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Bolsonaro quer liderar oposição
O “Capitólio tupiniquim”, apelido dado ao movimento que fechou rodovias pelo país afora, vem sendo tratado por aliados do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, como a forma que o bolsonarismo usará para atuar ao longo dos próximos quatros anos a fim de tumultuar o próximo governo. O que leva a essa conclusão é o discurso de pouco mais de dois minutos em que o presidente Jair Bolsonaro se posiciona como o líder da oposição e justifica as manifestações. Embora se afaste de ações violentas que restrinjam o direito das pessoas, tipo de ato que ele atribui à esquerda, ele defende a mobilização.
A avaliação dos petistas e de integrantes de outros partidos da ampla aliança de Lula é a de que, em qualquer crise, seja aumento de preços ou alguma outra medida impopular, as manifestações do bolsonarismo ocorrerão, em maior ou menor grau. Por enquanto, com Bolsonaro presidente, e sem o apoio do Judiciário, do Parlamento ou das Forças Armadas para ações de exceção, a tendência é de recuo dos apoiadores, mas é apenas uma trégua para retomar mais à frente. A ideia de Bolsonaro é não deixar morrer o discurso do “sentimento de injustiça” que ele mencionou ao se referir à ação dos caminhoneiros.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) já deu a senha aos aliados. A ideia é formar uma base forte de prefeitos, em 2024, a fim de pavimentar o retorno do capitão em 2026.
Alckmin fará a ponte com os militares
A nomeação do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, para o papel de coordenador da transição vem sob encomenda para facilitar as pontes com os segmentos militares. A avaliação de quem tem trânsito nessa seara é a de que os canais de Lula com os militares estão meio obstruídos. Embora eles não apoiem qualquer golpe contra o presidente eleito, a maioria não está feliz em bater continência para Lula.
Veja bem
Os militares não jogaram suas fichas majoritariamente em Lula, mas estão resignados. A palavra que eles usam é “estamos sentados na Constituição”. Ao longo da campanha, Lula tentou, mas não conseguiu muita conversa com os generais. Essa turma é disciplinada e, nos bastidores, houve uma orientação do Ministério da Defesa para que, qualquer contato mais próximo ficasse para depois da eleição.
Até aqui…
O presidente Lula tem 30% dos militares. Agora, dizem aqueles que tentam fazer algumas pontes na caserna, é aproveitar os dois próximos meses e o início do governo para deixar muito claro que ninguém quer fazer maluquices.
Enquanto isso, nos portos…
Em Navegantes (SC), o fechamento das rodovias promovido pelos apoiadores de Bolsonaro reduziu a 170 caminhões o movimento do terminal Portonave. Em uma segunda-feira normal, essa movimentação chega às vezes a 1.500 caminhões. Em Santos (SP), a situação foi mais tranquila, porque as mercadorias para exportação foram entregues antes do fechamento das rodovias.
Simbologia/ A ida do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi vista como um gesto de baixar as armas e de apreço às instituições. Lá, ele foi direto ao mencionar que “acabou” e deixou claro que entregará o cargo. Pelo menos até o próximo sobressalto, a paz voltou a reinar.
Por que só ontem?/ Depois de não se pronunciar no dia da eleição, Bolsonaro evitou falar no Dia das Bruxas. Porém, não foi esse o motivo. O que ele queria mesmo era encher as ruas de apoiadores. Não conseguiu, mas não desistiu.
Zambelli escapou agora…/ A deputada Carla Zambelli não será cassada por percorrer as ruas de São Paulo com uma arma em punho na véspera da eleição. Primeiro, mesmo se for levada ao Conselho de Ética da Câmara, não haverá tempo hábil para processá-la em um mês e meio, tempo que falta para terminar esta Legislatura.
…e escapará depois/ Para completar, um parlamentar só pode ser levado ao Conselho de Ética por crimes cometidos no exercício do mandato. Ela foi reeleita e assumirá um novo mandato em fevereiro. Advogados eleitorais já avisaram ao partido que a cena nas ruas de São Paulo, com a deputada apontando uma arma é deste mandato e, quando começar a próxima legislatura, ela não poderá ser levada ao Conselho de Ética por essa atitude.
