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Oficialmente, a campanha eleitoral só começa daqui a oito meses, mas já tem muito político preocupado com os cenários. E com Sergio Moro filiado ao Podemos e na posição de terceiro colocado em muitas pesquisas, já tem muita gente calculando que, se o ex-juiz da Lava-Jato ganhar fôlego e conseguir quebrar a polarização, tirando o presidente Jair Bolsonaro do segundo turno, os integrantes do Centrão vão correr para apoiar Lula.
O “plano de emergência” não se restringe ao segundo turno. Tem deputado no grupo calculando que, se houver algum “risco de Moro vencer”, o jeito será fazer essa transferência para o petista ainda no primeiro turno, para tentar liquidar a fatura e não dar a menor chance ao ex-ministro. Falta combinar com o eleitor, o senhor da razão e do destino do Brasil.
Guedes foge da Câmara…
O ministro da Economia, Paulo Guedes, quer encerrar 2021 sem ser obrigado a comparecer à Câmara dos Deputados e responder sobre a offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. Esta semana, ele faltou à convocação feita pela Comissão do Trabalho. Por intermédio de seus advogados, pediu que a documentação encaminhada à comissão encerre o assunto.
…e a offshore volta à baila
O presidente da Comissão do Trabalho, Afonso Motta (PDT-RS), não aceitou e marcou nova data para 23 de novembro. Só não agendou para a semana que vem porque o ministro respondeu que estará em Dubai, com Jair Bolsonaro. Na Comissão de Fiscalização e Controle, porém, onde o presidente não marcou nova data, o autor do pedido de explicações do ministro já recorreu ao Supremo Tribunal Federal.
O problema é político
A documentação informa que Guedes não fez nada ilegal nem cometeu crimes. Mas os deputados querem mesmo é saber por que o ministro da Economia do Brasil mantém seu dinheiro no exterior. Além disso, a legislação diz que, convocados, os ministros devem ir pessoalmente dar explicações. A queda de braço só termina quando Guedes resolver comparecer, ou seja, não tem conversinha.
Hora das contas
Os presidentes de partido aproveitam o fim de semana prolongado para fazer as contas das nominatas de deputado federal rumo a 2022. Tem muita gente desesperada atrás de puxadores de votos, que agora interessam mais do que alianças partidárias.
Curtidas
Dois contra um/ Saiu de Arthur Virgílio um dos maiores petardos contra Eduardo Leite no debate das prévias tucanas. João Doria levantou o tema da votação da PEC dos Precatórios, que contou com o apoio de deputados do PSDB gaúcho, e Arthur completou: “Líder tem de liderar a bancada. Não deixe que lhe preguem na testa a tarja de bolsonarista. Não faça isso”, disse Arthur a Eduardo.
Almoço com política I/ Com as vacinas em dia, voltam as mesas animadas, como a da sexta-feira, em homenagem ao arquiteto Carlos Magalhães, falecido em maio. As conversas, porém, já estão focadas em 2022, fazendo pontes para o futuro de Brasília. À mesa, quase 20 pessoas, dos mais variados partidos e tendências. Tanto é que juntou o pré-candidato a governador do Distrito Federal pelo PSDB, Izalci Lucas, com dois dirigentes do MDB, Tadeu Filippelli e Luiz Pitiman, e um do PV, Gastão Ramos.
Almoço com política II/ Por essa mesa já passaram muitos governadores, senadores e líderes políticos. Nesse reencontro pós-vacina, na foto, de pé, Pitiman, Gastão Ramos, Silvestre Gorguho (ex-secretário de Cultura do DF), senador Izalci e o ex-presidente do Tribunal de Contas da União José Múcio Monteiro. Sentados, o advogado Paulo Castelo Branco, Filippelli e o consultor Jack Corrêa, autor do livro Lobby Stories, que teve um lançamento para lá de concorrido esta semana em Brasília.
Embora estejam dispostos a encerrar oficialmente os trabalhos da CPI da Pandemia em breve, os senadores já têm pronto todo um roteiro para não deixar o tema cair no esquecimento. Ao mesmo tempo em que prometem movimentar o final deste ano levando o relatório a várias instâncias — à Procuradoria-Geral da República (PGR); à Corte Internacional, na Suíça; passando, ainda, pelo Tribunal de Contas da União —, também já está definida a criação de uma Frente Parlamentar de Combate à covid-19 e outras epidemias.
A ideia é manter todos mobilizados para não deixar que, no ano eleitoral, com a população-alvo 100% vacinada, as pessoas deixem esse tema de lado e deem razão ao presidente Jair Bolsonaro, que sempre se referiu aos problemas econômicos gerados com o fechamento do comércio. O plano é preservar acesa a luz sobre o que muitos senadores chamam de “irresponsabilidade sanitária” do governo e do presidente da República, que, invariavelmente, criticava as medidas de distanciamento social. Com a Frente e o acompanhamento das ações judiciais e políticas que a CPI cobrará mundo afora, os senadores acreditam que o assunto ainda estará bem quente no ano eleitoral.
Modus operandi
Quem acompanha o jeitão do presidente Jair Bolsonaro com seus aliados e colaboradores tem certeza de que ele não afastará Paulo Guedes por causa da offshore nas Ilhas Britânicas. Mas isso não significa que o Centrão não aproveitará a “sabatina” no plenário da Câmara para chacoalhar o ministro da Economia.
