Demora na nomeação do segundo escalão pode ajudar reeleição de Rodrigo Pacheco no Senado

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Os congressistas aliados ao governo estão com a impressão de que o presidente Lula segurou as nomeações de segundo escalão para dar um “empurrãozinho” na reeleição de Rodrigo Pacheco para presidente do Senado. Hoje, há o risco real de um bloco com PL, PP e Republicanos no Senado em prol da candidatura de Rogério Marinho (PL-RN), um ponto de partida de 25 parlamentares. Essa base de Marinho pode chegar a 35 votos, incluindo aqueles que, embora tenham legendas aliadas ao governo, querem um perfil mais oposicionista no comando da Casa, e/ou estão dispostos a seguir para o PL, de olho em recursos financeiros para a eleição de 2026. A acolhida a esses senadores, aliás, será o foco do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, nos 11 dias que faltam para a instalação da nova Legislatura e a eleição das duas Mesas Diretoras (Câmara e Senado). Se esse cenário se confirmar, o Senado voltará ser o ponto nevrálgico para Lula, como foi em 2010, quando o governo Lula 2 perdeu a CPMF.

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Na equipe de Lula, há quem diga que essas nomeações só sairão, de fato, depois do carnaval, entre março e abril. Na semana que vem, o governo apresenta seu organograma. Feito isso, virá a pesquisa sobre os indicados, algo que a burocracia exige e que leva, em média, 30 dias. Feito esse “pente fino”, aí sim, começarão as nomeações, que devem coincidir com a época em que o governo terá ideia do tamanho da base que o apoiará.

Hora de pacificar

Militares, hoje, estão dispostos a baixar totalmente a suspeição sobre as Forças Armadas como um todo. A calma, porém, será temporária se a pacificação não for geral, ou seja, os militares consideram que quem participou de quebra-quebra deve ser punido e que fardados da ativa em movimentos políticos também precisam receber uma punição. Porém, é preciso que, da parte do PT e de Lula, também seja hasteada a bandeira branca.

Desça do palanque
Políticos que acompanharam as últimas declarações do presidente Lula consideram que, assim como a oposição, o presidente da República precisa ser mais comedido nas declarações sobre economia. O diagnóstico da crise que o país vive está posto desde a campanha. A hora é de começar a apresentar soluções, caminhar para o centro e, assim, buscar a governabilidade. Bater na independência do Banco Central e no mercado financeiro não trará crescimento econômico nem recursos para ajudar os mais pobres.

Uma coisa e outra coisa
Os deputados já separaram os atos terroristas das negociações com o governo. Em conversas reservadas, muitos dizem que os responsáveis pela depredação de 8 de janeiro já estão sob investigação/punição. Com a democracia assegurada, agora a negociação volta ao leito normal e não cabe ao governo misturar esses temas.

Me inclua fora dessa
Ao dizer que a minuta de decreto deve ser desconsiderada por ser um documento apócrifo, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro trabalha para tentar blindar o ex-chefe de Anderson Torres. A avaliação é que, se não tem assinatura, não pode ser atribuída a uma vontade do ex-presidente nem algo arquitetado por ele. O inferno de Bolsonaro nos tribunais, porém, está só começando.

O ponto de equilíbrio/ O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, é visto como um dos alicerces do governo Lula 3. Foi ele quem, em 8 de janeiro, evitou que houvesse uma intervenção total no Distrito Federal. Disse que era preciso foco no problema, que estava na segurança, e não o governo local como um todo.

Veja bem/ Davi Alcolumbre vendeu ao Planalto que seu alcance de votos vai muito além do União Brasil. As contas da turma de Rogério Marinho indicam que, mesmo no papel de ex-presidente da Casa, Alcolumbre terá apenas dois votos na bancada da sua própria legenda.

Guerra de titãs/ Rogério Marinho tem Valdemar da Costa Neto em seu trabalho. Rodrigo Pacheco tem Gilberto Kassab e Alcolumbre na busca de votos nos partidos conservadores e de centro.