Ops!/ Ontem, a coluna se referiu ao senador Marcelo Castro (MDB-PI) como presidente da Comissão Mista de Orçamento. Ele é relator geral do Orçamento de 2023. O presidente da CMO é o deputado Celso Sabino (UB-PA). O deputado Hugo Leal (PSD-RJ) foi relator do Orçamento deste ano. Aliás, para Lula, é até melhor que Castro seja relator. O senador recebe Alckmin nesta quinta-feira, para começar a trabalhar.
Aliados de Lula agem para acalmar o mercado financeiro e mexer no Orçamento
Descansar, que nada. Já no primeiro dia depois da eleição, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e sua equipe traçaram os movimentos mais urgentes. O primeiro deles é reforçar as pontes com o mercado financeiro, para evitar tumultos que possam gerar sobressaltos na economia e comprometer os projetos futuros. Na outra ponta, já houve conversas com o relator do orçamento de 2023, senador Marcelo Castro (MDB-PI), a fim de assegurar um espaço para negociar a proposta orçamentária do ano que vem.
Castro integra a ala do partido que apoiou Lula desde o governo da presidente Dilma Rousseff — foi, inclusive, um dos poucos que se manteve ao lado dela quando do impeachment. O presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Celso Sabino (UB-RJ), também não será problema para o presidente eleito. Quanto às emendas de relator, porém, será preciso negociar. Afinal, esse poder, hoje, vai além do próprio relator e do presidente da CMO.
Promessa é dívida
Até aqui, os técnicos em orçamento dizem que a situação das contas públicas não está para criação de novas despesas — ou seja, ministérios, como Lula já se comprometeu a fazer. Terá que cortar em outros setores para cumprir as promessas. E é aí que virá o embate com o Centrão pelos R$ 19 bilhões das emendas de relator. Isso, sem contar na necessidade de cumprir o rombo embutido na proposta orçamentária.
A vida como ela é
A demora do presidente Jair Bolsonaro (PL) em reconhecer o resultado das urnas se deve, segundo aliados, ao fato de ele querer ganhar tempo para ver se consegue uma reviravolta no país. Porém, os ministros militares estão posicionados contra extremismos e a ala política mais “pé no chão” avisa que ou Bolsonaro reconhece logo o resultado ou comprometerá o capital político que adquiriu nas urnas.
A bolha bolsonarista…
O presidente está sendo pressionado pelos radicais a esperar o movimento dos caminhoneiros no feriado de finados e, somente depois, se posicionar. Porém, o passar das horas enfraquece a posição de Bolsonaro de líder da direita brasileira. Se demorar mais, ficará do tamanho da ala radical, que não chega a 10% dos eleitores.
…adverte
Nas redes sociais, os radicais avisaram que Bolsonaro reconhecerá o resultado e que cabe a eles não levar esse reconhecimento em conta, porque, dizem, o presidente espera que eles façam um movimento no feriado.
Ficamos assim/ No Planalto, porém, já está definido que se Bolsonaro não assinar os decretos criando a equipe de transição, com cargos e estrutura para Lula, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, o fará.
Tapete vermelho/ Quem se desdobrou em atenções com os eleitos foi o vice-presidente Hamilton Mourão, senador eleito pelo Rio Grande do Sul. Ele já convidou e aguarda o futuro vice-presidente Geraldo Alckmin e dona Lu para conhecer o Jaburu.
Atrapalha todo mundo/ Quem ficou parado na Rodovia dos Bandeirantes pouco antes de Sumaré (SP) foi o deputado Fausto Pinato (PP-SP). “Nem ambulância passa. Um absurdo, esse grupo que não respeita a democracia e nem as pessoas”, afirmou.
Um feito e tanto/ O governador reeleito do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), foi o único candidato de um partido com perfil de esquerda a vencer no rol de 14 estados em que Bolsonaro ganhou.
Novos tempos/ No primeiro dia, conversa com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden; com o da França, Emmanuel Macron; reunião com o presidente da Argentina, Alberto Fernandez; e o dólar a moeda que mais se fortaleceu. Enquanto isso, o presidente detentor da outra metade do país permaneceu calado, sem se colocar sequer para liderar a oposição. Em política, não existe espaço vazio.
