Centrão pode se beneficiar de decisão a favor de Pazuello

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao não punir o general Eduardo Pazuello por participar de ato político, o Exército ajudou a ampliar no Congresso um movimento para aprovar lei que veda militares em cargos de natureza civil dentro da administração pública. Já existe uma proposta de emenda constitucional apresentada pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.

A não colocação desse texto em pauta será mais um favor que o presidente Jair Bolsonaro ficará devendo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Detalhes…

Faltando 10 dias para o início da Copa América, ninguém sabe dizer ao certo quem custeará as despesas com as estruturas de segurança e de saúde para os jogos. E mais: não há, no Orçamento, recursos reservados para isso, nem na União, nem nos Estados, nem nos municípios.

… onde mora diabo
Quem entende de Orçamento avisa que gastar sem cobertura orçamentária é pedalada. E pedaladas fiscais, no passado, custaram o mandato da presidente Dilma Rousseff.

Na “brinca”
A instalação da Comissão Especial para analisar a reforma administrativa é vista como um passo importante, porém longe de ser um sinal de que essa mudança estará aprovada antes da eleição de 2022. Ainda que não afete os atuais servidores.

Na “vera”
O que o governo mais deseja aprovar neste momento é a Medida Provisória 1.042/2021, que permite a transformação de cargos por ato do Poder Executivo, ou seja, sem passar pelo Congresso. O deputado Acácio Favacho (Pros-AP), que vai relatar a proposta, teve reunião com Arthur Lira, em pleno feriado, para tratar da proposta.

Lista para o TST agita política baiana/ Com dois baianos no páreo, a corrida pela lista tríplice para o preenchimento de vaga de ministro do Tribunal Superior do Trabalho toma conta das rodas políticas em Salvador. Concorrem o procurador-geral do Trabalho, Alberto Balazeiro, nomeado pela ex-PGR Raquel Dodge e com mandato até 23 de agosto; e o subprocurador-geral do Trabalho Manoel Jorge e Silva Neto, nomeado pelo atual PGR, Augusto Aras, para a Coordenação da Assessoria Constitucional Trabalhista da PGR e para a Diretoria-Geral da Escola Superior do Ministério Público da União. Alberto tem pouco mais de 10 anos no MPT. Manoel Jorge completará 30 anos de trabalho no Ministério Público, agora, no final de 2021.

Se general pode…/ Com Eduardo Pazuello livre de punição, está aberta a temporada de participação de militares da ativa em manifestações pelo país afora. Afinal, se no Rio de Janeiro não era um ato político, outros “passeios” do presidente podem ser classificados na mesma categoria.

Duas referências/ Fernando Henrique Cardoso será o entrevistado desta sexta-feira do novo programa de jornalismo e análise Balbúrdia Brasilis, comandado por Carlos Monforte. Transmitido pela TV Democracia, no YouTube.

A esperança existe/ Já são muitos os casos de bebês que nasceram com anticorpos contra o novo coronavírus. Um alento em meio à tragédia da covid-19 no país.

Santa tranquilidade, Batman!/ Enquanto o Exército preparava a nota oficial para avisar que não puniria o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o general caminhava tranquilamente no Brasília Shopping, em direção ao restaurante Madero, sem ser incomodado. Chegou à hamburgueria de máscara.

Pronunciamento de Bolsonaro foi fruto do desgaste

Publicado em coluna Brasília-DF

A guinada do presidente Jair Bolsonaro no pronunciamento à Nação, abrindo com uma manifestação de pesar pelas vítimas da pandemia, disponibilização de vacinas e prestação de contas das ações de governo foi decidida depois que seus fiéis aliados conseguiram convencê-lo da necessidade de fazer um contraponto à CPI da Covid e às acusações de “genocida”. O desgaste à imagem de Bolsonaro, avaliam muitos, é real e, se o presidente quiser a reeleição, terá que bater bumbo desde já sobre as ações que empreendeu.

Nesse pacote, porém, o presidente mantém o discurso de jogar toda a culpa pelos problemas econômicos e de saúde sobre os estados que adotaram lockdown e outras medidas restritivas como forma de conter a proliferação da doença. Mas, para quem marcou o primeiro pronunciamento batizando a pandemia de gripezinha, e, depois, dizia que o vírus estava indo embora, os aliados consideraram uma mudança e tanto.

Prioridade é o futebol

Está o maior jogo de empurra a definição da estrutura nos estados para receber as delegações da Copa América. Cuiabá, por exemplo, exige vacinar toda a população para realizar o torneio. Privilegiar uma cidade por causa de um campeonato de futebol, enquanto o restante do país fica a ver navios, não dá.

