandemia, pode-se admitir furar o teto por dois ou três anos, porém, com “responsabilidade fiscal”.

… coleciona argumentos

O teto voltou a incomodar porque as excelências não querem mexer nos recursos do Fundeb, o Fundo de Desenvolvimento da Educação. Em relação aos precatórios, o mercado não quer. “Cada um tem uma pendência nesses tempos de pandemia, que não pode mexer, logo, não temos saída”, avaliou um vice-líder à coluna.

Conta outra

Entre os economistas, entretanto, esse discurso de “responsabilidade” não emplaca. Se furar o teto, avaliam os integrantes da equipe econômica, Bolsonaro pode dizer adeus ao equilíbrio fiscal.

E ele se deu bem

Até aqui, quem faturou politicamente com a história do Renda Cidadã foi o presidente Jair Bolsonaro. É o detentor do discurso “Eu quis ajudar as pessoas, mas o Congresso não quis”. Essa versão de que era dinheiro do Fundeb, dos precatórios, para os bolsonaristas, é apenas “um detalhe”.

Ricardo reina/ Os novos vice-líderes do governo levados para um café com o presidente Jair Bolsonaro são todos neófitos nas articulações políticas. Significa que Ricardo Barros (PP-PR) tem o comando absoluto das conversas na Câmara.

Por falar em eleição americana…/ A resposta do presidente Jair Bolsonaro ao candidato Joe Biden em suas redes sociais ganhou o apoio do senador Plínio Valério (PSDB-AM), que não é bolsonarista. “O presidente está certo quando diz que a nossa soberania não é negociável. E olha que não sou da base do governo. Sou da região, e a situação não é a que se pinta lá fora”, diz.

Demorou, mas chegou/ O ex-deputado e ex-ministro Carlos Marun aproveitou o almoço, ontem, da reunião da Itaipu Binacional para receber a ordem do Mérito do Rio Branco, honraria que lhe foi concedida ainda no governo Michel Temer.

Mobilização nos Estados Unidos/ As estrelas da NBA e franquias deflagraram uma grande campanha para levar as pessoas às urnas nos EUA, onde o voto não é obrigatório. Alguns times inclusive ofereceram suas arenas para servirem de locais para votação presencial. Dia desses, Lebron James foi treinar com uma camisa “Vote or die”, ou seja, “vote ou morra”.