Enquanto a Câmara debatia o projeto de ICMS dos combustíveis, o líder dos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão, foi até o Parlamento e deu o seguinte aviso: “Essa questão do ICMS é um paliativo, ajuda, mas não resolve o problema, porque, mesmo baixando o valor do imposto, vem o aumento e acaba ficando o mesmo preço na bomba. Isso afeta a categoria e a gôndola do mercado. Não estamos aguentando mais. Vamos parar“, disse à coluna, depois de um périplo junto aos principais líderes partidários, aos quais esse recado foi dado com todas as letras.
O aviso ajudou na mobilização para aprovar o texto do limite de 17% ao ICMS, que é considerado “melhor do que nada”, mas não foi suficiente para convencer todos os atores. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, vai conversar, primeiro, com governadores e secretários de Fazenda, antes de colocar a matéria em votação; e o presidente Jair Bolsonaro disse que “não tem cabimento” dar compensação aos estados para eventuais quedas de arrecadação. Se nada for feito para reduzir o preço, os caminhoneiros vão apimentar a largada da campanha eleitoral.
Lula interfere na bancada
Interessado em tirar do governo o protagonismo de qualquer iniciativa que ajude a baixar os preços dos combustíveis, o ex-presidente Lula entrou em campo para levar a bancada petista a votar favoravelmente à proposta de limitação do ICMS para o setor. “Não dá para votar contra um projeto desses”, disse Lula.
PT quer surfar
O PT vai explorar a declaração do presidente Jair Bolsonaro, contrária à compensação aos estados que perderem arrecadação, como um freio do próprio governo em iniciativas para tentar baixar o preço dos combustíveis. O chefe do Executivo não disse, porém, que vetará, apenas comentou e afirmou que ouvirá a equipe econômica antes de tomar qualquer decisão. Daqui para a frente, tudo terá um viés eleitoral, seja para o bem, seja para o mal. E cada um terá a sua versão das declarações dos pré-candidatos.
A desistência do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de concorrer ao Planalto, praticamente selou a filiação de Eduardo Leite ao partido de Gilberto Kassab. Salvo alguma hecatombe daqui até o final do mês, o governador do Rio Grande do Sul aproveitará a oportunidade para apresentar seu nome para a candidatura presidencial. “De zero a 10 para o Eduardo Leite se filiar ao PSD, eu aposto hoje em 9,5”, diz o deputado Marco Bertaiolli (PSD-SP).
Afinal, uma candidatura à Presidência pode fazer de Leite um player nacional, uma novidade no cenário e, de quebra, dentro de um partido que, sem muito alarde, constrói uma estrutura de fazer inveja a muitos. Como no Rio de Janeiro, onde além do prefeito da capital, Eduardo Paes, há pelo menos dois deputados federais previstos, Pedro Paulo e Marcelo Calero, ambos ligados a Paes.
Leite não deixará de aproveitar esse “cavalo encilhado” que passa à sua frente. E se surgir uma hecatombe, Kassab ainda tem o ex-senador e ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung para se apresentar à disputa nacional, como o leitor diário da coluna sabe há tempos. O gaúcho é, agora, o plano A e a chance de quebrar a polarização. Chega num bom momento, em que a campanha está “no aquecimento” e anima o cenário.
Como o leitor da coluna sabe, Kassab jamais cogitou apoiar Lula no primeiro turno. O presidente do PSD tem plena consciência de que, se o fizesse, o partido racharia, uma vez que não são poucos aqueles que resistem a apoiar o PT. E ao lançar um candidato ao Planalto, conseguirá manter o partido unido no primeiro turno. Se ficar fora do segundo turno, sempre haverá espaço para negociar apoios e a Presidência do Senado para Rodrigo Pacheco.
O que assombra o Planalto…
O que mais tira o sono do governo, neste momento, é a ameaça de greve dos caminhoneiros, especialmente por ser um ano eleitoral. Daí a corrida para aprovação dos projetos no Congresso e as reuniões para tentar suavizar alguns fatores que influem no preço dos combustíveis.
