Senadores precisam estudar antes de ouvir o auditor do TCU

Publicado em CPI da Covid

O adiamento do depoimento do auditor do Tribunal de Contas da União Alexandre Marques, acusado de incluir no sistema do TCU uma posição pessoal como se fosse um documento oficial da instituição, veio a calhar. Os senadores não haviam estudado detalhadamente o tema que deu origem à audiência, ou seja, a suspeita levantada por Marques de que o número de mortes por covid era sido inflado. Agora, a ideia é só ouvir o servidor quando houver mais elementos, seja por parte da Polícia Federal, que deve abrir inquérito para investigar o que levou Marques a incluir um documento no sistema, sem que fosse uma avaliação oficial do TCU, seja pela própria Corregedoria do Tribunal, que avalia o comportamento do servidor.

Marques teve sua posição pessoal inclusive citada pelo presidente Jair Bolsonaro, que coloca em dúvida o número mortes por covid e usou o nome do TCU para dizer que esse número pode estar inflado. Embora não tenha comprovação e estudos do que menciona, o presidente joga no ar, como que para corroborar a sua tese de que a pandemia está acabando. E, nesse sentido, ouvir o servidor hoje seria um risco. O auditor é inteligente, articulado e estava preparado para dizer que, embora sua posição não tenha sido consenso, reforçaria as dúvidas do presidente da República, sem que os senadores estivessem preparados para rebatê-lo. Esta semana os parlamentares não tiveram tempo de se preparar para esse depoimento específico, por causa da agenda intensa agenda do Senado. Sob esse ângulo, a sessão do Senado convocada para votar a MP da Eletrobras pode ter tirado os senadores de um constrangimento.

Em tempo: Acompanho CPIs desde a que investigou o esquema PC Farias e serviu de base para o impeachment de Fernando Collor. Essas investigações costumam ter mais sucesso quando seus integrantes estudam os temas a serem abordados. A hora é de vasculhar os documentos.