Copa América no Brasil é jogada de risco para o governo

Publicado em coluna Brasília-DF

A animação do governo com a vinda da Copa América para o Brasil vem no sentido de tentar tirar de cena a CPI da Covid e a tragédia da pandemia, que ainda apresenta um patamar alto de mortes e novos casos. A empreitada, porém, não é tão fácil quanto parece. Primeiro, o governo federal não tem estádios, precisa negociar com os estados e municípios. Esses torneios exigem, ainda, uma estrutura de saúde disponível para receber jogadores, inclusive UTIs. O Brasil não está conseguindo nem atender os seus, quanto mais reservar leitos para atender a Conmebol.

Na Copa do Mundo, por exemplo, conforme registrado no site da Agência Brasil, 10 mil profissionais de saúde foram capacitados para o evento. Mobilizou-se, à época, 531 unidades móveis Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, 66 unidades de pronto atendimento e 67 hospitais foram acionados para atuar de forma integrada. Se houver um brasileiro que não tenha atendimento de saúde em meio à pandemia, por causa da Copa América, o governo terá mais uma conta a prestar na eleição do ano que vem.

Tá vendo aí
Se o governo aceitar trazer a Copa América para o Brasil, será visto pela CP da Covid como mais um indício de aposta na imunização de rebanho. É que, embora os jogadores venham vacinados, isso não significa que eles não transmitam o vírus em caso de contaminação. “No Brasil, em vez da imunização por vacinação, o governo quer que se dê por contaminação”, reclama o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que tem um mandado de segurança já redigido para dar entrada no Supremo Tribunal Federal (STF).

Interessado-mor
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, chegou a comentar com alguns políticos que a Copa América no Brasil pode ser a forma para que ele consiga se manter no cargo. Caboclo enfrenta uma crise na entidade por causa de denúncias de assédio.

Agora lascou

Muitos aliados do presidente Jair Bolsonaro, que estavam prontos para seguir com ele rumo a um novo partido, passaram a pensar duas vezes. É que, em muitos estados, o Patriotas não tem a menor estrutura para levar adiante uma campanha e, como os recursos são controlados pela legenda, muita gente que concorrerá a um mandato na Câmara está pronto para buscar outra agremiação.

Vota aí rapidinho!
Os ministros estão de olho nos projetos de lei que vão reorganizar o Orçamento deste ano para cobrir despesas obrigatórias. No meio desse bolo, está o Plano Safra 2021/22. A expectativa do Ministério da Agricultura é conseguir, pelo menos, R$ 15 bilhões para financiar a produção agrícola do país.

Ela quer o Senado/ A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já avisou ao DEM que seu projeto é concorrer ao Senado por Mato Grosso do Sul. Com uma vaga só, vai ser difícil encontrar quem consiga derrotá-la nessa empreitada.

Por falar em DEM…/ Os oito dias de prazo dados para que Rodrigo Maia (RJ) apresente sua defesa no processo de expulsão são apenas pró-forma. A decisão está tomada.

Meio ambiente/ Sete ex-ministros do Meio Ambiente participaram de uma live promovida pela Fundação Astrojildo Pereira, do Cidadania. Todos eles, sem exceção, consideram que o país passa por um retrocesso na legislação ambiental. “Estamos destruindo não só as leis, mas o espírito delas”, comentou a ex-ministra Izabella Teixeira, do governo Dilma Rousseff. “É preciso impedir que o presidente Jair Bolsonaro aja livremente nesse tema”, completou o ex-ministro Sarney Filho, do governo Michel Temer e atual secretário de Meio Ambiente do DF.

Imagine o que virá no ano eleitoral/ Balas de borracha contra manifestantes em Pernambuco e prisão de um dirigente petista, em Goiás, por causa de um adesivo no carro, chamando o presidente Jair Bolsonaro de “genocida”. E nas manifestações a favor do governo, muitas vezes policiais posam para fotos ao lado dos participantes.

