Um milhão de razões para combater a dengue

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza — A marca de um milhão de casos prováveis de dengue impõe reflexões sobre o estado da saúde no Brasil. A primeira: quatro anos depois do flagelo da pandemia de covid-19, quando o país viveu a traumática angústia de enfrentar uma doença letal sem proteção imunológica, continuamos dependentes da oferta de vacinas. Segundo questionamento: gestores públicos precisam melhorar muito as respostas às novas dinâmicas epidemiológicas, decorrentes das mudanças climáticas e crescimento desordenado das cidades. Não basta agir apenas no momento mais agudo, como ocorre neste fevereiro.

Sem sinais de que vai arrefecer nas próximas semanas, a dengue, para utilizar uma expressão do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, no CB Debate promovido ontem no Correio, é uma “velha conhecida” da saúde pública brasileira. Mas exige novas soluções, como o uso da tecnologia, combate permanente ao longo do ano e uma efetiva participação da sociedade.

Nada disso

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mantém distância cautelosa do movimento pela “blindagem” de parlamentares, em reação às operações da PF contra os deputados Carlos Jordy e Alexandre Ramagem, ambos do PL. Uma das razões é que não há qualquer proposta de consenso no colégio de líderes. A resistência de Lira encontra paralelo na Casa legislativa vizinha. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deixou claras as sérias restrições à proposta de blindagem parlamentar.

Intenções, apenas

A ausência de um comunicado oficial no encerramento da reunião econômica do G20, em razão de divergências concernentes à geopolítica, mostra o descompasso entre necessidades globais e o estado de natureza que marca a conjuntura global. Medidas econômicas defendidas pelo G20, como a redução da desigualdade e a taxação de super-ricos, tendem a se tornar de difícil execução, a exemplo dos compromissos para evitar catástrofes climáticas, da conquista da paz mundial ou da reforma na governança global.

Desunião

O clima anda azedo no União Brasil. Em rusga declarada contra o presidente do partido, Luciano Bivar, o vice, Antônio Rueda, tem buscado angariar apoios na legenda dividida. Em convenção realizada ontem em Brasília, Rueda foi eleito para assumir o comando do UB a partir de junho. Nos bastidores, fala-se até em impeachment de Bivar, caso ele atrapalhe o desempenho da legenda em ano eleitoral.

Caravana

Uma comitiva de 72 empresários brasileiros vai à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes em mais duas missões internacionais do grupo Lide. Os encontros bilaterais, marcados para a próxima semana, visam promover as potencialidades do Brasil e vão tratar de possíveis parcerias em setores como infraestrutura, indústria alimentícia, farmacêutica e de segurança.

Só coisa boa

Segundo o chairman do Lide, João Doria, as iniciativas ajudam a promover o Brasil, gerar oportunidades, investimentos e empregos no país.

“Só queriam comer”

A guerra de versões que se seguiu à morte de 112 pessoas na Faixa de Gaza ainda durará dias, mas a tragédia renovou os protestos contra a ofensiva de Israel. Ao comentar “uma das definições de genocídio”, o senador Humberto Costa (PT-PE) criticou as condições extremas a que são submetidos os civis de Gaza. “Mais de 100 pessoas morreram na tentativa de conseguir ajuda humanitária em Gaza. Queriam somente comer”.

Basta de mortes

A primeira-dama, Janja da Silva, se disse “desolada” com as “cenas cruéis” em Gaza. E fez um apelo direto: “É urgente um cessar-fogo!”.

Pela paz

Nesta primeira sexta-feira de março, Dia Mundial da Oração, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Brasília (IECLB), na entrequadra 405/406 Sul, realiza uma celebração ecumênica, em atenção especial às vítimas da guerra na Faixa de Gaza, às 20h. No ano passado, na mesma data, a oração foi conduzida por mulheres palestinas, muito antes dos ataques terroristas de 7 de outubro.

Com Henrique Lessa e Liana Sabo

 

Mobilização brasileira contra coronavírus contrasta com o combate à dengue

Dengue coronavírus
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

A mobilização dos poderes federais contra a ameaça do coronavírus ao Brasil mostra que as instituições – leia-se, os seus representantes – são capazes de tomar providências para situações consideradas emergenciais. Com uma celeridade poucas vezes vista em Brasília, o Executivo e o Legislativo definiram os termos da lei da quarentena; o governo preparou uma operação para repatriar da China 34 brasileiros assintomáticos do coronavírus; o Ministério da Saúde atualiza diariamente os números de casos suspeitos; a pasta liberou R$ 140 milhões para compra de insumos contra a doença; orientou as secretarias estaduais na prevenção contra o coronavírus; capacitou equipes médicas de países vizinhos.

Chama a atenção o trabalho para combater uma doença que, até sexta-feira, contabilizava oito casos suspeitos no país. É uma mobilização que contrasta com os males causados por outro agente transmissor, velho conhecido dos brasileiros: o vírus da dengue. Segundo dados do Ministério da Saúde, a dengue já matou 14 brasileiros em 2020. É três vezes mais do que o número de óbitos registrado no mesmo período em 2019. O país já soma 94 mil casos este ano.

É de se perguntar quando – e se – as autoridades mostrarão a mesma presteza para combater esse mal tão brasileiro.

Manhãs agitadas

Desde que o Legislativo voltou aos trabalhos, as manhãs na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, têm sido bastante movimentadas. Os acordos e definições sobre pautas e prioridades junto aos líderes estão ocorrendo lá em vez de ocorrer no Congresso. Um dos visitantes foi o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele bateu à porta de Maia nesta semana em busca de apoio para acelerar a votação do projeto que trata da independência do Banco Central.

Novas instalações

Com o fim do recesso, jornalistas foram surpreendidos com novos banheiros masculino e feminino no comitê de imprensa ao lado do Plenário da Câmara. Estão maiores e mais arrumados, e um deles tem acesso para deficientes. Contudo, no primeiro dia, o banheiro novo deu defeito e precisou ser interditado. No dia seguinte, o problema de entupimento e vazamento havia sido sanado.

A outra reforma

Procurada, a assessoria da Câmara informou que a reforma “teve a finalidade de adaptar o espaço para acessibilidade e de substituir as instalações hidráulicas e sanitárias, de aço galvanizado, com elevado grau de desgaste, que provocavam frequentes vazamentos”. Ainda informou que as obras duraram cerca de 75 dias e os recursos utilizados na obra “fazem parte de um contrato geral de prestação de serviços de manutenção de edificações civis com fornecimento de material por demanda”.

No fundo

Na próxima terça-feira, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado centra as atenções na PEC da Desvinculação dos Fundos. Serão ouvidos especialistas para debater medidas que permitam destravar os recursos bloqueados em fundos infraconstitucionais. Os integrantes da CCJ devem votar a PEC dos Fundos na quarta-feira.

“Ultra far right”

Em Londres, onde a maioria dos britânicos é mais liberal e votou contra o Brexit, os brasileiros agora são vistos como cidadãos de um país governado por um presidente muito mais conservador do que o atual primeiro-ministro britânico, Boris Johnson. Lá, o presidente Jair Bolsonaro é visto como um representante da “Ultra far right” ou “ultra- extrema-direita”.

Esse foi o termo usado por um agente da imigração para qualificar o presidente brasileiro a uma turista brasileira assim que ela pisou na capital da Inglaterra, poucos dias depois do episódio que repercutiu internacionalmente de o ex-secretário da Cultura, Roberto Alvim, fazer apologia ao nazismo.