…e os aliados do governo
A postagem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre o preço dos combustíveis, foi recebida com preocupação pelos aliados do presidente Jair Bolsonaro e vista como algo do tipo “apoio tem limite”. O deputado se referiu ao aumento do preço dos combustíveis como “um tapa na cara do país que luta para voltar a crescer”.
Santo Antônio sai da toca…
Depois da denúncia de Arlindo Chinaglia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para que a entidade avalie o balanço da Santo Antônio Energia, confrontando-o com a arbitragem da dívida relacionada ao consórcio construtor da empresa e com o relatório da Deloitte, a empresa divulgou a seguinte nota: “A Santo Antônio Energia esclarece que as Demonstrações Financeiras relativas ao exercício de 2021 seguiram o habitual trâmite previsto em lei e não procede a informação de que recebeu da auditoria independente solicitação de retificação. Em relação ao Procedimento Arbitral, está em andamento o período legal de esclarecimentos. Somente após a conclusão deste período e os esclarecimentos finalizados a sentença se tornará definitiva”.
...e está pronta para a briga
Porém, a empresa esclarece que não teria como fazer essa inclusão, porque ainda não se sabe o valor exato de provisão que deveria ser incluído no balanço de 2021, uma vez que a arbitragem, segundo a empresa, está justamente na fase que pode ser equiparada nos processos judiciais aos embargos de declaração. À CVM caberá dizer quem tem razão, uma vez que as fontes da coluna mantêm a informação publicada de que o balanço deveria ter sido ajustado. Essa novela ainda terá muitos capítulos.
O ringue do Twitter I/ As mensagens trocadas entre os pré-candidatos a presidente nas redes sociais dão o tom do que vem por aí e indicam que ninguém ficará falando sozinho sem levar uma cotovelada. Lula, por exemplo, foi às redes para dizer que a gasolina, o gás e o diesel estão caros porque o governo privatizou a BR Distribuidora. Não demorou muito, Sergio Moro entrou no ar, respondendo. Moro chamará Lula para o debate sempre que for possível.
O ringue do Twitter II/ Moro entrou direto: “Sabe por que a Petrobras ainda existe, Lula? Porque a Lava Jato impediu que o PT continuasse saqueando e desviando recursos da maior estatal do Brasil. Se não fosse o nosso trabalho, talvez a Petrobras nem existisse mais. Felizmente, mudamos o rumo dessa história”.
O leque de Leão está aberto/ O PT da Bahia está com um problemão para resolver, desde que Jaques Wagner (PT) e o senador Otto Alencar (PSD) desistiram de concorrer ao governo do estado. Uma parte dos petistas resiste em apoiar uma candidatura do vice-governador João Leão (PP). Leão, uma fera nas articulações políticas, está solto. Perguntado sobre como estão as conversas com ACM Neto, do União Brasil, respondeu assim: “Converso com todos os grupos políticos da Bahia. Do papa aos evangélicos”, disse.
Adeus, máscaras…
Setor do agronegócio falou alto na decisão de Bolsonaro de recuar nos ataques ao STF
A grita do agronegócio diante da paralisação dos caminhoneiros foi fundamental para levar o presidente Jair Bolsonaro ao recuo, depois do discurso radical nas manifestações de Sete de Setembro. Com a alta da inflação, queda do dólar, Florianópolis sem combustível, representantes do agro, que dependem das estradas para escoar a produção, fizeram chegar ao Planalto que era preciso pacificar o país e lembraram ao presidente que não mobilizaram seu pessoal às manifestações para instalar o caos no país.
Bolsonaro, então, recorreu a Michel Temer, que redigiu o esboço do documento divulgado pelo Palácio do Planalto. A frase, “é a economia, estúpido”, forjada pelo estrategista de Bill Clinton em 1992, foi devidamente aplicada pelo presidente brasileiro.
Uma das mãos…
Depois da nota divulgada pelo Planalto, em que o presidente Jair Bolsonaro atribui os excessos do discurso de Sete de Setembro ao “calor do momento”, foi o gesto do Poder Executivo que, agora, precisará ter reflexos nos demais Poderes.
… Lava a outra
Do Senado, o governo espera, agora, que seja marcada a sabatina de André Mendonça na Comissão de Constituição e Justiça. O governo espera há mais de um mês que os senadores deliberem sobre a indicação de Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal.
