Placar da PEC da Vingança é recado para Arthur Lira

Publicado em coluna Brasília-DF

A derrota da PEC da Vingança, que pretendia fazer com que os congressistas pudessem influir na escolha dos membros do Conselho Nacional do Ministério Público, foi lida como uma revolta de parte do baixo clero contra o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). A turma está irritada porque considera que as RP9, as emendas de relator, por exemplo, representam um privilégio de poucos. Os deputados avaliam, ainda, que o presidente da Casa está se sentindo tão poderoso que começou a jogar só para si, e não para o colegiado. Os parlamentares preferem ter seu espaço de negociação direta com o Poder Executivo, sem intermediários, como um presidente para lá de empoderado. Por isso, avaliam alguns, Lira, em vez de 330, como esperava, ficou em 297 votos. Agora, cabe ao presidente da Câmara estudar o resultado e buscar resolver as diferenças.

Vale lembrar: a derrota da PEC se dá ainda no mesmo dia em que uma operação no Amapá fisgou o primo de Davi Alcolumbre (DEM-AP). Faltando um ano para a eleição, tem muita gente convicta de que não é o momento de brigar com o Ministério Público.

Vai dar R$ 500

Aliados de Jair Bolsonaro já fizeram os cálculos e o novo valor do Auxílio Brasil, somado ao vale-gás, chegará a R$ 500 em transferência de renda aos mais pobres. Com isso, avaliam alguns, Bolsonaro terá fôlego entre os menos favorecidos.

Deixar sangrar
Com o adiamento da votação do relatório de Renan Calheiros (MDB-AL) na CPI da Covid, a estratégia é discutir o tema ao longo dos próximos dias. Quanto mais se esticar este assunto, mais desgaste para Bolsonaro.

E a Petrobras, hein?
Logo depois no café com a Frente Parlamentar Brasil Competitivo, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi incisivo quando perguntado sobre estudos para privatização da Petrobras: “Não há nenhum estudo no âmbito do governo, no Ministério da Minas e Energia, sobre a privatização da Petrobras. O presidente não conversou comigo, não tomei conhecimento desse assunto nem ouvi o que ele falou. Não há nenhum estudo em relação à privatização”, respondeu, com cara de quem não gostou muito da pergunta.

Rodrigo Pacheco no jogo
Quem acompanha o Blog da Denise soube da conversa que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), teve com o presidente do DEM, ACM Neto, para avisar que está deixando o partido e vai se filiar ao PSD, na próxima quarta-feira. Na nova legenda, conforme o leitor da coluna e quem acompanha o programa CB.Poder já sabe há tempos, tem vaga garantida para concorrer ao Planalto. O tom da conversa com Neto não foi de rompimento e, sim, de abertura de frentes rumo a 2022.

Mineiro não perde o trem
Pacheco chega antes da definição do candidato do PSDB ao Planalto, a ser escolhido na prévia de 21 de novembro. E vem com vontade de levar adiante a reforma tributária ampla, projeto que tem defendido desde que assumiu a Presidência do Senado. Quer ter como cartão de visitas a paciência e a capacidade de diálogo.

Muita calma nessa hora
Enquanto presidente do Senado, Pacheco se colocará à disposição para concorrer ao Planalto, mas, antes de colocar os dois pés na candidatura, vai se movimentar nos bastidores e trabalhar as chances de aliança. Tem mais quatro anos de mandato de senador e, assim como JK, a sorte sempre lhe sorriu.

O suco ferveu…/ A campanha do Sindilegis, que desde terça-feira distribui garrafinhas de suco de laranja com a foto de parlamentares favoráveis à reforma administrativa (PEC 32) no rótulo, incomodou a ponto de Arthur Lira tentar impedir a circulação dos rótulos com o seu rosto estampado.

… e rendeu/ Um deputado ficou tão irritado que tentou dar uma “carteirada”, e pedir ao Governo do Distrito Federal que impedisse a circulação dos carros de som nas quadras onde há residências oficiais dos parlamentares. O pedido “deu água”.

Outubro rosa na Embaixada/ A primeira-dama Michelle Bolsonaro e o grupo de mulheres contra o câncer do Hospital de Base participaram da inauguração da nova iluminação da embaixada de Israel, como parte do mês de conscientização e combate ao câncer de mama. A solenidade é também parte das boas-vindas do embaixador Daniel Zonshine e da embaixatriz Loira Zonshine ao Brasil. No mês passado, a primeira-dama dançou em evento na Embaixada da Índia.

Lobby Stories/ Esse é o título do livro do consultor Jack Corrêa, que promete agitar o mundo da política na capital do país. Cenas reais de uma vida nas antessalas do poder. O lançamento em Brasília será em 9 de novembro, na Trattoria da Rosário, de 18h às 21h.

