Harmonia entre poderes foi para o espaço

Publicado em coluna Brasília-DF
Aliados do presidente Jair Bolsonaro que buscam ampliar o apoio e o diálogo entre os Poderes se sentiram enfraquecidos diante dos últimos lances. Primeiro, as declarações do presidente a respeito das manifestações de Sete de Setembro e do filho dele, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), de que está chegando um momento em que as ordens do STF não serão cumpridas, “infelizmente”.  Em segundo lugar, colocam a operação de busca e apreensão que teve como alvos o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ).
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Nas redes sociais, bolsonaristas radicais afirmam que o movimento pedirá a “exoneração” de ministros do Supremo Tribunal Federal e, de quebra, o voto impresso, já derrubado pelo Congresso e que o presidente havia prometido tirar de cena, depois da decisão do plenário da Câmara. Nesse clima, as conversas da semana sobre retomada do diálogo e do respeito entre os Poderes foram para a estratosfera.
Fulanizou
A ideia de enviar apenas o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes e poupar Luís Roberto Barroso faz parte da estratégia para tentar evitar que o caso seja visto como uma investida contra o Supremo Tribunal Federal. A avaliação do Planalto é a de que, se o presidente centrar fogo apenas em Alexandre Moraes, será mais difícil caracterizar como uma desarmonia entre os Poderes.
Nunca antes neste país
Pela primeira vez, um presidente da República pede a destituição de um ministro do STF. E a ideia de não incluir Barroso no pedido foi proposital, para tentar preservar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nem tanto
Alexandre de Moraes, em breve, assumirá o comando do TSE. Logo, esse argumento de preservar a Corte, avisam alguns, não se sustenta.

Tal e qual enxugar gelo

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tenta fechar acordo para votar a reforma do Imposto de Renda, mas está difícil. Quando ele começa a acertar os ponteiros, os deputados voltam aos estados e o acordo se esvai. O mercado financeiro e o setor produtivo jogaram a toalha.
Por falar em mercado financeiro…
O setor financeiro não está convencido da volta de “Lulinha paz e amor”. Uma parte acredita que o ex-presidente, se vencedor, investirá contra todos aqueles que, na avaliação do PT, não socorreram o petista quando do seu julgamento.
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E o Paulo Guedes, hein?/
 Em conversa com os senadores, o ministro da Economia começou falando em “doença da alma”, dizendo que falta juízo, equilíbrio e “serenidade” ao país. Alguns senadores entenderam como um recado do ministro do próprio chefe, o presidente.
Ficamos assim/ “Não vou recuar um milímetro no que eu falei. Não fiz nada para ser preso. Tenho o direito de me manifestar sobre ministros do Supremo Tribunal Federal. Não ataquei instituições”, disse Otoni de Paula, que promete retomar a artilharia contra os ministros na semana que vem, na tribuna da Câmara.
Depois da tempestade/ Absolvido nas ações movidas pela ex-mulher, Michella Marys, o ex-juiz da Corte Internacional de Direitos Humanos Roberto Caldas traça planos para o futuro: “É retomar o meu trabalho e cuidar da família, em especial dos meus filhos”, diz.