“Airbnb”/ Assim, os políticos do PT estão chamando as instalações ocupadas nesses dias pelo ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. Prisão com tevê, frigobar e microondas há tempos não se via.

Lula começa a enfrentar problemas políticos

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Neste momento em que baixa a poeira dos atos de 8 de janeiro, os problemas políticos que o presidente Lula irá enfrentar começam a aparecer. O primeiro é a incerteza sobre o tamanho da base do governo na Câmara e no Senado, tema, aliás, que Lula evitou detalhar na entrevista à Globonews. E, embora haja uma unidade em defesa da democracia, esse “vamos dar as mãos” não se manterá na hora de votar os projetos no Parlamento. Até aqui, o União Brasil, como o leitor da coluna já sabe, é um poço de mágoas. Os parlamentares não se consideram representados pelo ministro Waldez Goes, indicado por Davi Alcolumbre. Um grupo de deputados se prepara para uma declaração de independência e para discutir caso a caso as votações propostas por Lula.

No MDB, apesar da boa vontade e da parceria de um grupo majoritário, o fato de o PT querer revisar o processo da presidente Dilma Rousseff e tatuar na testa dos emedebistas a tarja de golpistas teve resposta imediata do partido. Em suas redes, o MDB fez circular em letras garrafais que o governo “erra” ao chamar de golpe uma decisão do constitucional tomada pelo Congresso e STF, dois Poderes da República”.

Para bons entendedores…

A conversa do presidente Lula com os militares, amanhã, pretende ser o marco da retomada do comando das Forças Armadas pelo poder civil constitucionalmente instalado no Planalto. A ideia do governo é tocar nos assuntos afeitos à caserna, conforme adiantou o próprio Lula em entrevista à Globonews. O recado será claro: De política, cuidamos nós. Da estrutura de defesa, contra ameaças externas, cuidam vocês.

… o recado será dado
Da parte dos militares, é preciso realinhar as Forças Armadas. Afinal, se houver punição a quem apenas participou de manifestações e saiu de perto quando percebeu o que estava em curso, vai passar ideia de perseguição.

Nem vem
A fala de Lula à Globonews deu a entender a muitos deputados que a autonomia do Banco Central incomoda o seu governo. Só tem um probleminha: A preços de hoje, não haverá maioria no Congresso para que o Poder Executivo — leia-se Ministério da Fazenda — retomar o comando da instituição.

Militares no Palácio serão restritos
As exonerações no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e nos cargos palacianos não terminaram. O governo está a cada dia mais convencido de que o coração do Poder Executivo deve ser eminentemente civil. Inclusive nessas áreas de ajudância de ordens e de inteligência.

O “bonitão” tem a força/ Deputados de vários partidos estão dedicados a manter o Coaf — Controle de Atividades Financeiras — no Banco Central. Entre o ministro Fernando Haddad e o BC, preferem deixar essa poderosa ferramenta com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a quem as deputadas chamam de “o bonitão”.

Lula leva eleitores de Bolsonaro/ Os acenos de Lula para regularizar o serviço dos trabalhadores de aplicativos fará encolher ainda mais a base do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse segmento era simpático ao capitão.

Veja bem/ Se o projeto de regulamentação do trabalho desses entregadores der certo, há quem diga que será mais um “perdeu, mané”.

Tudo é culpa do Renan/ Passado o susto da internação do presidente da Câmara, Arthur Lira, por causa de pedras nos rins, os aliados dele brincavam: “Isso é praga do Renan”. Lira e o senador Renan Calheiros são adversários ferrenhos em Alagoas. O governo torce, aliás, para que a briga fique apenas no solo alagoano.

Governo federal e GDF buscam novo secretário

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Paralelamente às punições pelos atos de vandalismo e terror em 8 de janeiro, as autoridades começam a buscar quem ocupará a Secretaria de Segurança do Distrito Federal. A tendência, hoje, é nomear Claudio Tusco, delegado da Polícia Federal. Tusco esteve cotado para dirigir a corporação, mas o escolhido foi Andrei Rodrigues. Ele é ligado ao PT, tem a confiança do partido e, por tabela, do presidente Lula, e já atuou na Secretaria de Segurança Pública do DF como assessor, no governo Agnelo Queiroz. É o nome mais forte hoje.