O brasiliense colocou nas mãos de Deus/ A contar pelos engarrafamentos em Brasília, as pessoas praticamente abandonaram de vez o #fiqueemcasa.

Projeto de Bolsonaro para 2022 inclui o Patriotas

Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF

Com diversos convites para se filiar a partidos políticos, o presidente Jair Bolsonaro deixou transparecer a aliados que pretende seguir para o Patriotas. Esse é, inclusive, o nome do partido que, conforme publicou o Wall Street Journal, o ex-presidente Donald Trump pretende criar para tentar se manter em evidência na política. Hoje, o Patriotas tem cinco deputados federais. Subiria, conforme cálculos de aliados do presidente, para 25.

Embora o presidente só vá tomar essa decisão em março, depois da eleição à Presidência da Câmara, há quem diga que uma filiação ao seu antigo partido, o PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira; ao PL, de Valdemar Costa Neto; ou ao PTB, de Roberto Jefferson, deixaria o presidente na mesma situação que viveu no PSL, ou seja, filiado a legendas que têm donos. De quebra, ainda teria de explicar que as siglas tiveram problemas no mensalão e coisa e tal. Para completar, o fato de Trump criar um Patriot Party nos Estados Unidos, avaliam os bolsonaristas, daria um braço internacional ao projeto.

Mico federal
Os casos de “fura-fila” registrados país afora serão mais um problema a exigir explicações por parte de todas as autoridades, municipais, estaduais e federais. Afinal, se o Ministério da Saúde requisitou as vacinas,deveria ter adotado um procedimento padrão de aplicação para todos os estados.

Ainda sem resposta
Não se sabe, por exemplo, se as pessoas que receberam a vacina de forma irregular, ou seja, fora da fila, vão ter direito à segunda dose, ou essas segundas doses serão destinadas a outras pessoas. No caso das irmãs em Manaus, por exemplo, onde a vacinação foi suspensa, a segunda dose delas pode servir para imunizar uma pessoa do grupo de risco.

Aposta alta
A insatisfação de parlamentares com a onda de demissões de apadrinhados de deputados eleitores de Baleia Rossi (MDB-SP) é vista no governo como temporária. Assim que passar a eleição para a Mesa Diretora, a aposta do Planalto é de que os deputados voltarão para o Planalto, pedindo cargos e verbas.

Bolsonaro incensa Ernesto
A notícia de que a vacina de Oxford/AstraZeneca chega hoje ao Brasil serviu para o presidente mandar um recado a todos os apoiadores que pediam a troca do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Bolsonaro atribuiu a boa notícia ao trabalho do ministro, que faz tudo o que o Planalto determina sem pestanejar.

Eduardo, o retorno/ A rádio corredor da Câmara dos Deputados registra encontros na residência do ex-deputado Eduardo Cunha, onde ele cumpre prisão domiciliar, para tratar da eleição para o comando da Casa. Tudo para ajudar Arthur Lira (PP-AL).

Manda outro/ Se depender do líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas, a Casa não aprovará o nome do tenente-coronel da reserva Jorge Kormann para a Anvisa. “Dificílimo aprovar”, disse Izalci, em entrevista à Rede Vida de televisão. “O Senado precisa cumprir seu papel de aprovar indicações técnicas”, emendou ele. O militar, que estava internado na UTI, com covid-19, deve ter o nome retirado pelo governo.

Por falar em PSDB…/ O líder ainda não desistiu de levar os senadores fechados com Simone Tebet (MDB-MS) a votar em Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

Ficamos assim/ Nesta sexta-feira, com a chegada da vacina da Oxford, Bolsonaro acredita que o governo terá um imunizante para chamar de seu. A torcida no Planalto é para que a CoronaVac, que terá novo lote aprovado, hoje, pela Anvisa, fique em segundo plano. Só tem dois probleminhas: 1) vacina não tem ideologia; 2) até aqui, a capacidade de produção do Butantan é maior. Que venham todas!