Líderes governistas terão que fazer ajustes na base no Congresso Nacional

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As desventuras em série do governo no Congresso, logo na primeira semana depois que Jair Bolsonaro mostrou força nas ruas e recorreu a Michel Temer, desprezando outros aliados de primeira hora, indicam aos líderes governistas que será necessário um ajuste na base aliada. Num dia só, houve um bombardeio sobre o presidente da Petrobras na Câmara, a rejeição da medida provisória que muda as regras da internet e, de quebra, a Comissão Mista de Orçamento se prepara para rejeitar o projeto que, em meio a uma série de créditos suplementares, propõe transferir recursos do combate à pobreza para o Programa Nacional de Desestatização. É muito desgaste para que tudo seja tratado como fatos isolados.

O baixo clero da Câmara, por exemplo, está muito insatisfeito com os líderes que tomaram para si as emendas de relator, as RP9. As reclamações sobre o destino dos recursos dessas emendas são cada vez mais constantes nas conversas reservadas das excelências.

Quem manda

Os deputados têm reclamado injustamente dos líderes para tratar das emendas de relator. Hoje, quem cuida dessa seara é o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

CPI na Holanda
Um ponto já está decidido pelos senadores, quando o relatório final estiver pronto: denunciar Bolsonaro ao Tribunal Internacional de Haia, que julga os crimes contra a humanidade.

Uber partidário
É assim que as excelências já se referem à fusão do PSL com o DEM. É que tem muita gente interessada em pedir o ingresso no partido apenas para fugir da cláusula de fidelidade partidária sem ter que esperar a janela para mudança de legenda. Consulta nesse sentido será levada em breve ao Tribunal Superior Eleitoral.

Só uma viagem curta
A ideia dos deputados é verificar se é possível fazer um pit stop no partido capitaneado por Luciano Bivar e ACM Neto antes de escolher um destino.

Curtidas

Defesa e ataque/ Durante a audiência do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, na Câmara, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) reagiu assim: “Desse jeito, podemos ficar descansados. O Centrão ocupou o espaço da oposição”.

Serviu como luva/ E olha que a audiência nem foi pedida pelo Centrão. Quem redigiu o pedido foi o deputado Danilo Forte (PSDB-CE). O Centrão apenas aproveitou o embalo para demonstrar sua insatisfação com o governo.

Estava em Marte/ O líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR), sequer discursou para dar uma força ao comandante da Petrobras. Sua atenção estava voltada à CPI da Covid, onde Marcos Tolentino prestava depoimento. Tolentino é amigo de Barros e negou qualquer envolvimento no contrato da Covaxin.

Estavam ali mesmo/ 
Deputados aliados de Arthur Lira (PP-AL), como Elmar Nascimento (DEM-BA), foram bastante incisivos ao criticar a Petrobras. A empresa saiu do plenário da Câmara como quem só pensa em distribuição de lucros e dividendos, e não num projeto estratégico de energia e combustível para o país.

A torcida por Aras/ Às vésperas de Augusto Aras ter a recondução ao cargo de procurador-geral da República publicada no Diário Oficial da União, os senadores torcem mesmo é para que Jair Bolsonaro o indique para o Supremo Tribunal Federal.

Caso Daniel Silveira racha Centrão na Câmara

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Ao mesmo tempo em que alguns aliados de primeira hora do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pedem apoio para salvar o mandato de Daniel Silveira (PSL-RJ), outros já avisaram que é preciso dar um basta no radicalismo. “Tem que ter um contra-freio na ala olavista e de extrema-direita. A brincadeira acabou. O país está com sérios problemas. É preciso acabar com essa história de fake news, de ataques e partir para juntar os Poderes, a fim de resolver os problemas do Brasil”, disse o deputado Fausto Pinato (PP-SP), um dos mais próximos de Lira.

A parte do Centrão a que pertence Pinato considera que Silveira teve várias chances de parar com as ameaças, de adotar um comportamento mais compatível com o decoro parlamentar, e só o fez na sexta-feira porque queria se livrar da prisão. A avaliação de muitos é a de que o caso tem que servir de exemplo.

Confiança, só com reformas

Os aliados do presidente Jair Bolsonaro no Congresso estão convencidos de que a aprovação das reformas tributária e administrativa será a saída para a crise de confiança gerada a partir do episódio da troca de comando na Petrobras. O mercado financeiro não vê essa mudança como pontual e caso isolado. E, nesse clima, os investimentos prometem evaporar.

Muito além da Petrobras
Avisam do Planalto que o ministro da Economia, Paulo Guedes, também não deixará o governo por causa disso. O foco dele é a PEC Emergencial e as reformas. E o clima para votá-las estava ótimo até a confusão na Petrobras, que promete seguir por mais tempo.

Muito além da CVM
A investigação aberta pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no sábado, caminha para não ser a única a apurar quem ganhou e quem perdeu depois de Bolsonaro anunciar que faria mudanças na estatal. A Justiça Federal quer explicações do presidente. O Congresso, idem.

Sob os holofotes
Vem por aí a convocação de Roberto Castello Branco ao Parlamento para dar a sua versão da troca de comando na petroleira, e também do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Pedidos de CPI ainda dependem de combinação entre os partidos.