Alckmin vai “peitar” João Doria

Nas conversas que teve esta semana, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin avisou que será candidato a um novo mandato de governador. Sinal de que o ninho tucano paulista ficou pequeno para acomodar tantos projetos. Disposto a se filiar ao PSD, Alckmin busca ainda o PP, partido que apoiará a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Um nó no PP

Geraldo Alckmin almoçou quarta-feira com o deputado Fausto Pinato (PP-SP). Rompido com Bolsonaro, Pinato não descarta apoiar o ex-governador em São Paulo. Pelo visto, nenhum partido ficará totalmente fechado e unido em 2022.

Arruma um candidato aí

Vale lembrar que Bolsonaro não tem, hoje, um candidato a governador de peso em São Paulo para chamar de seu. Por isso, deseja levar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas. A vida, porém, não promete ser fácil para a campanha de Bolsonaro no ano que vem.

Inédito

Tarcísio tem lastro para ser candidato em São Paulo. Essa semana, por exemplo, a Santos Port Authority (SPA), novo nome da Codesp, anunciou R$ 940 milhões em caixa e um lucro líquido de R$ 70,8 milhões no primeiro trimestre deste ano. Com essa boa notícia, a SPA vai pedir ao Ministério de Infraestrutura o cancelamento de recursos inscritos em “restos a pagar”. O contribuinte agradece.

Agora, lascou/ Com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, respondendo a inquérito no Supremo Tribunal Federal, tem uma turma de congressistas aliados ao governo disposta a aumentar a pressão para que Bolsonaro demita o ministro, abrindo espaço a mais um aliado do parlamento na Esplanada.

Isolada/ O isolamento da deputada Flordelis na Câmara é visível. Dia desses, ela entrou num elevador do anexo IV, onde fica a maioria dos gabinetes. Dois deputados pararam à porta quando viram que era ela. Preferiram esperar o próximo. Assim que o elevador subiu, um deles comentou com o outro: “Vou nada. Já pensou se o elevador para?”

Degola à vista/ O comportamento dos parlamentares em relação a Flordelis é sinal de que a cassação do mandato é questão de tempo.

Improviso geral/ Até aqui, ninguém sabe quem vai custear as ações necessárias para receber a Copa América. Vai ser tudo na base do “faz aí de qualquer jeito”.

Governadores não querem abrir o cofre para jogos da Copa América

Publicado em coluna Brasília-DF

Confirmada a Copa América, os próximos dias serão destinados a saber quem vai arcar com as despesas de segurança e de estrutura de saúde necessárias para recepção do torneio. Até aqui, nenhum governador que aceitou sediar os jogos se dispôs a abrir o cofre. O de Goiás, Ronaldo Caiado, aliás, já avisou que não gastará um centavo com os jogos. Ibaneis Rocha, do DF, respondeu à coluna: “Ainda não discutimos os detalhes”. Sobrará para a União, que pediu encarecidamente aos governadores amigos que aceitassem receber hóspedes em plena pandemia. O diabo, diz o dito popular, mora nos detalhes.

A ideia do governo federal, além de movimentar a economia, é dar ao presidente Jair Bolsonaro o discurso de que trouxe a Copa América para o Brasil quando muitos recusaram o torneio. É mais uma forma de tentar empatar o jogo com o PT, que se orgulha de ter realizado aqui a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Só tem um probleminha, conforme lembrou a coluna ontem: se o governo gastar com os jogos e faltar oxigênio ou assistência, Bolsonaro terá levado para si um problema que também afligiu o PT no passado.

Limão & limonada

Diante da inclinação da CPI da Pandemia de colocar no relatório final a existência de um “gabinete paralelo” ao Ministério da Saúde, o governo vai trabalhar na seguinte linha: Bolsonaro costuma ouvir muita gente e tem uma rede social vasta. Isso não é crime.

Proteja o general I

A nomeação de Eduardo Pazuello para um novo cargo de secretário de estudos da Secretaria de Assuntos Estratégicos foi a forma que o presidente encontrou para evitar que o general fique ao relento, com o risco de punição no Exército.

Proteja o general II

Por trás da nomeação há ainda a intenção de levar o Exército a punir de forma mais branda um assessor direto do presidente da República, com gabinete no Planalto.

Missão cumprida

Aliás, como registrou a coluna dia desses, um cargo no Planalto era tudo o que Pazuello queria. Certa vez, ele soltou alguns gritos no corredor do quarto andar, cobrando um cargo no governo. Daquela vez, conseguiu só um lugar no Exército.

E o Ricardo Salles, hein?/ O presidente Jair Bolsonaro começou a ser aconselhado a buscar outro nome para o Ministério do Meio Ambiente. Porém, até aqui, ele não deseja trocar o ministro.

Vetos derrubados/ O auxílio da Cultura, que o governo vetou, foi restabelecido pelo Congresso. Agora, a liberação terá que ser feita este ano. O risco é o governo contingenciar esses recursos.