A governadora em exercício, Celina Leão, já avisou ao governo federal que a escolha será feita em comum acordo e que não vai se opor a sugestões. O momento, aliás, é de pacificação. Ninguém hoje tem interesse em queda de braço, sabendo que ainda há risco de ataques em Brasília e no Brasil como um todo. Afinal, há muitos radicais à solta.

Confia desconfiando

No governo federal, a avaliação é que a poeira da crise de confiança entre o Planalto e parte dos militares, gerada a partir dos ataques de 8 de janeiro, vai custar a baixar. A exoneração de 40 integrantes das Forças Armadas que serviam no Alvorada é citada nos bastidores como mais uma prova de que o clima não está bom.

E o Anderson, hein?
Não deve entregar ninguém. Vai manter a linha da defesa de que estava fora do país. O problema é que, sem entregar o celular, vai ficar difícil. Há quem diga que há, inclusive, vídeos em que ele aparece ao lado do presidente Jair Bolsonaro nos Estados Unidos. Só tem um probleminha: Bolsonaro viajou várias vezes aos EUA em seu governo. Portanto, a gravação pode ser antiga.

A briga por protagonismo
Em campanha para a reeleição, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o da Câmara, Arthur Lira, já têm contratado o primeiro embate para fevereiro. Lira fez chegar ao Planalto que a reforma tributária deve ser votada, primeiramente, pelos deputados.

Cheguei primeiro
Pacheco, por sua vez, tem dito a aliados que a proposta está mais adiantada no Senado. Mas, o presidente do MDB, Baleia Rossi, já começou a conversar com a equipe do Ministério da Fazenda. Segundo aliados, é no sentido de fortalecer a posição da Câmara.

Arthur em campanha/ Embora seja favorito para mais dois anos no comando da Câmara, Arthur Lira pedirá votos para todos os deputados que puder. Começou com um café com a bancada do Acre, em que nenhum deputado foi reeleito. Depois, foi a vez de Roraima, terra de Jhonatas de Jesus, candidato à vaga para o Tribunal de Contas da União.

O relógio “causou”/ Ao reparar que o relógio destruído no Palácio do Planalto marcava 1h30, grupos bolsonaristas no WhatsApp tentaram passar a ideia de que a depredação teria ocorrido antes da invasão. As câmeras de segurança, porém, registraram a quebradeira às 15h43. No Planalto, explica-se por que o relógio marcava horário diverso do real. É que estava faltando uma peça para que ele pudesse funcionar a contento.

Veja bem/ Ainda no governo Bolsonaro, houve planos de levar o relógio para a França, para conserto, mas o pessoal do Planalto ficou com medo de que aquela preciosidade fosse trocada. E, de todo o modo, sairia muito caro.

Janja pesquisa/ A primeira-dama andou pelo CasaPark nesta semana, olhando móveis. Entrou, inclusive, nas lojas mais caras, como as que o senador Flávio Bolsonaro visitou para comprar peças da casa dele, no Jardim Botânico.

Kassab tenta acomodar PSD no jogo político em São Paulo

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Silenciosamente, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, joga a rede no esfacelado. A ordem é atrair os prefeitos tucanos de São Paulo, que ficaram à deriva diante da derrota do governador Rodrigo Garcia. A aposta geral é a de que o PSD, que fez menos deputados do que previa, tem agora a chance de se acomodar melhor no centro do tabuleiro com a vice-governadoria de São Paulo, caso a chapa Tarcísio de Freitas e Felício Ramuth, do PSD, seja eleita. Para quem esperava ingressar na chapa de Tarcísio apenas para evitar tomar partido neste segundo turno, a chegada de Tarcísio ao segundo turno com reais chances de vitória mudou o cenário.