Ele é assim
Aliados têm sido unânimes em observar que o presidente Jair Bolsonaro segurou Ricardo Salles no Ministério do Ambiente enquanto pôde. E não fará diferente com o ministro da Economia, que ainda tem um pé de sustentação no mercado.
Diferenças
No caso de Ricardo Salles, houve uma grande pressão internacional para que ele fosse afastado. O Brasil viu vários países suspendendo repasses de recursos e, constantemente, o governo passou pelo constrangimento de ver autoridades estrangeiras fazendo coro nas críticas ao ministro. No caso de Paulo Guedes, não há esse clima de animosidade externa.
Por falar em público externo…
Ao dizer que só vai prorrogar o auxílio emergencial se houver nova variante que agrave o cenário da pandemia, Paulo Guedes tenta manter o discurso de austeridade fiscal e afastar o fantasma do descontrole. Hoje, o governo retoma a batalha pelo Auxílio Brasil — o Bolsa Família sob nova roupagem —, que ainda está sem recursos definidos e depende da aprovação da PEC dos precatórios. O presidente tem pressa em ver esse programa de pé.
Conselheiros/ Amigos do ex-secretário do Tesouro Mansueto Almeida são muito francos quando perguntados se ele deveria aceitar um cargo de ministro no governo Bolsonaro. Dizem que ele será considerado “maluco”.
Na missa e no culto/ A presença do presidente Jair Bolsonaro na Basílica de Nossa Senhora Aparecida deu aos bolsonaristas o sinal de divisão do eleitorado católico. Ouviu aplausos e vaias. Nos cultos evangélicos, o presidente nunca ouviu vaias. Pelo menos, até aqui.
Tem que manter isso/ Para segurar a expressiva parcela do eleitorado evangélico, o presidente terá algum trabalho. Precisa garantir que seus ministros defendam com mais ênfase a aprovação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal e deixar de lado o projeto de regulamentação dos cassinos, que, volta e meia, retorna à baila.
Caiu na rede/ Aliados do governo ficaram preocupados com “fora Bolsonaro” entoado nos Jogos Universitários em Brasília. Há quem defenda que o governo busque urgentemente uma forma de conquistar um naco do eleitorado das universidades, porém a turma do Planalto faz ouvidos de mercador. É que, no entorno de Bolsonaro, em vez de buscar compreender e conquistar esse eleitorado, prevalece a ideia de que os universitários são petistas.
A convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para explicar a offshore com quase R$ 51 milhões nas Ilhas Virgens Britânicas, foi aprovada de lavada depois que o futuro partido de Bolsonaro, o PP, liderado pelo deputado Cacá Leão (BA), encaminhou favoravelmente. Entre os congressistas, está certo que Bolsonaro se filiará ao Progressistas do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Foram, inclusive, informados que o presidente já bateu o martelo. E se nem o futuro partido do presidente segurou essa convocação, os outros é que não iriam se expor ao desgaste.
O PP se animou com a filiação de Bolsonaro porque acredita que pode ser uma forma de a legenda entrar pela porta da frente, em São Paulo, onde os deputados Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli (ambos do PSL-SP) podem ajudar a puxar votos. No estado governado por João Doria, o PP tem, hoje, apenas quatro federais. Acha que pode, no mínimo, dobrar esse número.
Se vira, ministro
Paulo Guedes será bem tratado pelos integrantes do Progressistas, mas que não conte com vida fácil. O partido não vê a hora de Bolsonaro colocar ali um ministro capaz de levar boas notícias ao eleitorado no ano que vem.
A aposta do DEM
Ao selar a fusão para a formação do União Brasil, o DEM calculou que o PSL se reduzirá praticamente à metade, com a saída de muitos bolsonaristas. E a maioria dos oriundos dos Democratas, um partido mais orgânico, permanecerá. Logo, haverá mais dinheiro para a campanha e menos deputados para dividir o bolo.
A disputa que vem
O União Brasil chega com tamanho para não deixar Gilberto Kassab, do PSD, sozinho na busca de um nome novo, capaz de tirar votos de Jair Bolsonaro e de chegar ao segundo turno. O leitor da coluna, aliás, já sabe que ACM Neto planejava havia tempo se sentar à mesa com tamanho para discutir o nome da terceira via, tal e qual o antigo PFL fez em 1993 quando apostou em Fernando Henrique Cardoso.
Limonada
Ao informar ao Supremo Tribunal Federal (STF) que pode depor presencialmente sobre o caso de interferência na Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro segue na linha que vem adotando, de reforçar a calmaria.
Leite em Sampa/ Quando voltar da Europa, onde faz uma rodada com diversos investidores para levar recursos ao Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite dedicará alguns dias para angariar votos e apoios na terra do seu principal adversário interno, João Doria. Leite tem jantar marcado com empresários, no próximo dia 18.
Santo de casa/ O ministro da Cidadania, João Roma, tem sido chamado pelos bolsonaristas de “João Solução Roma”. Só tem um problema que está longe de ser resolvido: o financiamento do Auxílio Brasil.
Desafio I/ O financiamento do programa Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família, é o maior nó para o governo neste momento em que o presidente perde o apoio da parcela mais pobre da população. Daí o interesse do Poder Executivo em apressar a votação da PEC que permitirá um certo alívio no pagamento dos precatórios.
Desafio II/ E lá se vai um mês do 7 de Setembro, 30 dias sem muitos solavancos e um presidente bastante comedido nas declarações, longe do discurso radical. O país agradece.