Toma mais um/ A tendência dos deputados, ontem (22/2) à noite, era deixar Alexandre Leite (DEM-SP) como relator do caso Daniel Silveira. Ele já está cuidando de outra representação contra o parlamentar bolsonarista, o que facilita. Leite votou a favor da manutenção da prisão.

Vai demorar/ Não contem com as vacinas da Pfizer tão cedo. É que, diante das cláusulas consideradas draconianas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi aconselhado a consultar todos os Poderes, e não só a Casa Civil da Presidência da República. Afinal, o laboratório não quer se responsabilizar pela qualidade do produto que fornece.

Não à violência I/ Essa foi a intenção da senadora Kátia Abreu (PDT-TO, foto) ao postar, em suas redes, a foto de duas lutadoras ensanguentadas depois da luta, no início de fevereiro, comparando a violência do UFC à mesma que se via nas rinhas de galo, proibidas no Brasil. A violência do esporte assustou a parlamentar, que, depois de tanta polêmica, tirou a postagem do ar.

Não à violência II/ A internet virou um ambiente onde até criticar a violência virou motivo de briga. Eu, hein!?

Prisão de Daniel Silveira será mantida com recados ao STF

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Fracassada a estratégia inicial da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados de levar o caso de Daniel Silveira para o Conselho de Ética da Casa e, paralelamente, negociar um relaxamento da prisão com o Supremo Tribunal Federal (STF), a maioria dos partidos caminha, hoje (19/2), para manter o deputado do PSL-RJ na cadeia por ampla maioria. Calcula-se algo, inclusive, superior ao placar de 302 votos que elegeu o deputado Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara. Os aparelhos celulares dentro da cela se tornaram uma agravante e, quanto mais o tempo passar, mais o placar aumentará.

A escolha do relator, Carlos Sampaio (PSDB-SP), promotor de Justiça e favorável à prisão, foi feita para deixar claro que Daniel passou dos limites, é um caso à parte, mas não se pode sair prendendo deputados por opiniões a respeito de quem quer que seja. E, com tanto assunto para discutir, o melhor é tirar esse desgaste da Casa e tocar o barco.

Imagem preservada
A votação do caso da prisão de Daniel Silveira será pelo sistema eletrônico e não por declaração de voto, como foi no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Assim, parlamentares interessados em votar a favor da soltura não terão a imagem captada por adversários, para uso em embates eleitorais.

Presidente preservado
A escolha de Carlos Sampaio para relatar o caso Daniel Silveira foi feita por Arthur Lira para deixar claro que não compactua com erros alheios. Se os bolsonaristas não entenderem, paciência.

Cadê os outros?
Deputados bolsonaristas preparam-se para cobrar que o Conselho de Ética tenha a mesma celeridade para tratar de outros casos pendentes, como, por exemplo, o da deputada Flordelis, acusada de mandar matar o marido, e o do deputado Wilson Santiago, acusado de desvio de recursos na Paraíba. A avaliação é de que não dá para punir quem ataca verbalmente os ministros do STF e deixar, na gaveta, casos que envolvem assassinato e desvio e recursos.

Muda, mas não entrega

O anúncio de que alguma coisa vai mudar na Petrobras abriu o apetite dos partidos saudosos dos tempos em que indicavam os diretores da estatal. Mal terminou a live do presidente, alguns deputados faziam suas apostas sobre quem vai ocupar cargos ali, dada a proximidade de Jair Bolsonaro com o mesmo Centrão que se enrolou no petrolão, no passado.

A conta não fecha
O corte de impostos do diesel e do gás de cozinha ajuda o consumidor, mas deixa o governo com mais dificuldades em arrumar recursos para pagar as despesas que vêm por aí, como o auxílio emergencial. Essa arrecadação já está no Orçamento deste ano, que o Congresso começa a analisar agora.

Mudança de hábito/ Daniel Silveira foi aconselhado a mudar o comportamento para ver se consegue segurar o mandato. Afinal, casos como esses são resolvidos de acordo com o bom relacionamento na Câmara. Ou seja, é subjetivo. E ele não tem essa amizade toda no Legislativo, onde é visto como um extremista.

Enquanto isso, no Senado…/ A votação da PEC Emergencial, com cláusula de calamidade, não promete ser tão fácil, como prevê o governo. Por isso, o fim de semana será de intensas negociações para evitar surpresas que possam comprometer o resultado.

Se não for, será convocado/ É assim que muitos senadores têm se referido ao convite apresentado pelo senador Roberto Rocha para que o ministro Alexandre Moraes vá ao Senado explicar a diferença entre liberdade de expressão e ataque ao STF.

Múltipla escolha/ As promessas do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, de 230 milhões de doses de vacinas ainda no primeiro semestre, foram motivo de piada no WhatsApp de governadores. Alguns diziam que são tantos diferentes números citados que o governo poderá afirmar, com toda a certeza, que cumpriu o que havia prometido.