CPI, novo capítulo/ Ao ouvir hoje (2/6) a infectologista Luana Araújo, os senadores do G-7 querem configurar que o governo só deixou o atual ministro Marcelo Queiroga colocar ao seu lado pessoas que aceitassem o tratamento precoce contra a covid-19.

Ribamar Oliveira/ O jornalismo ficou mais pobre com a partida de Ribamar Oliveira, um dos maiores especialistas em Orçamento. Lá se vai um professor e um amigo, uma das 2.408 vítimas da covid da terça-feira desta semana. Que Deus conforte Lílian e filhos.

Copa América no Brasil é jogada de risco para o governo

Publicado em coluna Brasília-DF

A animação do governo com a vinda da Copa América para o Brasil vem no sentido de tentar tirar de cena a CPI da Covid e a tragédia da pandemia, que ainda apresenta um patamar alto de mortes e novos casos. A empreitada, porém, não é tão fácil quanto parece. Primeiro, o governo federal não tem estádios, precisa negociar com os estados e municípios. Esses torneios exigem, ainda, uma estrutura de saúde disponível para receber jogadores, inclusive UTIs. O Brasil não está conseguindo nem atender os seus, quanto mais reservar leitos para atender a Conmebol.

Na Copa do Mundo, por exemplo, conforme registrado no site da Agência Brasil, 10 mil profissionais de saúde foram capacitados para o evento. Mobilizou-se, à época, 531 unidades móveis Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, 66 unidades de pronto atendimento e 67 hospitais foram acionados para atuar de forma integrada. Se houver um brasileiro que não tenha atendimento de saúde em meio à pandemia, por causa da Copa América, o governo terá mais uma conta a prestar na eleição do ano que vem.

Tá vendo aí
Se o governo aceitar trazer a Copa América para o Brasil, será visto pela CP da Covid como mais um indício de aposta na imunização de rebanho. É que, embora os jogadores venham vacinados, isso não significa que eles não transmitam o vírus em caso de contaminação. “No Brasil, em vez da imunização por vacinação, o governo quer que se dê por contaminação”, reclama o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que tem um mandado de segurança já redigido para dar entrada no Supremo Tribunal Federal (STF).

Interessado-mor
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, chegou a comentar com alguns políticos que a Copa América no Brasil pode ser a forma para que ele consiga se manter no cargo. Caboclo enfrenta uma crise na entidade por causa de denúncias de assédio.

Agora lascou

Muitos aliados do presidente Jair Bolsonaro, que estavam prontos para seguir com ele rumo a um novo partido, passaram a pensar duas vezes. É que, em muitos estados, o Patriotas não tem a menor estrutura para levar adiante uma campanha e, como os recursos são controlados pela legenda, muita gente que concorrerá a um mandato na Câmara está pronto para buscar outra agremiação.

Vota aí rapidinho!
Os ministros estão de olho nos projetos de lei que vão reorganizar o Orçamento deste ano para cobrir despesas obrigatórias. No meio desse bolo, está o Plano Safra 2021/22. A expectativa do Ministério da Agricultura é conseguir, pelo menos, R$ 15 bilhões para financiar a produção agrícola do país.

Ela quer o Senado/ A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já avisou ao DEM que seu projeto é concorrer ao Senado por Mato Grosso do Sul. Com uma vaga só, vai ser difícil encontrar quem consiga derrotá-la nessa empreitada.

Por falar em DEM…/ Os oito dias de prazo dados para que Rodrigo Maia (RJ) apresente sua defesa no processo de expulsão são apenas pró-forma. A decisão está tomada.

Meio ambiente/ Sete ex-ministros do Meio Ambiente participaram de uma live promovida pela Fundação Astrojildo Pereira, do Cidadania. Todos eles, sem exceção, consideram que o país passa por um retrocesso na legislação ambiental. “Estamos destruindo não só as leis, mas o espírito delas”, comentou a ex-ministra Izabella Teixeira, do governo Dilma Rousseff. “É preciso impedir que o presidente Jair Bolsonaro aja livremente nesse tema”, completou o ex-ministro Sarney Filho, do governo Michel Temer e atual secretário de Meio Ambiente do DF.

Imagine o que virá no ano eleitoral/ Balas de borracha contra manifestantes em Pernambuco e prisão de um dirigente petista, em Goiás, por causa de um adesivo no carro, chamando o presidente Jair Bolsonaro de “genocida”. E nas manifestações a favor do governo, muitas vezes policiais posam para fotos ao lado dos participantes.

O brasiliense colocou nas mãos de Deus/ A contar pelos engarrafamentos em Brasília, as pessoas praticamente abandonaram de vez o #fiqueemcasa.