A urna foi boa, mas a conta…

O MDB do Maranhão entrou com uma representação na Justiça Eleitoral para rever o resultado da eleição para deputado federal no Maranhão. É que o partido fez as contas e descobriu que ao distribuir as vagas por média, o TRE desprezou parte do artigo 109 da lei eleitoral.

… vai para a Justiça
É que, depois de distribuídas as vagas por quociente, por ter 10% dos votos, a última etapa é calcular as “sobras”. O MDB está convencido de que o cálculo feito no Maranhão está equivocado.

Muita calma nessa hora
A polêmica em torno das “sobras” no Maranhão, porém, não mudará correlação de forças no Congresso. Agora, se outros estados tiverem muitos problemas desse tipo, será confusão para mais de metro.

Militares de olho no segundo turno
As Forças Armadas vão repetir no segundo turno das eleições o mesmo sistema de verificação e fiscalização das urnas do primeiro. Agora, feitura de relatório é outra história. Nas internas, dizem que não prometeram qualquer documento sobre o tema antes do término de todo o processo eleitoral.

Por falar em urnas…
Se as pesquisas deste segundo turno estiverem corretas, Tarcísio de Freitas vence em São Paulo e Bolsonaro perde no Brasil, cenário que enfraquecerá qualquer reclamação do presidente sobre as urnas eletrônicas. O assunto, aliás, foi colocado em segundo plano nesta fase da corrida eleitoral.

Desgaste & lealdade/ A campanha petista cogitou cancelar a ida de Lula a Alagoas. Mas, faltar à caminhada prevista para Maceió nesta quinta-feira poderia soar como receio de aparecer ao lado do governador Paulo Dantas, alvo da Polícia Federal esta semana. Lula manterá a lealdade no evento com Renan Calheiros, que, aliás, há seis dias, levantou suspeitas de intervenção na eleição local.

Por falar em caminhada…/ Hoje, Lula estará na Bahia, para reforçar a campanha de Jerônimo Reis, o candidato do PT ao governo estadual. De quebra, tentará ampliar a própria votação no estado, onde fechou o primeiro turno com três milhões de votos de frente para Jair Bolsonaro. ACM Neto, que passou o ano em pré-campanha, torcendo para que a eleição não se nacionalizasse, encontra dificuldades em recuperar terreno.

Nacionalizou geral/ Nos debates da Band, na terça-feira, o que se viu foi um leque de citações a Lula e Jair Bolsonaro. Na maioria dos casos, seguindo o exemplo de São Paulo, campanhas estaduais tiveram que escolher um lado desta polarização entre o petismo e o bolsonarismo.

Nossa Senhora Aparecida/ Que a padroeira proteja os brasileiros hoje e sempre. Especialmente, nossas crianças, homenageadas nesta data. Bom
feriado a todos.

64 é coisa do passado, o desafio é o Orçamento

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A troca dos comandantes militares vem para o presidente Jair Bolsonaro cumprir o que queria, ou seja, afastar o comandante do Exército, general Edson Pujol, com quem se sente contrariado há tempos. Porém, isso não quer dizer que o Exército, sob nova direção, levará as Forças Armadas a tomar uma atitude a fim de garantir o cumprimento daquilo que o presidente prega desde o início da pandemia, ou seja, o fim do lockdown e do isolamento social. As Forças Armadas vão ajudar na distribuição de alimentos, remédios, equipamentos, oxigênio, transporte de pacientes, vacinas, mas não vão se prestar ao papel de garantir aglomeração em plena pandemia, tampouco defender a reabertura do comércio ou o fim de toque de recolher, enquanto a ciência recomenda o inverso, ainda mais com recordes de mortes.

Cabe ao governo, avisam os militares, cuidar dos desafios de garantir recursos para o atendimento de saúde, o novo auxílio emergencial, que até hoje não foi pago, e cumprir sua obrigação constitucional de vacinas para todos. O foco é a pandemia. E, a contar pela Ordem do Dia deste 31 de março de 2021, o “movimento de 64 é parte da trajetória histórica do Brasil” e assim deve ser entendido. Para bons entendedores, a menção de “Forças Armadas conscientes de sua missão constitucional” foi a senha para acalmar a tropa e avisar que não há ruptura institucional.