Perdas & danos
A aposta de aliados do presidente é a de que parte de seu eleitorado ficou decepcionada com a nota presidencial tratando declarações de Sete de Setembro como fruto do “calor do momento”. Porém, estrategicamente, Bolsonaro ganha terreno na seara da política. E o eleitorado? Recupera-se mais à frente, se a economia se recuperar. Isso porque mais radical que Bolsonaro à direita para 2022 ainda não apareceu.
Tem limite
O governo espera, ainda, que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, não devolva a medida provisória que modifica o marco legal da internet. O presidente do Senado avisou que sua decisão sairá na semana que vem.
Se prender, lascou
Da parte do Judiciário, o governo espera o fim das prisões arbitrárias, como considera terem sido as de Daniel Silveira e Roberto Jefferson.
Trio medicinal
Michel Temer, Ciro Nogueira e Fábio Faria patrocinam para breve um encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes. Com público, fica difícil cada um passar uma versão diferente da conversa. Não por acaso, o trio já recebe internamente o apelido de Lexotan, Rivotril e Frontal.
Impressão de Maia/ Perguntado se o governo Bolsonaro tinha acabado, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia respondeu assim: “Nem começou”.
Semblante preocupado/ Na live desta semana, o presidente Jair Bolsonaro era o retrato de quem passou a noite em claro, atônito com a paralisação dos caminhoneiros.
Nem de brincadeira/ Em sua live, o presidente Jair Bolsonaro perguntou a todos os colaboradores presentes, quanto cada um engordou no período de pandemia. Ao olhar para ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, foi direto: “Mulher…vou pular”. Perguntar a uma mulher se ela engordou, realmente, não é fino.
Por falar em Flávia… / Flávia e Ciro Nogueira, da Casa Civil, acompanharam in loco a live presidencial. Dizem os amigos de ambos que era para ver se Bolsonaro manteria o “Jairzinho paz e amor”, depois da nota presidencial com promessas de fidelidade à Constituição. São, ao lado de Fábio Faria (Comunicações), os bombeiros do Planalto.
Caiu na rede/ Bombou no WhatsApp o vídeo da passagem da faixa presidencial de trás para frente. Uma das qualidades do brasileiro é o bom humor.
Pensando bem…/ A chegada de Michel Temer ao centro nervoso da política foi vista por alguns como a troca do amortecedor por um mais potente.
As grandes empresas do país não tiram os olhos dos movimentos dos caminhoneiros, que ameaçam paralisar o Brasil na próxima segunda-feira. O empresariado, que já sofre com a pandemia, estuda alternativas para evitar os estragos sofridos em 2018, quando o país enfrentou problemas no abastecimento por causa da greve no setor.
A preocupação dos empresários chegou ao governo e deixou duas missões para Jair Bolsonaro nesses dias finais de janeiro: evitar essa greve e, ao mesmo tempo, eleger Arthur Lira (PP-AL) presidente da Câmara. Para o governo, uma paralisação nesse segmento seria uma derrota política expressiva para o presidente, ainda que o deputado leve a Presidência da Casa. Deixará a sensação de que Bolsonaro trocou o apoio de parte daqueles que o elegeram em 2018 pelo toma lá dá cá da velha política.
Vale lembrar que, quando obteve o apoio dos caminhoneiros, o presidente eleito prometeu mundos e fundos à categoria. Acontece que o país não tem Orçamento aprovado, está com um deficit nas contas na casa dos R$ 800 bilhões e, de quebra, há toda uma pressão para a compra de vacinas e toda a gama de serviços públicos, cada vez mais demandados pela população que perdeu renda em 2020.
Sinais
As últimas declarações do vice-presidente Hamilton Mourão a respeito do distanciamento entre ele e Bolsonaro foram vistas por atores da política como um sinal de “aquecimento” para o futuro. Até aqui, porém, o impeachment do presidente é tratado pelos partidos de centro como “flor do recesso” –– aquela que cresce quando o Congresso não funciona e se torna uma plantinha inofensiva com a retomada dos trabalhos do Legislativo.
Bolsonaro no “tudo ou nada”
Aliados de Bolsonaro têm sido unânimes em afirmar, nos bastidores, para os deputados votarem em Lira nos seguintes termos: “Olha lá, hein? O presidente não pode perder esta eleição de jeito nenhum”.
