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Aliados vão aproveitar afastamento de Bolsonaro para amenizar crise entre os Poderes
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro se mantiver afastado sob cuidados médicos, os seus articuladores políticos querem aproveitar para tentar amenizar a crise entre os Poderes que vinha numa onda crescente. A ordem é aproveitar o período do recesso parlamentar e do Judiciário para baixar a poeira e promover conversas nos bastidores, que costumam ser muito mais produtivas do que os encontros formais, com discursos protocolares que não surtem efeito prático.
Até aqui, avisam alguns, o escalado para essa tarefa foi o ministro de Comunicações, Fábio Faria, um dos mais próximos de Jair Bolsonaro.
Diga ao povo que fico
Bolsonaro segue no comando do país, mesmo no hospital. É que, com o vice-presidente Hamilton Mourão viajando, Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Câmara, passaria pelo constrangimento de não poder assumir porque é réu em processo no Supremo Tribunal Federal. Assim, a Presidência da República, até a volta de Mourão, marcada para sábado, ficaria a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Quem manda
A decisão sobre licença caberá à equipe que está atendendo o presidente. Se os médicos assim determinarem, Bolsonaro terá que se licenciar para cuidar da saúde e Mourão pode, inclusive, antecipar sua volta ao Brasil para preservar Lira.
Deixe tudo para depois
Com Bolsonaro internado, temas importantes para ele foram adiados. No caso da proposta que estabelece a impressão do voto, por exemplo, falta número para aprovar. Ou o presidente põe seu pessoal na porta do Congresso exigindo essa aprovação ou não passa.
E dá-lhe desgaste
Com a prorrogação da CPI da Covid aprovada, o governo pode se preparar para ficar sofrendo desgastes até o final de outubro — ou seja, um ano antes da eleição.
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Sobrou para ele/ A contar pela determinação dos congressistas em partir para o recesso, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ficará até o final do mês “sangrando”, esperando o depoimento à CPI. É o único que não tem nada a ganhar com o recesso.
É por aí/ Se o caso de Bolsonaro fosse simplesmente um mal-estar, ele não teria sido transferido para São Paulo.
Sem trégua/ Com o presidente internado, vários passageiros de carros que passavam em frente ao Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, gritavam “Fora Bolsonaro”. Um grupo de apoiadores fez o contraponto, com bandeiras e orações.
Parceria reforçada/ Na véspera de sua internação, o presidente conversou pela primeira vez com o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett. Além dos protocolares agradecimentos pelos calorosos parabéns que Bolsonaro enviou pelo estabelecimento do governo em Israel, Bennett elogiou a eleição do Brasil como membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e enfatizou a posição forte e contínua do Brasil ao lado de Israel na arena internacional.