Bolsonaro e Lula vão ignorar candidatos da 3ª via

Publicado em coluna Brasília-DF

Nas reuniões políticas mais reservadas desta semana, um grupo seleto de senadores alertou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, da necessidade de se dar uma resposta aos críticos do poder que o Congresso exerce sobre o Orçamento, leia-se, a instituição das emendas de relator, batizadas de “orçamento secreto”. Assim que acabar a eleição, a ordem é tornar tudo mais transparente, de forma a evitar que qualquer que seja o vencedor do pleito deste ano tente tirar dos parlamentares a prerrogativa de definir para onde vão os recursos.

A avaliação — que permeia todos os partidos e não apenas os do Centrão — é que ninguém é melhor do que o deputado ou o senador, que conhece os municípios e a população de perto, para indicar as obras e necessidades de cada região. Se tiver alguém desviando dinheiro dessas emendas, que seja punido. Mas, avaliam, a definição de onde aplicar os recursos públicos deve permanecer nas mãos dos congressistas.

Pode ficar pior

Se a maioria do Supremo Tribunal Federal (STF) contrária à retroatividade da Lei de Improbidade deixou alguns candidatos frustrados, outros casos pendentes na Corte aumentarão a tristeza de muitos. Está pendente de julgamento a constitucionalidade de dez artigos, requerida pelo Instituto Não Aceito Corrupção.

Santos de casa
A depender dos aliados do PT de Lula e do MDB de Simone Tebet, os presidenciáveis que apontam entre as promessas o fim do orçamento secreto vão ficar falando sozinhos. Nem o MDB e nem os aliados do PT querem devolver o poder ao Executivo.

Esqueçam eles
Lula e Bolsonaro vão permanecer atacando um ao outro. Nenhum dos dois quer chamar os nomes da terceira via para o debate. Aliás, no caso de Lula, a ordem é continuar jogando para tentar fechar a eleição em primeiro turno, conforme o leitor da coluna já sabe. Esta semana, por exemplo, ele relatou a integrantes do MDB que está muito preocupado com um possível segundo turno.

Você, para mim…
…é problema seu. A contar pelas andanças e conversas de Simone Tebet e de Ciro Gomes, esse discurso de preocupação com o segundo turno não passa de “esperteza” de Lula, que quer se colocar como a única alternativa para o país e desprezar as demais.

Começou cedo/ O incidente em que um youtuber foi empurrado na porta do Alvorada, local onde o presidente Jair Bolsonaro costuma conversar com apoiadores, e que viralizou nas redes sociais, fará com que a segurança do Planalto tome cuidado redobrado com o chamado “cercadinho”. Antes de ser candidato à reeleição, Bolsonaro é presidente da República, e não pode se pôr em risco.

Caiu na rede/ O apelido que o youtuber deu ao presidente, “Tchuchuca do Centrão”, correu o mundo nas redes sociais.

Esse santo quer reza/ Em plena largada da corrida eleitoral, o ex-presidente Michel Temer postou em seu Instagram um tbt com a imagem da recepção ao time de basquete Universo, no Palácio do Planalto, e a inscrição “Saudades do Planalto”.

Governo prepara terreno para auxílio de R$ 600 permanente

Publicado em coluna Brasília-DF

Enquanto os políticos se dedicam à campanha eleitoral, uma reunião ministerial no Palácio do Planalto, esta semana, deflagrou a discussão sobre o resgate da proposta de reajuste do Imposto de Renda, já aprovada na Câmara, para garantir os recursos necessários para que o Auxílio Brasil de R$ 600 se torne permanente. O projeto, considerado a fase dois da reforma tributária, corrige as tabelas de IR e prevê a taxação de lucros e dividendos para os 60 mil mais ricos do país.

“Muitos se esqueceram dessa proposta, mas eu não me esqueci”, disse ao Correio o ministro da Economia, Paulo Guedes, que já discute com a área política — leia-se Casa Civil e Secretaria de Governo — a estratégia para tentar votar essa reforma assim que terminar o processo eleitoral.

Sem escapatória
Propostas de taxação de lucros e dividendos não são privilégio do atual governo. O economista Guilherme Mello, que integra a equipe dedicada a elaborar os projetos econômicos do PT, tem defendido esse caminho em palestras pelo país afora.

Apostas palacianas
No coração do governo, espera-se que os números do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas melhorem a partir da segunda quinzena de agosto, depois que a população receber a parcela do Auxílio Brasil de R$ 600 e os outros benefícios da PEC das Bondades.

Falta garantir o cascalho

A estratégia de José Antonio Reguffe, do União Brasil, de ir às redes sociais para dar um ultimato contra a ameaça de ele não ser candidato a nada, caso a legenda não cumprisse o acordo de dar-lhe passe-livre para uma candidatura ao GDF, deu certo em parte. O partido aceitou a candidatura, mas daí a garantir o financiamento, será outra novela.