Festa na Marinha/ O almirante de esquadra Marcos Silva Rodrigues assume, amanhã (29/1), o posto de chefe do Estado-Maior da Armada. A solenidade será 10h, no Clube Naval de Brasília.
Ela vai de Van Hattem/ Candidato a presidente da Câmara, o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) tem, pelo menos, um voto no primeiro turno fora do seu partido: a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) definiu o apoio a ele porque sabe que ele está fechado com a PEC da prisão em segunda instância.
Aliás… / A eleição para presidente da Câmara ficou muito mais no toma lá dá cá e no impeachment do que no dever de casa pendente no país, leia-se reformas e as pautas que o Congresso não consegue levar adiante há anos, seja por falta de apoio do governo, seja por enrolação das excelências.
Se a moda pega…/ O pedido de prisão do prefeito de Manaus, David Almeida, por causa dos casos de fura-filas da vacinação deixa vários administradores municipais em pânico. Se a moda pega, além de faltar imunizante, vai faltar cadeia. Afinal, um número expressivo de prefeitos não tem sequer um mês de mandato e já vai ficar devendo explicações à Justiça.
Por falar em explicações…/ Além da CPI para apurar o caos na saúde em Manaus e demora na compra das vacinas, vem aí a CPI do leite condensado. 2021 promete. Compete ao governo explicar em vez de xingar e tirar o portal da transparência do ar.
Bolsonaro precisará decidir se atende os caminhoneiros ou o PIB
Coluna Brasília-DF
Na reunião de hoje com o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux para discutir a lei do tabelamento do frete, os empresários chegam dispostos a fechar um acordo em torno do valor pago aos caminhoneiros, desde que não haja tabelamento. Os caminhoneiros, por sua vez, vão determinados a cobrar o cumprimento da lei do frete.
Logo, tem tudo para haver um impasse, se a categoria não ceder. “Estamos desenhando um novo modelo de contratação direta dos caminhoneiros, mas qualquer mudança só vai adiante se o tabelamento do frete cair”, antecipa à coluna o presidente executivo da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga, Luiz Henrique Baldez.
Até aqui, tanto a equipe econômica do governo quanto as confederações empresariais se posicionaram contra o tabelamento. Logo, se ninguém ceder, o presidente Jair Bolsonaro enfrentará mais uma encruzilhada: ou atende os caminhoneiros, ou o PIB. Com a crise econômica despontando no horizonte, há quem diga que a situação para os caminhoneiros está chegando ao ponto de “ou pegar, ou largar”.
Governo contra governo
O acordo entre Executivo e Legislativo em torno dos projetos de lei orçamentária (PLNs), enviados na semana passada, teve validade menor do que a de um iogurte. A orientação de muitos governistas, hoje, será no sentido de votar contra a proposta.
Ninguém pisca
Às vésperas do movimento de 15 de março, a expectativa geral no Congresso é de que ninguém consiga muita coisa em termos de diálogo para sair da barafunda de dólar alto e bolsas caindo. O ano, que deveria começar depois do carnaval, agora, só após 15 de março.
Confiança, ativo em falta
A declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre confiança na política econômica de Paulo Guedes terá vários testes este mês: de caminhoneiros a envio das reformas. São assuntos que, na avaliação de aliados do presidente no Congresso, chegaram à hora da verdade.
Vem briga aí
Os problemas enfrentados pelo governo não tiraram o presidente Jair Bolsonaro da pole position de 2022. E, nesse cenário, vai ter partido brigando pela vice. Em especial, MDB e DEM.
Curtidas
Criança, a saída/ A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, e a deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) têm um ponto em comum: a criação do Ministério da Criança. “Um dos grandes sonhos que a Damares compartilha comigo é criarmos, um dia, o Ministério da Criança”, disse Paula, durante encontro com a ministra. Investir na criança, afirma Damares, “economiza em tudo, no sistema socioeducativo e prisional, na saúde, em tudo”.
Ele tem razão/ Num ponto, todos os políticos concordam com o presidente Jair Bolsonaro: nessa atividade, quem tem medo de rua, melhor buscar outra função.
