O toma lá dá cá dos precatórios

Publicado em coluna Brasília-DF

Parlamentares ligados ao presidente da Câmara, Arthur Lira, já fizeram chegar aos aliados do governo que, se a proposta de emenda à Constituição (PEC), que parcela a dívida dos precatórios, não for aprovada, faltarão recursos para as RP9, aquelas emendas ao Orçamento que atendem diretamente a base governista. Aliás, o reforço na liberação das emendas é justamente o que os aliados do Executivo esperam para votar a PEC. Se houver garantia de que isso será possível, será mais fácil atingir os 308 votos.

Caso esse argumento não seja suficiente, outros já estão no discurso do governo, por exemplo, “quem estiver contra a PEC está contra atender os mais pobres”, conforme tem repetido o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. A alta do dólar e a queda das bolsas, que agitaram o mercado na quinta-feira, por causa da incerteza sobre a aprovação da PEC, também farão parte da narrativa. O tema, conforme o leitor da coluna já sabe, virou questão de honra para Arthur Lira.

Cachimbo da paz nas alturas

O presidente Jair Bolsonaro aproveita a viagem à Itália com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Cidadania, João Roma, para fechar todas as contas em relação aos programas sociais do governo e acabar com as intrigas entre as áreas social e econômica.

Primeiros acordes…
Observatório da Pandemia, aprovado pelo Senado Federal para acompanhar os desdobramentos das ações judiciais pedidas no relatório final da CPI, é a fórmula para que o assunto continue vivo. O colegiado continuará nas mãos do presidente Omar Aziz, e a relatoria, com Renan Calheiros.

… de um discurso
Para o futuro candidato do PSD ao Planalto, Rodrigo Pacheco, que não hesitou em colocar o tema em pauta, é a montagem de um discurso de que o Senado cumpre o seu papel de agir e fiscalizar as ações.

Cobrem de Bolsonaro e Paulo Guedes
Aliados de Pacheco estão convencidos de que é preciso aprovar projetos importantes na seara econômica para deixar claro que o descontrole nas contas públicas, que gera inflação e incertezas, é de responsabilidade do governo, e não do Senado.

Por falar em Pacheco…
O presidente do Senado não será empecilho para a aprovação da PEC dos Precatórios. Se passar na Câmara — e tudo indica que a blitz que o governo pretende fazer na semana que vem deverá ajudar na aprovação —, o Senado debaterá e votará logo.

O xerife das eleições/ É assim que muitos deputados estão se referindo ao ministro Alexandre de Moraes, que vai presidir o processo eleitoral no TSE em 2022. Depois de relatar o inquérito relacionado às fake news no Supremo Tribunal Federal, essa missão no TSE vem sob encomenda para garantir a lisura e a segurança do pleito de 2022.

O kit antifake news/ É assim que os políticos chamaram a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de cassar o mandato do deputado estadual Fernando Francischini (PSL-PR) e os avisos transmitidos na votação da ação contra a chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão, de que disparos em massa de notícias falsas nas redes sociais, durante o período eleitoral, vão dar cadeia.

Estilo Kassabiano/ Perguntado nos bastidores do CB.Poder, se vai chamar a empresária Luiza Trajano para vice na chapa encabeçada por Rodrigo Pacheco, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, com a sua mineirice, respondeu: “Só quando tiver a certeza de que ela vai aceitar”.

Cartão para a COP26/ Está sobre a mesa do governador Ibaneis Rocha (MDB) o Projeto de Lei 121/2019 aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), do deputado distrital Rodrigo Delmasso (Republicanos). O PL institui a política pública Brasília Lixo Zero. Um marco no tratamento do lixo no Brasil, a proposição elenca um conjunto de ações e termos de cooperação para parcerias público-privadas de reaproveitamento dos rejeitos e sua destinação para reduzir o aquecimento global.

“Sextou” na quinta/ O movimento na Câmara dos Deputados, ontem, estava já com cara de feriadão. A quinta mais calma, porém, foi proposital. A ordem é aliviar agora para apertar e exigir presença na quarta-feira, dia 3, data de votação da PEC dos Precatórios. O certo, no entanto, em tempo de volta de sessões presenciais, seria casa cheia todos os dias úteis.

