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Da mesma forma que os partidos de centro que ficaram fora do governo buscam alguma brecha para ocupação de espaços no Executivo, os aliados históricos do PT começam a se sentir incomodados com o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter reservado todos os postos palacianos para integrantes do PT. Embora a Esplanada esteja loteada, na hora de definir estratégias e organizar o jogo palaciano, não há vozes a favor de outros partidos, uma vez que todos são do PT, inclusive os líderes do governo. (O único que não é petista, mas é como
se fosse, é Randolfe Rodrigues, da Rede).
Em tempo: no governo Lula 1, o Palácio do Planalto também começou como um clube exclusivo do PT. Porém, o líder do governo na Câmara era o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), com amplo trânsito nos demais partidos. Quando houve o escândalo do mensalão, a conversa mudou e Lula se viu obrigado a modificar essa configuração. No Congresso, nesse cenário de 100 dias e fim do “recreio”, há quem diga que, num futuro próximo, um novo rearranjo de forças terá que ser feito.
Os “filhos” de cada um
Os governistas já definiriam assim o esforço para aprovação das novas regras fiscais no Parlamento: a reforma tributária é um projeto em formação no Congresso e está em debate há anos. As novas regras fiscais, o tal “arcabouço” apresentado ontem, foram concebidas pelo Poder Executivo. Logo, é no arcabouço que o governo jogará primeiramente todas as fichas.
Governo ganhou tempo
Ao deixar a sessão do Congresso para a próxima semana, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), dá sete dias ao governo para tentar retirar assinaturas do pedido da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI). Só tem um probleminha: quanto mais demora, mais cresce também a pressão para que haja a investigação.
Tudo é política
Ao levar até mesmo os oposicionistas para a reunião que tratou das ações necessárias para combater a violência nas escolas, o governo Lula mostra uma relação institucional e abre pontes, inclusive, para futuras votações na Câmara e no Senado. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, por exemplo, é da ala conservadora e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro. E é considerado um dos nomes que pode ajudar na agenda econômica.
Lula e Getúlio/ Não são poucos os aliados do presidente que consideram que ele está certo ao criticar todos que participam da guerra da Ucrânia. Esses aliados lembram que quando o então presidente Getúlio Vargas ameaçou se aliar ao Eixo (Roma-Berlim) na Segunda Guerra Mundial e, depois, corrigiu a rota, obteve uma série de financiamentos dos Estados Unidos, inclusive a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Lula ajustou o discurso e condenou a invasão da Ucrânia. Pretende, com isso, voltar ao jogo no “grupo da paz”.
Ciro no comando/ O PP de Arthur Lira (AL) tem convenção marcada para a próxima terça-feira e a previsão é de reeleger o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI). Significa que a voz da legenda continuará sendo de oposição ao governo Lula.
Tal e qual/ O PP age mais ou menos como o governo em relação ao PT. Quando há projetos impopulares do Executivo, o PT reclama para continuar afinado com a sua base eleitoral. No caso dos progressistas, quando Lira se aproxima demais do governo, Ciro Nogueira critica algo para não perder as pontes com o conservadorismo.
Por falar em Arthur…/ O deputado Fausto Pinato (PP-SP) encontrou com o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL, foto), no plenário da Câmara, e saiu-se com esta: “Rapaz, vamos fazer um encontro. Você leva o Renan (Calheiros) e eu o Lira, e a gente se encontra na Ponte da Amizade. Se der errado, você segura um e eu seguro o outro”. Foi uma gargalhada geral.
19 de abril/ Dia dos Povos Indígenas e do Exército brasileiro. Marca a Batalha dos Guararapes, em 1648, quando os brasileiros (incluídos aí os indígenas) expulsaram os holandeses do Recife. Fica aqui ainda a homenagem a um dos maiores historiadores brasileiros, Boris Fausto, cuja morte foi anunciada ontem.
Potenciais aliados de Bolsonaro na Câmara esperam por novas rodadas de negociações após a posse
Tarimbados por mais de 20 anos de experiência em negociação com governos eleitos e/ou reeleitos, os potenciais aliados do futuro presidente, Jair Bolsonaro, classificam as rodadas de reuniões entre ele e as bancadas na Câmara como aquele diálogo em que todos saem conscientes de que, na prática, a conversa será outra. Isso significa que, nos bastidores, os deputados não estão convencidos de que a relação mudará. Logo, tudo o que Bolsonaro afirma às bancadas nessa fase da transição terá de ser renegociado depois da posse. Especialmente, se fracassarem os movimentos dos filhos do presidente eleito contra o MDB, de Renan Calheiros, no Senado e o DEM, de Rodrigo Maia.
Otávio Rodrigues Júnior
A indicação do professor Otávio Rodrigues Júnior para o Conselho Nacional do Ministério Público ontem no plenário da Câmara, por 195 votos, foi construída nos bastidores, num trabalho que uniu a nova e a velha política. Cearense, como Eunício Oliveira, Júnior tem o conterrâneo trabalhando por ele. De quebra, o PSL, que muitos diziam que apoiaria Erick Vidigal, ficou com o currículo do professor da Faculdade de Direito de São Paulo. Erick obteve 39 votos. Agora, o nome vai ao Senado.
Indústria em debate
A indústria conta com o governo de Jair Bolsonaro para tentar recuperar terreno depois de uma década em que o crescimento da renda per capita ficou abaixo do 0,5%. Na próxima segunda-feira, o Correio Braziliense discutirá o que pode ser feito para sair desse triste cenário no debate A importância da indústria para o desenvolvimento do Brasil, no auditório do jornal.
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Mágoa latente/ Ao se reunir com a bancada do PP, seu antigo partido, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, não deixou de, no mínimo, refrescar a memória dos presentes. “Viu? Vocês não quiseram que eu fosse candidato a presidente pelo partido, agora estou aqui”, disse em tom de brincadeira e sorrindo.
Não seja por isso/ Na hora, o líder da bancada, deputado Arthur Lyra (PP-AL), respondeu: “Nunca é tarde, presidente, a ficha está aqui. É só assinar. Ninguém se perde no caminho de volta”.
Ela fica/ O MDB contava com o retorno da senadora Rose de Freitas (foto) ao partido. Ela, porém, já fez chegar ao “Senado Independente” que não pretende deixar o Podemos.
A volta de Rosso/ O deputado Rogério Rosso (PSD-DF) voltou ontem ao trabalho, depois da licença não remunerada que havia tirado para fazer sua campanha ao governo do Distrito Federal. Faltam apenas 50 dias para o fim do mandato, a maior tarefa agora será encerrar o gabinete e votar o Orçamento da União para o ano que vem.