O tempo, senhor da razão/ Em Brasília, políticos apostam quanto tempo Regina Duarte aguenta ficar no governo: os mais otimistas calculam seis meses.
Coluna Brasília-DF
O mercado começa a olhar com uma certa desconfiança sobre a capacidade de o governo federal arbitrar e resolver conflitos entre setores que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. O que acendeu o pisca-alerta foi o pedido do Poder Executivo para que o Supremo Tribunal Federal adiasse o julgamento do tabelamento do frete e a decisão dos caminhoneiros de Santos de tentar promover uma paralisação nesta segunda-feira.
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O que incomoda é que, passado um ano e quase dois meses do governo do presidente Jair Bolsonaro, esse assunto continua sem solução e os problemas nos setores envolvidos se acumulando. Apesar de a economia ter sinais de recuperação, se essa dificuldade de resolver problemas se repetir em outros setores em que houver conflitos entre apoiadores do presidente, há o risco de a avaliação do governo, que tem melhorado, voltar a cair.
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Em tempo: os caminhoneiros de Santos querem chamar a atenção para a necessidade de cumprimento da lei da tabela do frete mínimo, a perda de trabalho em contêineres no porto a redução dos tributos sobre o óleo diesel. Há quem diga que, se o governo não agir rápido em relação a uma solução que atenda a caminhoneiros, agronegócio e indústria, o país pode viver em breve a repetição do cenário de 2018, quando uma greve dos caminhoneiros paralisou o país. Quem conseguir, que durma com um barulho desses.
Gato escaldado
Há uma tensão no ar com essa paralisação dos caminhoneiros em Santos. Aliás, desde 2013 qualquer movimento causa apreensão, por causa do aumento das passagens de ônibus na cidade de São Paulo, que virou uma série de protestos pelo país.
Releitura do voluntariado I
Nos idos dos anos 1990, a então primeira-dama Ruth Cardoso capitaneou o programa Comunidade Solidária, iniciativa tão importante quanto o Pátria Voluntária comandado pela primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Releitura do voluntariado II
A professora Ruth não precisou deslocar sequer um livro do Planalto para se agarrar no serviço. Agora, a biblioteca palaciana está em reforma e quem pergunta sobre a obra leva uma banana do presidente, que considera uma crítica só trabalho de sua mulher. O Pátria Voluntária é importantíssimo e merece destaque. Deve ser feito com liderança e não com obra física no Planalto.
Um alento
Em março, o governo terá liquidado o problema do Instituto de Seguridade dos Portuários, o Portus. Só falta agora a parte burocrática, de assinatura dos documentos pelas partes. Vai aumentar a contribuição, mas, pelo menos, o fundo está a salvo da liquidação depois de registrar um deficit de R$ 3,4 bilhões.
CURTIDAS
Muita calma nessa hora/ Atento a todos os movimentos da política, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, vai lançar candidatos a prefeitos em quase todas as capitais, em especial, nas maiores. “É cedo para tratar de sucessão presidencial. Primeiro, é preciso ver a força dos partidos”, diz ele.
O capitão fez escola/ O costume do presidente Jair Bolsonaro de conversar com os ministros via WhatsApp se espalhou pelo governo. Até o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, adotou esse método e resolve muitas pendências pelo app, inclusive com sindicalistas.
Melhor assim/ Enquanto alguns deputados reclamam do excesso de militares no primeiro escalão, muitos colocam as mãos para o céu. “Melhor os generais, que são preparados e têm uma visão estratégica do país, do que a turma ligada à ala ideológica, capitaneada por Olavo de Carvalho”.
Coluna Brasília-DF/ Por Leonardo Calvacanti (interino)
Por mais desastrosa que a declaração de Jair Bolsonaro sobre nordestinos possa ter sido, a ausência do governador da Bahia, Rui Costa (PT), na inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista, levou estrategistas do Planalto a comemorarem.
A estratégia do pessoal que entrou em campo para gerenciar a crise aberta pelo próprio capitão reformado foi posta em prática na manhã de ontem e se limitava ao contraponto entre Bolsonaro e os chefes dos executivos regionais de oposição.