“Não tem prorrogação do auxílio emergencial. O país tem, agora, o programa permanente, o Auxílio Brasil, para aqueles que mais necessitam”
João Roma, ministro da Cidadania, ao informar à coluna que a folha de novembro, com o valor de R$ 220, já está fechada

 

Discurso de Sete de Setembro será termômetro para ânimo de Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

As chances de o presidente Jair Bolsonaro mostrar que investirá na harmonia entre os Poderes serão os discursos que fará, em Brasília e em São Paulo, no Sete de Setembro. Por isso, tanto o Legislativo quanto o Judiciário querem promover os encontros na semana que vem, de forma a garantir os compromissos de parte a parte. Só tem um probleminha: entre os bolsonaristas, há quem aposte que o presidente da República vai dar aquela “enrolada” antes do Dia da Independência. Assim, fica solto para falar aos seus o que lhe vier à cabeça, sem expor quem está fazendo a ponte entre os Poderes — leia-se o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

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Bolsonaro, porém, não tem muito como fazer valer todas as suas posições nesse processo. Hoje, ele precisa do Supremo Tribunal Federal (STF) para fechar o acordo dos precatórios e do Congresso para aprovar as propostas do seu governo. Ou seja, não dá para ficar adiando as conversas.

Partidos adotam o #fiqueemcasa no Sete de Setembro
Enquanto o governador de São Paulo, João Doria, diz expressamente que, para evitar tumultos, não serão permitidos atos da oposição no Dia da Independência, outros partidos, como o MDB e o DEM, têm pedido aos seus filiados que evitem as áreas de manifestações no feriado. A ideia é não dar público para esses atos, especialmente depois das ameaças de invasão ao STF.

O perigo para Lira

Depois que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), arquivou o pedido de impeachment contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ficou mal com seus pares. Muitos começam a dizer nos bastidores que Pacheco protegeu o colegiado ao não levar o caso ao plenário. Na Câmara, Lira expôs muitos deputados ao desgaste quando levou o voto impresso para decisão em plenário. Se continuar assim, Lira terá problemas lá na frente, no momento de buscar a reeleição para o comando da Casa.

A visão deles
Diante dessas diferenças entre Lira e Pacheco, cresce entre alguns que votaram em Lira, em janeiro, a ideia de que entre o Senado e Bolsonaro, Pacheco ficou com o Senado. Lira, porém, entre a Câmara e Bolsonaro, ficou com o presidente da República.

O aval dos caciques
Os emedebistas aproveitaram o evento desta semana em Brasília para dar sinal verde a uma candidatura da senadora Simone Tebet (MDB-MS) à Presidência da República. Tem o apoio, inclusive, do governador de Alagoas, Renan Filho, e do senador Jáder Barbalho (PA).

Curtidas

Dias quentes/ Meu amigo Orlando Brito, decano da fotografia no DF, fez um grupo no WhatsApp dar risada, esta semana, ao contar os momentos de tensão vividos por um assessor novato, no oitavo andar do anexo 4 da Câmara dos Deputados. O tal assessor lhe mandou um vídeo dizendo que o golpe havia começado. O vídeo, feito de um gabinete parlamentar, mostrava canhões atirando e algumas pessoas correndo.

“Volta que não é golpe!”/ Preocupado, Brito ligou para o tal amigo. O sujeito estava em pânico. Relatou que, nos corredores do andar, algumas pessoas já estavam esvaziando as gavetas. Brito, invariavelmente tranquilo, avisou que a salva de tiros era em homenagem ao presidente da Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que está em visita ao Brasil. O tal amigo do nosso decano da fotografia foi ao corredor e gritou: “Aí, volta que não é golpe!”

Por falar na Bahia…/ O PT não conseguiu arregimentar muita gente para receber Luiz Inácio Lula da Silva em Salvador. Foi suficiente para que os bolsonaristas fossem às redes sociais para dizer que as pesquisas pré-eleitorais e as previsões de uma possível vitória do ex-presidente não são sinônimos de já ganhou.

Cazuza na CPI/ Diante da saraivada de “permanecerei em silêncio” proferida por José Ricardo Santana, um ex-servidor da Anvisa enroscado na história da venda da Covaxin ao governo brasileiro, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) recorreu a Cazuza para demonstrar sua indignação: “Sua piscina está cheia de ratos, suas ideias não correspondem aos fatos, o tempo não para. O senhor, realmente, está escondendo muita coisa”.