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Coluna Brasília/DF, publicada em 20 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Com o ex-presidente Jair Bolsonaro denunciado, os bolsonaristas planejam eleger senadores para chegar a um número capaz de promover o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Eles têm, hoje, oito senadores com mandato até 2031. Se elegerem 40 entre parlamentares da legenda e aliados, terão maioria, inclusive, para tentar eleger o presidente da Casa.
Escolha um caminho
O atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), com mandato até 2031, tem condições de concorrer ao comando da Casa, uma vez que será uma nova legislatura. Há quem diga que se Alcolumbre quiser se reeleger com o apoio dos bolsonaristas, terá que reforçar as fileiras contra o ministro do STF.
Sejam discretos
Dentro do governo, a ordem é tratar a denúncia envolvendo Bolsonaro como um assunto relacionado ao Judiciário. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer ver ministros metendo a mão nessa cumbuca.
Mais um?
Baseado na delação de Mauro Cid, alguns parlamentares acreditam que seria possível “puxar” a deputada Carla Zambelli (PL-SP) para a denúncia do golpe. O motivo seria a ligação dela com as milícias digitais, processo que corre no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), e que foram essenciais para o que a Procuradoria-Geral da República (PGR) classifica como trama golpista de 2022.
Lá e cá
Enquanto a oposição fazia a coletiva de imprensa no Salão verde sobre a denúncia entregue pelo procurador Paulo Gonet, o deputado Rogério Correia (PT-MG) afirmava na tribuna que Bolsonaro será preso.
Apoio americano?
Aliados de Bolsonaro no Congresso apostam no apoio do presidente norte-americano Donald Trump. A razão seria a visita do relator especial para Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), Pedro Vaca Villareal, ao Brasil. Os parlamentares torcem para que o relatório de Villareal dê argumentos capazes de fazer Trump tarifar ainda mais os produtos brasileiros, até que “o país volte a normalidade” — dizem os bolsonaristas.
Amigos, amigos…
…negócios à parte. A turma do agro, mesmo aquela que apoia Bolsonaro, não quer misturar as estações, da liberdade de expressão com a das tarifas. Não dá para fazer luta ideológica prejudicando os produtores brasileiros.
CURTIDAS
Desconfiado de tudo/ A delação do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, deixa claro que o presidente não confiava no vice-presidente Hamilton Mourão. Aliás, Cid atribui a suspeitas de encontros entre o general da reserva e hoje senador pelo Republicanos gaúcho e Alexandre de Moraes para pedir que o ministro fosse monitorado.
Alta visibilidade/ O processo contra Bolsonaro tomará conta do noticiário nos próximos meses.
O perigo/ O receio do Palácio do Planalto é que esse tema deixe na penumbra as ações do governo Lula.
Enroladinha/ Embora a eleição da presidência da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado tenha sido rápida, a sessão passou um pouco além do horário porque a nova presidente, Damares Alves (Republicanos-DF), exagerou no tempo do discurso. Por isso, a eleição da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), na mesma sala, atrasou, deixando os senadores confusos. Damares já começou ganhando a alcunha de “enroladinha.
Em conversas com emedebistas e empresários durante a passagem por Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro que, ao longo do período de campanha oficial, correrá atrás daqueles que resistem à polarização e querem dar chances a outros nomes. O alvo principal é o MDB, de Simone Tebet, e o PSD, que ficará neutro na eleição presidencial — e em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, selou parceria com o ex-ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas, do Republicanos, o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A investida do PT vem calcada em três palavras: “credibilidade”, porque Lula já foi presidente; “estabilidade”, porque ele se mostra disposto ao diálogo com todas as forças políticas; e “previsibilidade”, pois não pretende flertar com tentativas de golpe.
Só tem um probleminha: os empresários que conversaram de forma mais alentada com Lula não receberam do ex-presidente qualquer vislumbre de projeto econômico. E enquanto o petista não apresentar um projeto que garanta menos intervencionismo do Estado na economia, não fecharão com o PT.
O recado da PEC
O placar do primeiro turno da PEC 15, que aumenta o valor do Auxílio Brasil e cria o voucher caminhoneiro, deixou claro que o PP de Arthur Lira (AL) e o próprio Bolsonaro, aos poucos, aprenderam a jogar num campo no qual, até aqui, o PT reinava sozinho: o dos benefícios sociais.
Vai tudo para…
Ao longo do dia, no Plenário, vários discursos contrários. Mas, no painel, 393 votos a favor da concessão dos auxílios foi um sinal de que o governo deixou o PT em xeque no campo onde o partido de Lula sempre reinou praticamente sozinho.
… o horário eleitoral
Os bolsonaristas registraram vários discursos para pinçar as partes em que criticavam a concessão dos benefícios em ano eleitoral.
Com 5G e acontece isso?!
O sistema de votação ficar fora do ar justamente na hora da análise da PEC das Bondades, ou Kamikaze, foi considerado estranho pelos líderes aliados ao governo. Especialmente porque, em Brasília, o 5G já está funcionando. A informação era de que, pelo menos, 60 deputados não conseguiram votar pelo aplicativo. Esta quarta-feira será de pura confusão.
Moraes para contê-los/ Ao manter em aberto o inquérito das milícias digitais por mais 90 dias, a ideia do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é evitar que essa turma ultrapasse os limites no período eleitoral.
Sai daí rapidinho/ Ao fazer chamada de vídeo para parentes de Marcelo Arruda, o petista assassinado no dia do aniversário de 50 anos, em Foz do Iguaçu, Bolsonaro cumpre conselhos daqueles que torcem para vê-lo mais calmo e evitando radicalizações na campanha. Afinal, se quiser vencer em outubro, terá que conquistar votos ao centro.
Tá vendo aí/ Na abertura do Fórum do Leite, uma voz rouca tentou ecoar um “Bolsonaro 2022”. Ouviu poucas palmas no auditório lotado do Sebrae, em Brasília. A surpresa, porém veio no segundo painel, quando o mestre de cerimônia chamou o presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, de “presidente do Brasil”. Foram tantos aplausos e assobios, que Ribeiro não descartou “um dia”, quem sabe, concorrer ao Planalto.
Assim não dá/ A deputada Celina Leão (PP-DF) ficou tão estarrecida que colocou em suas redes sociais o aumento do número de seguidores do “tarado da sala cirúrgica”, o médico Giovanni Quintella Bezerra, preso depois de ser flagrado estuprando uma mulher durante o parto. “Depois do ocorrido, o anestesista ganhou mais de 10 mil seguidores. São essas pessoas que queremos seguir como exemplo?”, pergunta Celina.
Gilberto Amaral/ Um ícone da cidade se foi, ontem. Ficam aqui nossas condolências à mulher, Mara, e aos filhos, Rodrigo, Bernadete e Marcelo.
Colaborou Rosana Hessel