Como ficou ao lado de aliados e de uma claque de convidados, e sem a presença de Costa, o presidente tentou se defender. Ganhou espaço nas tevês e na internet.
Agora, é esperar as pesquisas de opinião para avaliar qual o tamanho do desgaste com a declaração de Bolsonaro.
A avaliação no núcleo do PT — incluindo aí o senador Jaques Wagner (BA) — é a de que Costa delimitou espaço e isolou o presidente.
A popularidade do petista está em alta no estado, a ponto de um vídeo postado por ele para explicar a ausência ter ganhado visibilidade nas redes.
Costa acusou o Planalto de ter selecionado os convidados, deixando a população de fora do evento. Também exaltou as administrações passadas, como a de Dilma Rousseff, responsáveis pela maior parte das obras.
Verificação I
Segundo monitoramento da Levels Inteligência em Relações Governamentais, nas redes sociais, as mensagens geradas por grupos favoráveis a Bolsonaro representaram 57% do monitoramento; em usuários únicos, esse número se manteve estável, 55%.
A narrativa de maior abrangência na rede traçou críticas genéricas aos grupos que estariam se opondo ao presidente, 35%.
Mensagens em defesa das críticas dele a governadores nordestinos ocuparam 10%, e repercutiram principalmente tuítes do próprio presidente e de sua equipe de governo, com destaque para o ministro Sérgio Moro.
Verificação II
As narrativas contrárias à declaração do presidente repercutiram em 43% da rede monitorada. Quando analisada em usuários únicos, a porcentagem desse grupo subiu para 45% da rede. A rede critica o chefe do Executivo por sua relação com o Nordeste.
Para 28%, ele apresenta um histórico de suposto descaso com a região, tendo em vista que sua primeira viagem oficial ao Nordeste ocorreu em maio, cinco meses após a posse.
As postagens enfatizaram o caráter preconceituoso das falas do capitão, 4%, e questionam se esta polêmica pode dificultar a aprovação da reforma da Previdência, que será votada em segundo turno em agosto.
Alertas
Segundo os analistas da Levels, a estratégia de comunicação do presidente é assertiva em mobilizar sua rede, mas perpetua a forte polarização que tem marcado o debate político, além de não fortalecer a narrativa de que governadores de oposição têm prejudicado o desenvolvimento do Nordeste.
“Nesse sentido, as visões regionalistas têm maior abrangência, destacando o caráter preconceituoso das falas do presidente, dificultando ainda mais a entrada de Bolsonaro na região.”
O problema… // Bolsonaro vai ter que se esforçar mais para ganhar o prestígio de lideranças do Nordeste do que os afagos dados na cerimônia de ontem, na Bahia.
A estratégia do presidente em construir apoio na região esbarra não apenas na resistência de parlamentares da oposição, mas, também, de partidos de centro.
Deputados da região dizem que o governo não vai ter suporte na base de agrados, que dirá no discurso de radicalização.
… é mais embaixo // O problema em construir apoio passa pelo Nordeste, mas vai além. Afinal, a construção da base governista no Parlamento está nos líderes.
Na Câmara, tirando a oposição, oito partidos são liderados por deputados nordestinos que, juntos, comandam 184 deputados.
São os casos do PSC, Cidadania, PP, PL, PSD, Solidariedade, DEM e PTB. E, por ora, é baixa a disposição para compor com o governo. O líder do Cidadania, Daniel Coelho (PE), por exemplo, garante que não há nenhuma pretensão do partido em “ser governo”.
Opções contra greve I //O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, tenta encontrar soluções adicionais para os problemas dos caminhoneiros.
Em contato com líderes da categoria, ele se dispôs a estudar o cumprimento da fiscalização da chamada Lei do Descanso.
Prometeu que pediria para a equipe técnica da pasta comandar estudos que apontem para a eficácia da proposta.
Opções contra a greve II // O governo atribui os problemas do baixo custo do frete à oferta muito maior de caminhões do que a demanda pelos serviços. Caminhoneiros trabalham em média 16h por dia, o dobro das 8h diárias previstas na Lei do Descanso.
Parte das lideranças da categoria sustenta que uma fiscalização dura o suficiente para punir quem descumpre a legislação pode, na ponta, equilibrar a oferta e demanda.