6 x 5
É esse o placar que alguns políticos projetam para a votação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a retroatividade da Lei de Improbidade. E segundo alguns, será no sentido do que apresentou Alexandre Moraes — ou seja, não retroagir a lei para os casos que já foram julgados.

Ele entende de contas/ O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passou esta semana em Brasília, em contatos com parlamentares da direita à esquerda. Nesses encontros, a maioria deles no rooftop do B Hotel, projetou a vitória de Bolsonaro.

A missão de André Janones…/ Ao anunciar o apoio ao ex-presidente Lula, o deputado federal recebeu dos petistas um pedido para que ajude a alavancar a campanha presidencial nas redes sociais.

… e dos artistas/ Artistas aliados a Lula, como Chico Buarque, Daniela Mercury, Anitta, entre outros, também serão chamados a ajudar. A ideia é deixar a coordenação dessa turma a cargo de Janja, a mulher do ex-presidente.

Esforço diluído/ O Congresso bem que tentou fazer um “esforço concentrado” para votações, esta semana, mas, no geral, a turma preferiu distribuir o foco entre compromissos de campanha e sessões virtuais. É que, a menos de 60 dias das eleições, ninguém quer perder tempo.

Lula não quer saber do impeachment de Bolsonaro

Publicado em coluna Brasília-DF

Embora o PT tenha convocado o ato em prol do impeachment do presidente da República, Lula tem dito em suas conversas mais reservadas com petistas que não quer saber da saída antecipada do presidente. Aliás, essa foi a leitura feita por nove em cada 10 políticos, depois que Lula não compareceu ao ato do último sábado. Aliás, amigos do presidente repetem diariamente que não é porque um presidente vai mal, que ele deve sofrer impeachment. Essa seara cabe ao eleitor decidir nas urnas.

O discurso de Bolsonaro para 2022

Ainda que não consiga levar adiante a retomada da economia, o presidente Jair Bolsonaro tem pronto o roteiro que levará para a sua campanha reeleitoral, caso seja candidato. Como repete hoje, ele reforçará que a situação ficou ruim por causa do #fiqueemcasa promovido pelos governos estaduais e prefeituras. E só não ficou pior porque o governo deu o auxílio emergencial e o financiamento às empresas.

Página virada
Quanto à CPI e à gestão da pandemia, o presidente e seus aliados acreditam que, até a eleição, com toda a população vacinada, esse tema estará superado. Aliás, na avaliação dos políticos, a chave já virou: a economia está falando muito mais alto do que o medo do vírus.

Moro na pista…
O ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro ampliou as conversas sobre uma candidatura à Presidência da República. Assim que terminar a prévia do PSDB, em novembro, voltará a se sentar com os partidos. O leque inclui Podemos, Cidadania, DEM/PSL e até uma composição com o PSDB.

…e com discurso
A avaliação dos fiéis escudeiros de Moro é a de que a bandeira de combate à corrupção foi para o limbo depois das suspeitas sobre os filhos de Bolsonaro e a aliança do presidente com partidos enroscados em escândalos recentes, como o Petrolão.

A hora da caça
O adiamento da votação da Lei de Improbidade não significa que a Câmara dos Deputados tenha sérias dificuldades em aprovar o texto. Ao contrário: tese de que, se não houver a intenção de dolo, estará tudo bem, agrada e muito à maioria dos políticos.

Curtidas

Saldo/ Das conversas de Lula com o PSB e o PSD, saiu a certeza de que uma aliança com os socialistas dependerá dos acordos estaduais. Já com o partido de Gilberto Kassab, a investida deu água. Kassab está convencido de que o melhor caminho para a sobrevivência nesse cenário incerto é a candidatura própria.

Plano A e plano B/ Kassab dá como certo que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se filiará ao partido e será candidato. Se chegar ao segundo turno, ótimo. Se não chegar, o PSD estará inteiro. Afinal, se optar por qualquer um dos polos de hoje num primeiro turno, o partido racha ao meio e não chegará a lugar algum.

Questão de honra/ A cúpula do PSB coloca como prioridade, por exemplo, os candidatos aos governos de Pernambuco, do Espírito Santo e o do … Rio de Janeiro. No Rio, o PSB já apresentou nome de Marcelo Freixo, oriundo do Psol, e hoje filiado ao partido. E quer também a candidatura ao Senado para o líder da minoria, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).

Se colar, colou/ O PSB quer mais à frente discutir a candidatura a vice na chapa de Lula. O petista, porém, prefere um nome do empresariado, tal qual o ex-senador José Alencar.