Faria Lima preocupada, mas…

A mudança na Secretaria de Governo, com a chegada da deputada Flávia Arruda, foi lida pelo mercado como um sinal de que pode haver mais compromisso entre Legislativo e Executivo.

… de olho
A repercussão das trocas militares do governo de Jair Bolsonaro, porém, preocupa. A turma do mercado está com muitas dificuldades de explicar aos grandes fundos internacionais o que está acontecendo por aqui. Na Europa, então, onde o presidente é tratado como “ultradireita” ou “extrema direita”, é ainda mais difícil explicar o governo.

Senadores insatisfeitos
Os senadores não estão colocando muita fé nas mudanças anunciadas, até aqui, pelo presidente Jair Bolsonaro. Nem na gestão da deputada Flávia Arruda (PL-DF), hoje um expoente do grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira. Há uma pressão sem fim para mudança nas pastas do Meio Ambiente e de Minas e Energia, que, aliás, era um lote do Senado no governo de Dilma Rousseff.

O retorno/ Quem está feliz é o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O desembarque de Flávia Arruda no Planalto lhe garantiu o ingresso pela porta da frente, de onde estava afastado há tempos.

Eu sou democrata/ O líder do PSL, Major Victor Hugo, contou à coluna que apresentou o projeto para incluir pandemia no programa de mobilização nacional pensando, exclusivamente, no atendimento de saúde, na possibilidade de requisitar empresas para a produção de insumos básicos. “Era um projeto para ajudar o país. Não seria nada feito sem aprovação do Congresso Nacional”, defende o autor.

Nem vem/ Os líderes partidários, porém, consideraram que, neste momento, é melhor ter calma e não tratar desse assunto. Resultado: a proposta foi
para a gaveta.

Pente-fino/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, agora analisa, um a um, os pedidos de seguidores em seu Twitter. Diante dos ataques que recebeu de redes bolsonaristas nos últimos dias, a intenção é preservar a sua timeline e identificar os robôs.

Forças Armadas descartam apoio a impeachment e a intervenção militar

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Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Quem tem conversado com os comandantes militares já avisou aos atores da política que os movimentos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro não terão sustentação nas Forças Armadas. Da mesma forma, também é considerada fora de cogitação qualquer intervenção militar para garantir a liberdade geral de circulação de pessoas em meio ao colapso do sistema de saúde. Diante desse “aviso” em favor do lockdown e contra o impeachment, a ordem nesta semana é que virá o diálogo aberto entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Resta saber se será mais um desfile de fotos sem mudança de atitudes, como em 2020, ou para valer, em prol da saúde das pessoas.

Bolsonaro já deu o recado a seus apoiadores, no domingo, e avisou, de antemão, que não está convencido da necessidade de lockdown num cenário de UTIs lotadas, incerteza de atendimento e vacinas em atraso. Se chegar com esse espírito para a reunião, a tendência é de que vire mais uma pose para fotos, sem muito resultado prático em termos de coordenação nacional.

Ficamos assim

Não conte com o Supremo Tribunal Federal para reverter as medidas restritivas pelo país afora. Esse é o sentimento que vem do STF diante da ação do presidente Jair Bolsonaro contra o lockdown.

“É coisa de tucano”
A carta aberta com mais de 500 assinaturas de economistas renomados, expoentes do setor financeiro, do empresariado, com apelos ao governo em prol do distanciamento social e vacinas como a chave para salvar vidas não sensibilizou o Planalto. Bolsonaro está convencido de que a iniciativa tem o dedo dos tucanos para tirá-lo do páreo em 2022.

Esqueçam 2018
A perspectiva de criação de um “Ministério Extraordinário da Amazônia” para abrigar Eduardo Pazuello desmonta o discurso da campanha passada, de enxugar o número de pastas e cargos em comissão. De quebra, ainda deixa em desconforto o vice-presidente Hamilton Mourão, que hoje cuida dessa seara junto com o Ministério do Meio Ambiente.

