O recado da OCDE para o governo brasileiro

Publicado em coluna Brasília-DF

Acostumados a um olhar mais acurado sobre os movimentos internacionais como um todo, embaixadores brasileiros viram uma mensagem muito clara no fato de a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mandar uma carta-convite para o ingresso do Brasil no seleto clube, ao mesmo tempo em que a Transparência Internacional apontou a queda do Brasil em duas posições no ranking da corrupção mundial.

A visão é a de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, avançou algumas casas nessa discussão, mas, nas demais áreas governamentais, o Brasil tem um longo caminho pela frente — como combate à corrupção, preservação do meio ambiente e reformas estruturais. O governo, porém, vai bater bumbo sobre a carta-convite como se estivesse tudo certo e cor-de-rosa em todas as áreas.

Guedes respira
A carta-convite que o governo brasileiro recebeu deu novo fôlego a Paulo Guedes e ajudará o presidente Jair Bolsonaro a reforçar o discurso de que os problemas brasileiros são reflexos da pandemia e do #fiqueemcasa. Num ano eleitoral, avisam os aliados do governo, foi a melhor notícia deste mês.

A simbologia do local
O anúncio da carta-convite no Palácio do Planalto foi justamente para marcar esse ato como uma vitória do governo Bolsonaro como um todo, e não deixar apenas os ministros de Relações Exteriores, Carlos França, e da Economia, Paulo Guedes, na foto.

Vai afunilar agora

Fevereiro será dedicado a definir quem será candidato a presidente da República e quem vai desistir da empreitada. Quem está buscando federações com outras legendas, caso do Cidadania com o PSDB, por exemplo, avisa de antemão que terá candidato: “Se fecharmos a federação, não vamos insistir na candidatura”, diz Roberto Freire.

O que está pegando
Falta o PSDB se reunir e decidir que deseja a federação com o Cidadania. Até aqui, só o Cidadania tirou uma indicação favorável em seu diretório nacional.

Tchau, Trump!/ Os embaixadores registram, ainda, que a posição dos EUA sem Donald Trump foi fundamental para que a OCDE enviasse o convite ao Brasil. Eram os norte-americanos que estavam segurando essa ampliação da entidade.

Esqueceram dele/ O pedido inicial para ingresso na OCDE foi feito no governo do ex-presidente Michel Temer, e o MDB vai tentar buscar uma vaga na foto desse processo.

Por falar em MDB…/ No papel de pré-candidata ao Planalto, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem conversado bastante com o ex-juiz Sergio Moro.

Olavo de Carvalho/ A forma como alguns se manifestaram nas redes sociais sobre a morte do escritor nos remete a um tempo medieval, em que algumas tribos exibiam cabeças de seus adversários espetadas sobre estacas. Retrocedemos várias casas na chamada civilidade e respeito.

 

Embaixadores veem com bons olhos Brasil fora da OCDE

Bolsonaro e Trump
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Enquanto se alardeia a não indicação do Brasil para ingresso na OCDE por parte dos Estados Unidos como uma grande derrota política do governo Jair Bolsonaro, embaixadores tarimbados e experientes nessas negociações e acordos internacionais suspiraram aliviados.

Letrinhas miúdas

Esses embaixadores classificam os códigos da OCDE como algemas para as negociações comerciais. Há quem diga inclusive que, se o Senado ler esses códigos, perceberá que não é ruim para o Brasil ficar fora desse clube.

X da questão

A enxurrada de investimentos no Brasil, algo que a atual equipe econômica atribuía como o principal objetivo do ingresso na OCDE, pode vir com a eliminação de excessos regulatórios, melhoria do ambiente de negócios, em especial na área de petróleo e gás, e segurança jurídica. Ou seja, fazer o dever de casa. Assim, mais tarde, se o Brasil estiver com seu dever de casa feito e com todos os códigos da OCDE decorados, poderá analisar com mais calma se vale a pena.

Não foi por falta de aviso

Em março, o representante de Comércio do governo americano, Robert Lighthizer, conversou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre exigências para o Brasil ingressar na OCDE: “Ele me disse: ‘Vocês têm de entender que, para entrar na OCDE, tem de sair do grupo dos favorecidos na OMC. Não tem troca’. Ele fez essa exigência. Eu fiz o meu pedido: ‘Me ajuda a entrar na primeira divisão’. E ele respondeu: ‘Me ajuda a limpar a segunda divisão’”, contou Guedes à coluna, quando da visita a Washington.