Coluna Brasília-DF
Se esta semana parlamentar foi marcada pela pressa em votar as medidas provisórias, a próxima será tomada pela mesma correria a fim de analisar os vetos presidenciais. São 211, distribuídos em 23 leis, das quais 19 (que somam 195 vetos), têm prioridade de votação. Só depois de cumprida essa maratona, é que o plenário do Congresso estará liberado para votar o crédito de R$ 248 bilhões, fundamental para evitar que o governo se veja obrigado a cortar mais despesas ou, então “pedalar”, como fez Dilma. Se as dificuldades estão mesmo no ponto em que revela o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, é uma situação tão urgente quanto a da MP que reestruturou o governo.
MPs: o próximo embate
Nem reforma da Previdência, nem tributária. O que promete levar a um confronto forte entre o governo e os partidos na Câmara são as medidas provisórias. Numa reunião fechada ontem à noite, deputados do Centrão — sempre ele — levantaram a hipótese de aprovar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para acabar com esse instituto. Foram dissuadidos, mas a intriga está lançada.
Por enquanto, apenas um aviso
Os exercícios políticos, porém, não são para já. A ordem entre os deputados é deixar um leque de possibilidades aberto para que, caso Bolsonaro volte a atuar no “modo confronto”, eles tenham uma artilharia de defesa pronta. É nesse signo da desconfiança que termina a semana do pacto entre Poderes, em que o presidente Jair Bolsonaro estendeu a mão às negociações políticas republicanas.
Desgaste precoce
Senadores independentes que votaram em Davi Alcolumbre para presidente do Senado começam a ficar decepcionados. Jorge Kajuru PSB-GO) saiu do plenário na noite de terça-feira com um brado: “Volta, Renan!”. Omar Aziz (PSD-AM) foi outro que reclamou, já se dirigindo ao elevador: “Ele fez o que tem feito, subserviência ao governo”.
Em cima do lance
O fato de o senador Fernando Collor ter ido para o exterior fazer um curso foi visto por seus colegas como um sinal de que ele sabia o que estava por vir. Pelo menos, está a salvo de passar pelo constrangimento de a Polícia Federal bater à porta dele.
Nome ao boi
Todas as vezes que alguém tenta incluir o DEM no tal “Centrão pejorativo”, os deputados do partido logo contam uma história que remonta ao tempo em que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, vetou o nome de Rodrigo Maia para líder do governo. Para completar, ainda lançou um nome do PSD contra o democrata.
Desse, escapou
Os petistas respiraram aliviados ao saber que Antonio Palocci ficou calado na CPI do BNDES. Embora o partido esteja na muda, uma frase do ex-ministro de Lula e de Dilma sempre coloca a legenda na berlinda novamente.
Coincidência divina/ No dia em que o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor, vai ao Planalto se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro, o site do petista Luiz Inácio Lula da Silva divulga uma carta em que o papa Francisco pede ao ex-presidente preso que, diante das duras provas, não desanime e siga confiando em Deus.
Por falar em Lula…/ O parlamentares notaram que os manifestantes pró-Bolsonaro do último domingo não levaram muitos “pixulecos”, aqueles bonecos infláveis com Lula vestido de presidiário. Há uma avaliação geral de que esqueceram os petistas e focam em outros alvos.
Meu brother?/ O abraço e a cara de felicidade do ministro Onyx Lorenzoni (foto) para com Rodrigo Maia ontem de manhã na Câmara passou a impressão de que está tudo bem entre eles. Quem conhece os dois avisa: foi só impressão.
Perca o amigo/ … Mas não a piada. Deputados e senadores apaixonados por música faziam piada com a carta de Jair Bolsonaro ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre, lembrando a música Mensagem, que a turma com menos de 60 conhece na voz de Maria Bethânia. “Quando o carteiro chegou… (…) vendo o envelope bonito/o seu sobrescrito eu reconheci/ a mesma caligrafia que me disse um dia ‘estou farto de ti”.