CURTIDAS

Biden brasileiro I/ É assim que os amigos do ex-presidente Michel Temer têm se referido a ele nos bastidores. E a contar pela recepção do tuíte de Temer, dizendo que é candidato apenas à segunda dose da vacina, não se descarta nada. Ele tem 80 anos, boa saúde e paciência não lhe falta. Haja visto os dois anos de governo.

Biden brasileiro II/ Nos grupos de deputados, o #VoltaTemer e traz o (Henrique) Meirelles (ministro da Fazenda) de volta foi mais bem recebida do que poderiam imaginar os amigos do ex-presidente. Na cabeça de todos eles, está certo que Joe Biden, aos 78 anos e experiente, com uma vice mais jovem, Kamala Harris, foi a forma encontrada para derrotar Donald Trump nos Estados Unidos.

Olho nele/ Vale prestar atenção, ainda, na movimentação do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Nos partidos de centro, tudo será testado até o ano que vem, para tentar quebrar a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.

Por falar em Bolsonaro…/ Ao ouvir o presidente dizer, em solenidade no Planalto, que o “Brasil vem dando certo” e “um dos poucos países que está vanguarda na busca de soluções”, alguns convidados se remexeram em suas cadeiras. Afinal, diante de um número médio de 2 mil mortes diárias, não é exemplo para ninguém. O alento de muitos, porém, foi ouvir o presidente dizer que “ainda não há uma cura para a doença”. Só isso já foi visto como um avanço.

É hoje!/ O seminário on-line “Desafios para o Brasil pós-pandemia”, do Correio Braziliense. A abertura está a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o encerramento será do ministro da Economia, Paulo Guedes. O momento é de planejar e pensar, a fim de ser exemplo para o futuro.

 

É surreal que, durante o momento mais grave da pandemia, tenhamos um ministro demitido que continua no cargo e um ministro escolhido que não assume. As pessoas morrendo e o país sem ministro”
Vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM)

Simone Tebet pode estar de saída do MDB

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O script de parte do MDB rumo à candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi pré-agendado ainda em dezembro. Um grupo decidiu aproveitar essa disputa de 2021 para dar o troco ao que considerou uma traição de Simone Tebet ao partido, em 2019. À época, quando ela se lançou candidata contra Renan Calheiros (MDB-AL), mas, na última hora, abriu mão da disputa e apoiou Davi Alcolumbre (DEM-AP). Agora, foi traída por Alcolumbre, que preferiu um candidato de seu próprio partido, o DEM, e é traída pelo MDB, numa manobra que estava acertada desde que os emedebistas anunciaram que ela seria a candidata. Na época, depois da vitória de Alcolumbre, ela anunciou, inclusive, que deixaria o MDB.

Não será surpresa se Simone Tebet seguir para o Podemos, do senador Álvaro Dias (PR), o partido que cresceu e anunciou apoio à sua candidatura.

Embolou geral

Arthur Lira (PP-AL) cresceu tanto em apoios que está difícil acomodar todos nos cargos da Mesa Diretora. Um pedaço do DEM, para trocar de banda, quer a primeira secretaria. O PSL quer a primeira vice-presidência. Aí, lascou. A primeira vice já estava oferecida ao deputado Marcelo Ramos (AM), do PL. Valdemar Costa Neto não quer que seu partido abra mão do cargo. Apoiou a candidatura de Lira desde o início, como quem compra um apartamento na planta. E quer que o projeto inicial seja mantido.

O apê ficou pequeno
A primeira secretaria, uma sala nobre, já estava reservada ao Republicanos, outro partido que chegou cedo ao bloco do Centrão e deu lastro à candidatura de Lira. Os bastidores fervem.

Ficamos assim
A demissão do assessor que andou sondando sobre impeachment no Congresso foi um gesto do vice-presidente Hamilton Mourão para com Jair Bolsonaro. Mas não resolveu o mal-estar entre ambos.

Brasil acima de tudo
O principal projeto das Forças Armadas para 2021 é se firmar como instituição de Estado, e não de governo. Porém, mantendo a boa convivência e harmonia com o Executivo.

