O desafio de Gleisi é pagar as emendas

Publicado em coluna Brasília-DF
Crédito: Caio Gomez

Coluna Brasília/DF, publicada em 6 de março de 2025, por Denise Rothenbug, com Eduarda Esposito

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, aproveita esses dias pré-carnavalescos para tirar o pulso dos líderes aliados e do governo. Até aqui, o que se ouve nos bastidores, é que o principal desafio de Gleisi será garantir o pagamento das emendas de 2024 e, também, as de 2025 — obviamente, depois de aprovado o Orçamento. Sem o pagamento desses recursos, será difícil o governo conseguir emplacar suas prioridades na pauta. A avaliação é de que não tem cargo de ministro que compense o não cumprimento das propostas orçamentárias dos parlamentares.

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Em tempo: Gleisi está sendo muito bem-recebida pelos líderes dos partidos de centro. O que se ouve deles nas rodas de conversa é: “Gleisi, tudo o que trata, cumpre”.

Fica, Guimarães

Começou um movimento entre os líderes partidários para que o deputado José Guimarães (PT-CE) permaneça no cargo, em vez de cumprir um mandato-tampão de presidente do partido. O líder do PP, Doutor Luizinho (RJ), é direto: “Sou 1000% a favor de que ele permaneça”.

Depende dela

Guimarães conversa hoje com Gleisi para definir seu destino. Se depender dele, a tendência é permanecer no posto atual. Tem muita gente no PT considerando um problema sair da liderança para um mandato tampão de quatro meses. Até tomar pé da situação, terá chegada a hora de sair.

China x EUA I

A revanche da China, de aumentar em 10% a taxa de importação de soja dos Estados Unidos para fazer frente tarifaço de Donald Trump, tem tudo para beneficiar o Brasil. De acordo com o vice-presidente da Atto EXP Empresarial, João Fossaluzza, “o Brasil, sendo um dos maiores produtores mundiais de soja, está bem posicionado para suprir essa demanda adicional. Além disso, temos um histórico de substituição favorável. Durante disputas comerciais anteriores entre China e EUA, como a de 2018, o Brasil se beneficiou ao aumentar as exportações de soja para o mercado chinês, substituindo a participação norte-americana. Acredito que acontecerá novamente isso”, diz.

China x EUA II

Outros especialistas, entretanto, pedem cautela: “Mesmo com um eventual aumento na demanda, os produtores brasileiros devem avaliar bem o risco de aumentar a dependência comercial da China, o que pode tirar nosso poder de negociação e nos deixar mais suscetíveis às exigências de preços mais baixos, mudanças contratuais desfavoráveis e, até mesmo, pressões ambientais sobre a expansão agrícola”, alerta Marco Antônio Ruzene, doutor em direito tributário e mestre em direito das relações econômicas internacionais.

CURTIDAS

Trio elétrico/ Entre uma volta e outra de jet-ski, Jair Bolsonaro aproveitou o carnaval em Angra dos Reis (RJ) para colocar a conversa em dia com seu ex-ministro da Casa Civil e presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e com o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite — que por lá passou para dar um abraço no ex-presidente.

Vem por aí/ Vai começar no PP um movimento da ala bolsonarista para se afastar do governo. Ciro defende, dia e noite, que o partido fique com Bolsonaro, em 2026. Em qualquer circunstância.

Por falar em Bolsonaro…/ Até aqui, o ex-presidente perdeu tudo que sua defesa pediu ao Supremo Tribunal Federal — de prazos a impedimento de ministros, passando pela transferência do julgamento da 1ª Turma para o plenário. A ordem é manter o eleitorado aceso com as manifestações de rua, em 16 de março.

Antônio Andrade/ A coluna se solidariza com a família do ex-ministro da Agricultura e ex-vice-governador de Minas Gerais, falecido aos 71 anos. A bancada do agro, que ele integrou nos tempos de deputado federal, deve prestar homenagem na próxima semana.