Sonho de uma candidatura única na terceira via acabou

Publicado em coluna Brasília-DF

Esqueçam a união entre os partidos que deflagraram conversas para apresentarem uma candidatura única para tentar se contrapor à polarização da disputa presidencial entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula. O sonho do “juntos chegaremos lá” acabou. Simone Tebet, do MDB, tem dito que não será vice de ninguém e está com dificuldades internas. O PSDB não abrirá mão da candidatura do ex-governador de São Paulo João Doria e, internamente, não se descarta uma chapa com a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) no papel de vice. O União Brasil abandonou as conversas.

Logo, o 18 de maio, quando os partidos deveriam selar a coligação, será o momento de separação. Casamento, nesta data definida pelas legendas, só mesmo o de Lula com Janja, que terá Geraldo e Lu Alckmin como padrinhos.

Reclamação geral

A base aliada está indócil com a demora do governo em liberar as emendas de relator, as tais RP9. Se não sair até junho, só depois da eleição.

O que eles suspeitam
Tem muito parlamentar desconfiado de que é esse mesmo o objetivo do governo: amarrar toda a turma do Centrão à campanha de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e, passado o pleito, quem foi fiel terá sua cota. Os assessores do presidente, porém, pedem calma aos políticos e garantem que o dinheiro vai sair.

O que anima João Doria
As leituras aprofundadas das pesquisas de intenção de voto feitas pelo PSDB indicam que a eleição está em aberto. Aliados do tucano garantem que a decisão real do eleitor só se dá a três semanas do pleito. Ou seja, ainda tem muito terreno pela frente.

Por falar em terreno…
Nos bastidores da posse da diretoria da Anfavea, pela primeira vez em Brasília, a avaliação é de que ainda é cedo para definições em torno de qualquer candidatura à Presidência da República. O que o setor deseja mesmo é mostrar que é indispensável a manutenção de empregos no Brasil.

Melhor de três/ Em setembro do ano passado, falava-se em 10 nomes para a chamada terceira via: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (União Brasil); o empresário Luciano Huck; o jornalista José Luiz Datena; o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE); a senadora Simone Tebet (MDB-MS); o ex-ministro Ciro Gomes (PDT); e os ex-governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), ambos do PSDB. A seis meses do pleito, sobraram Tebet, Doria e Ciro.

Nome promissor/ O discurso de Rodrigo Pacheco, na solenidade de posse da diretoria da Anfavea, foi aplaudido diversas vezes. Alguns dirigentes de montadoras sentados nas fileiras mais atrás diziam para quem quisesse ouvir: “Esse seria o meu candidato”. Pacheco, porém, desistiu da empreitada.

O papel de Moro/ O ex-juiz Sergio Moro, que está praticamente fora do páreo presidencial, definiu a defesa da Operação Lava-Jato como a sua missão nesta quadra política. Por isso, não está descartado que seja candidato a um mandato eletivo para o Congresso.

E a capa da Time, hein?/ Os petistas e aliados vibraram com a capa da revista norte-americana e a entrevista de Lula. Mas no corpo diplomático que serve em Brasília, a fala do ex-presidente sobre a guerra da Ucrânia e o papel da ONU deixou a desejar. Sinal de que o PT terá que trabalhar melhor o que apresentará em termos de política externa. Entre os petistas, porém, a avaliação é a de que esse tema não será tão crucial, e qualquer coisa que o partido fizer será melhor do que a diplomacia de Bolsonaro.