Um gesto vale mais que palavras/ A presença do chanceler Ernesto Araújo na viagem de Bolsonaro a Sergipe foi um recado direto a quem aposta na queda do ministro de Relações Exteriores. “Esse é meu, não sai”, tem dito o presidente.

A saia justa de Neto/ O presidente do DEM, ACM Neto, está com um problemão para resolver: a bancada rachou de vez e, nesse sentido, vai se enfraquecer. Se apostar em Bolsonaro e o governo ruir mais à frente, voltará aos tempos de Fernando Collor, em que apostou no governo e só se recuperou quando surgiu Fernando Henrique Cardoso precisando de lastro para aprovar o Plano Real.

Veja bem/ A diferença é que, em 1993, no governo Itamar Franco, o PFL (hoje DEM) tinha uma bancada de mais de 100 deputados. Hoje, tem um quarto dessa força e ficará menor se não juntar os cacos da disputa pela Presidência da Câmara.

Hoje tem convescote pró-Lira/ O deputado será homenageado, hoje (29/1), pela bancada do agronegócio, com um coquetel na sede do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos. Até ontem, no final da tarde, 130 deputados já haviam confirmado presença.

Bolsonaro deve esperar mais para definir futuro partidário

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Coluna Brasília-DF

O presidente Jair Bolsonaro vai esperar mais algum tempo antes de definir filiação partidária. Afinal, ainda falta um ano e meio para a eleição e sua caneta “Compactor ou Bic” ainda tem tinta, conforme repetem aliados. Por mais que haja algum desgaste, não está fora do jogo para 2022. Quem acompanha atentamente todos os movimentos da política lembra que, em 2008, quando Gilberto Kassab se elegeu prefeito de São Paulo, o PT do então presidente Lula jogou todo o prestígio presidencial para tentar eleger Marta Suplicy –– e ela perdeu. Dois anos depois, lá estava Lula fazendo de Dilma Rousseff sua sucessora no Planalto. Portanto, qualquer avaliação de derrotado neste momento tem a validade de um iogurte.

O que realmente importa

Um estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI) sobre a situação das contas estaduais indica que pelo menos nove não teriam respeitado o limite de 60% da receita corrente líquida com despesas de pessoal “se a metodologia de aferição fosse a adotada pelo Tesouro Nacional”.

Olho neles

Eis a lista dos estados que ultrapassam os 60% pela metodologia do Tesouro: Paraíba, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Acre e Tocantins.

Passaram na prova

O Distrito Federal, São Paulo, Espírito Santo, Rondônia, Pará e Amapá são os únicos abaixo dos 54% da receita corrente líquida, ou seja, com uma situação mais tranquila.

O alerta de Jobim

Ao participar do XXIII Congresso Internacional de Direito Constitucional, promovido pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), o ex-ministro da Defesa e do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim defendeu Forças Armadas equipadas e afirmou que a incerteza no cenário internacional é grande. Lembrou, inclusive, que os Estados Unidos consideram águas internacionais até mesmo a área próxima à praia de Copacabana e “isso não é bom”.

O teste de Bolsonaro

A viagem do presidente ao Amapá será uma aferição de popularidade. Lá, ele venceu a eleição em 2018 com 50,2% dos votos e Fernando Haddad ficou com 49,8%. Ou seja, sem larga margem.

Debate desce a ladeira I/ A campanha em Recife chegou ao ponto de Marília Arraes (PT), que lidera as pesquisas, colocar Renata Campos, mãe do adversário João Campos (PSB), no meio do debate, ao dizer que a viúva do ex-governador Eduardo Campos é quem vai mandar na prefeitura se o deputado for eleito.

Debate desce a ladeira II/ No Rio de Janeiro, com Eduardo Paes (DEM) liderando Datafolha e Ibope com larga vantagem, o prefeito-candidato Marcelo Crivella ataca o governador de São Paulo, João Doria. Sinal de que está faltando argumento para arregimentar votos e apoios.

