Presidente eleito deixa três pontos para amarrar até fevereiro

Publicado em coluna Brasília-DF

A demora do presidente eleito em montar a equipe do governo Lula 3 deixa pelo menos três pontos pendentes para ajeitar até fevereiro. Primeiro, a amplitude da base e resistências do PT a nomes de alguns partidos. Em segundo, a aposta dos agentes econômicos de que a inflação deve subir por causa da decisão do futuro governo de não prorrogar a isenção de impostos sobre os combustíveis. Afinal, na cabeça do povo e do “Seu José da Quitanda”, vale a máxima: quando a gasolina sobe, sobe tudo.

E ainda há um terceiro ponto: a desconfiança mútua entre Lula e o Centro/Centrão. O presidente eleito terá que dissipar a suspeita de que deu um empurrãozinho na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) — de acabar com as emendas de relator, o chamado orçamento secreto. Até aqui, há mais desafios do que motivos para relaxamento no dia da posse. Aliás, relaxar mesmo, só o “Lula Palooza” idealizado por Janja.

MDB apoiará, mas…

A opção de Lula por Renan Filho e Jader Filho para ministros de Lula deixou uma parcela expressiva dos emedebistas se sentindo como o “patinho feio”. Ainda que o Pará tenha eleito nove deputados dos 66 deputados emedebistas, soou com a volta da “velha politica” dos caciques partidários.

…tem problemas
Além das parcelas do próprio MDB, Lula corre o risco de não ter todos os votos, caso aceite o pedido do PT para que não dê porteira fechada aos aliados. A guerra, a partir de agora, será em torno dos cargos nos estados.

Ele tem a força
A resistência do PT em aceitar Elmar Nascimento (BA) como ministro com a grife União Brasil arrisca jogar a maioria dos deputados do partido na oposição. Quem conhece a fundo a agremiação avisa que Luciano Bivar não controla a bancada de
59 deputados.

Na ponta do lápis
Este ano, Luciano Bivar tentou correr uma lista para tirar Elmar da liderança do União Brasil. Não conseguiu sequer 20 assinaturas.

O clima do momento/ Lula chega hoje à situação em que todos os partidos que o apoiaram em outubro se acham “o ponto percentual” que garantiu a vitória no segundo turno. O Solidariedade, de Paulinho da Força, é um deles. Até agora, não tem um ministério.

Virou chacota/ Nos bastidores dos partidos quase aliados, a tal frente ampla que Lula prometeu na campanha vem sendo chamada de “Frente Ampla do PT”, onde todas as tendências foram contempladas.

Esqueceram deles…/ A virada do ano está logo ali e nada ainda de Ministério para o PT de Minas Gerais. Ali, está com jeitão de “santo de casa não faz milagre”.

…e ajudaram os outros/ Até aqui, de políticos raiz no ministério Lula 3, Minas terá o senador Alexandre Silveira, que deve ser confirmado na pasta de Minas e Energia. É o nome defendido por Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Senado e candidato a mais dois anos no comando da Casa.

Gente para demonstrar força/ Os petistas não vão desistir do show, todo concebido pela futura primeira-dama Janja. A ordem é reunir uma multidão capaz de mostrar que o PT não perdeu apoio nas ruas. Aliás, dado às nuvens escuras no horizonte, o PT vai precisar de apoio popular para ajudar a criar um ambiente menos tenso.