Redução do auxílio emergencial será a próxima bomba-relógio entre Congresso e governo e teste para o Centrão

Auxílio emergencial
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Coluna Brasília-DF

Com a notícia de que o governo planeja estender o auxílio emergencial por mais dois meses, no valor de R$ 300, e a pressão do Congresso pela manutenção de mais três parcelas de R$ 600, a ideia da área econômica é começar a chamar os líderes para uma conversa olho no olho, nem que seja de máscara.

Os cálculos indicam que, sem levar em conta esse aumento, as medidas emergenciais adotadas até agora consumiram um quarto da economia prevista pela reforma previdenciária em 10 anos, considerando aumento de gastos e redução de tributos.

Há quem diga que o Congresso terá que escolher: se mantiver o valor de R$ 600, mais um pedaço da reforma previdenciária será consumido no curto prazo e não restará nada para tentar reativar a economia mais à frente, por parte do poder público.

O auxílio será a próxima bomba-relógio em discussão no Parlamento e um teste para o Centrão revigorado por cargos.

Pressão total

Da mesma forma que parte dos apoiadores diz que demitir Abraham Weintraub distensionaria o ambiente, os mais ferrenhos simpatizantes afirmam ao próprio Bolsonaro que tirar o ministro seria um sinal de fraqueza. Afinal, Weintraub é aliado de primeira hora.

É fake…/ Em grupos de WhatsApp, bolsonaristas continuam compartilhando um texto de apoio ao governo, como se fosse da lavra do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Britt. “Está circulando há um mês, já fiz boletim de ocorrência para apurar a responsabilidade. É uma cretinice, uma canalhice”, diz.

…e injusto/ Na mensagem, o sobrenome está grafado com um “t” apenas. E conclama os brasileiros a se unirem a Bolsonaro, traz críticas à Rede Globo, ao ex-ministro Sergio Moro. Em nada lembra o estilo do poeta Ayres Britto. “No direito, temos a verdade sabida, aquilo que é público e notório. No caso desse texto, é uma inverdade sabida”, afirma o autêntico Ayres Britto à coluna.

Testes no Congresso/ O Senado começa a se preparar para a retomada das sessões presenciais. Ao contrário do que foi dito há alguns dias sobre a volta em 15 de junho, a ideia é usar esse período até 15 de julho para submeter todos os servidores com acesso ao plenário a testes de coronavírus a cada duas semanas. De quebra, todos os frequentadores terão de preencher uma autoavaliação de condições de saúde e, a depender do resultado, receberão autorização para ingresso na Casa.

Todo cuidado é pouco/ Um morador de rua, drogado, atingiu o carro de uma diplomata, ontem, nas proximidades do Brasília Shopping, por volta das 16h. Ela estava a caminho do dentista quando o sujeito bateu com um porrete no parabrisa do automóvel. Eram três moradores de rua brigando, e ela passou de carro justamente na hora da confusão. Outros veículos também foram atingidos por eles. Há relatos também de violência por parte de moradores de rua na área da 704 Norte.

Confiante em atrair novo eleitorado com o auxílio emergencial, Bolsonaro balança Moro e Guedes

Sérgio Moro Paulo Guedes
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Até aqui, as medições de popularidade em redes sociais feitas por bolsonaristas apontam que a saída de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde não derrubou os índices presidenciais ao chão, como alguns mais pessimistas previam. A impressão dos aliados é a de que aqueles que abandonam o governo podem ser substituídos pelos agraciados com o auxílio emergencial de R$ 600, um contingente de 33 milhões de brasileiros. Não por acaso, o auxílio foi o tema da live desta semana. É aí que Bolsonaro joga suas fichas para tirar votos que até aqui eram atribuídos ao PT, inclusive no Nordeste.

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Em tempo: a certeza de que acertou na troca da saúde, no pagamento dos R$ 600 e, de quebra, no discurso de volta ao trabalho, é que leva o presidente a fazer, neste momento, as trocas que deseja há tempos. Daí a investida contra Maurício Valeixo, na Polícia Federal. Só tem um probleminha: quem fez a aproximação entre Moro e Bolsonaro foi o ministro da Economia, Paulo Guedes, que também anda cansado. Se perder os dois, aí, as apostas de Bolsonaro podem quebrar o seu caixa eleitoral.

Moral da história

Entre os delegados da Polícia Federal há uma lei: diretor-geral não interfere em investigação. Quem chega com a missão de barrar, ou interferir em investigações, tem um de dois destinos: ou é escanteado, ou, se ultrapassar certos limites, sai preso.

Um já foi

No governo do presidente Michel Temer, por exemplo, o delegado Fernando Segóvia, diretor da PF nomeado pelo Planalto, terminou acusado de interferir no inquérito que investigava o presidente por causa da mala que o ex-assessor palaciano Rodrigo Rocha Loures carregou pelas ruas de São Paulo. Ficou 99 dias no cargo e terminou fora.

Bolsonaro repete Temer

Aliás, delegados da PF que acompanharam de perto a troca de comando da instituição no governo do presidente Michel Temer estão com uma sensação de “déjà-vu”. Naquela época, Segóvia assumiu sem que o presidente ouvisse o então ministro da Justiça, Torquato Jardim. A indicação de Segóvia partiu justamente da ala do MDB investigada na Lava Jato e obteve aval de outros partidos que agora conversam com Bolsonaro.

Eles têm o que temer

Chegou aos ouvidos dos bolsonaristas que deputados suspeitos de organizar a manifestação em favor do AI-5 serão alvo de busca e apreensão da Polícia Federal. E há quem diga que essa turma foi chorar nos ouvidos presidenciais.

CURTIDAS

Menos três/ Quem está torcendo pelos resultados das investigações contra deputados bolsonaristas é o presidente do PSL, Luciano Bivar. Será a senha para expulsar aliados de Bolsonaro do partido.

Moro-Mandetta/ Já tem político sonhando com essa chapa para enfrentar o presidente Jair Bolsonaro, em 2022: Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta. Justiça e Saúde caminhando juntas.

#ParabénsSarney I/ O ex-presidente Sarney recebeu uma ordem expressa dos médicos para esta sexta-feira, em que completa 90 anos: “Sem visitas e sem exceções”. Fica a dica para os amigos que desejam parabenizá-lo pelo aniversário. Melhor programar uma videochamada. Por causa da pandemia de Covid-19, Sarney está obedecendo à risca a hashtag #Fiqueemcasa. Ficam aqui os cumprimentos da coluna.

#ParabénsSarney II/ Com o cancelamento das festividades de seus 90 anos por causa da pandemia, o ex-presidente José Sarney será homenageado com uma live hoje, 11h, preparada por amigos. São mais de cem mensagens gravadas e transformadas num vídeo. É até pouco para quem sempre é procurado em busca de conselhos para momentos de crise como o que vivemos agora.