Bolsonaro, o moderado/ O presidente calibrou o discurso na live sobre a extração ilegal de madeira da Amazônia, evitando acusar diretamente os países. Melhor assim.

“Marília e João Campos são frutos da mesma árvore. Deveriam parar de brigar, definir um vice do outro e irem juntos para a urna. Ambos são Arraes”
Ex-deputado federal Paulo Delgado

Militares: as Forças Armadas são uma coisa, e o Planalto é outra

Militares Planalto
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Coluna Brasília-DF

Os militares mandaram vários sinais à classe política de que não concordam com o clima de tensão reinante entre o Planalto e o Congresso. A prioridade deles hoje é servir num clima de paz, sem golpes, contragolpes, rasteiras ou seja lá que nome alguns tentem dar ao mal-estar entre o presidente Jair Bolsonaro e os congressistas.

E a fórmula para que isso aconteça é separar as estações –– Exército brasileiro e o Planalto. Ainda que haja generais em postos-chaves do governo, as Forças Armadas são uma coisa, e o Planalto é outra. A intenção de quem está na ativa é ajudar no sentido de estabelecer diálogos e separar estações.

Bolsonaro, Doria e a economia

Enquanto o presidente deixa o PIB de 1,1% na cota de Paulo Guedes, o governador de São Paulo, João Doria, aproveita seu périplo por Brasília para lembrar que o PIB paulista cresceu 2,8% em 2019.

Enquanto isso, no parlamento…

Os líderes do governo ficaram preocupados com o pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para que Bolsonaro retire o tal PLN 4, o projeto de lei orçamentária fruto do acordo para manutenção dos vetos, e que preserva parte do poder do relator do Orçamento. Se o fizer, terá mais problemas em relação a futuros acordos com o parlamento.

Respiro

O governo ganhou mais um mês e meio para tentar chegar a um acordo com os caminhoneiros em torno da tabela do frete. O empresariado considera que adiar o fim do tabelamento para daqui a dois anos, conforme chegou a ser discutido na reunião, não atende a agricultura e a indústria. Ou seja, o impasse continua.

Falta de ar

Empresários argumentam que adiamentos desse tema do frete não ajudam a alavancar o PIB neste primeiro mandato de Bolsonaro. Porém aliados do presidente avaliam que uma greve de caminhoneiros em protesto contra o fim do tabelamento do frete tende a piorar a situação.

Um problema de cada vez

Não há solução perfeita para o caso dos caminhoneiros. E, enquanto não houver, o governo pedirá para adiar qualquer decisão a respeito. Pelo menos até o coronavírus sair do palco.

O que ele pensa/ Quando perguntado sobre a declaração de Bolsonaro a respeito de fraude eleitoral, o senador Major Olimpio (PSL-SP) reagiu assim: “Ele está apresentando um recurso contra ele mesmo”.

E o slogan ficou/ O secretário da Fazenda de São Paulo, Henrique Meirelles, terminou virando “meme” no WhatsApp com a seguinte inscrição: “A solução para o (Paulo) Guedes: chama o Meirelles”. Em sua campanha presidencial, o ex-ministro da Fazenda de Michel Temer dizia que o Brasil estava votando “contra”: uns em Bolsonaro contra o PT e outros no PT contra Bolsonaro, e já se sabia onde isso iria parar. Sua propaganda terminava com o slogan: “Chama o Meirelles agora e não se lamente depois”.

Mandetta e o seu cumprimento/ Na reunião da Frente Parlamentar da Medicina, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o deputado federal Flávio Nogueira (PDT-PI), seguiram o cumprimento –– choque de punhos –– recomendado pelo titular da pasta como forma de precaução ao coronavírus. Eles agora se cumprimentam assim.

Judiciário presente/ A posse da nova diretoria da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp), a ser presidida por Manoel Victor Sereni Murrieta e Tavares, promete reunir os ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. O evento fará homenagens ao ministro Mauro Campbell e à ex-presidente do Conamp, Norma Angélica Reis Cardoso Cavalcanti.