Sem pressa

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 Os partidos podem até pressionar, mas a intenção da presidente Dilma Rousseff é demorar um pouco mais para escolher os integrantes do segundo escalão. A ideia é esperar decantar as pressões e ver como ficam as bancadas. Afinal, muitos cargos, conforme os ministros têm dito a correligionários partidários, não estarão sujeitos à indicação política como no passado. Além disso, antes de mais nada, é preciso saber como ficará a composição da Câmara e do Senado e a correlação de forças entre as legendas da base. Nesse ritmo, dizem alguns, quem for com muita sede ao pote pode acabar se queimando.

Cargo do desejo

Depois de tantos discursos de promoção às exportações — em especial o do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Armando Monteiro Neto, ontem — a Agência de Promoção das Exportações (Apex) ganhou peso dois no cobiçado segundo escalão. Seu orçamento, na casa dos R$ 400 milhões, é maior que o do Ministério da Pesca, em torno de R$ 200 milhões.

Mantido em suspense

O analista Daniel Godinho, servidor de carreira, continuará no cargo de secretário de Comércio Exterior. Sobre a Apex e o BNDES, Dilma Rousseff decidirá com o ministro até o fim do mês.

Cara de paisagem

Por enquanto, ninguém no Planalto ou no Ministério da Fazenda fez qualquer gesto de ajuda ao Governo do Distrito Federal. A palavra de ordem por lá “cortes”, assim mesmo, no plural.

Reclamação tardia

Ao sair do auditório do BC, onde foi a posse de Armando Monteiro Neto, Sílvio Costa (PE) encontrou o vice-presidente do PTB, Benito Gama. Foi só cobrança ao explicar por que trocou o PTB pelo PSC: “É um desrespeito! O PTB tem 18 deputados e o Jovair (Arantes, PTB-GO) transformou numa Venezuela. É líder pela 8ª vez e caminha para a 9ª. Por isso, eu saí. Não tenho nada contra ele, mas foi a favor de mim mesmo!”, afirmou. Benito apenas sorriu amarelo.

Continhas

Quem conhece do traçado na Câmara tem sido menos otimista que os candidatos a presidente da Casa. Os cálculos mais pessimistas indicam o seguinte: Eduardo Cunha tem hoje de 260 a 280 votos. Arlindo Chinaglia, entre 100 e 120. E, Júlio Delgado corre na raia três, com algo entre 80 e 100 votos. Ou seja: ainda tem muito jogo até o dia da eleição, 2 de fevereiro.

E o troféu beija-mão vai para…/ Quem acompanhou a maioria das transmissões de cargo na Esplanada essa semana fechou o dia na linha de os últimos serão os primeiros. Ao assumir o cargo, Armando Monteiro Neto, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, reuniu mais gente do que qualquer outro ministro recém-empossado. Explica-se: é que, além de ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), ele é senador e virou um dos conselheiros da presidente da República.

 

Nos bastidores da posse I/ Jorge Gerdau Johannpeter comentava com jornalistas que cortes no Orçamento devem ser vistos com naturalidade e coisa e tal, quando, de repente, alguém menciona o provável “ajuste” de impostos: “Aumento de imposto?!!! Não!”, respondeu ele, com uma negativa tão sonora que muitos convidados à volta se viraram para ver.

Nos bastidores da posse II/ Enquanto Arlindo cabalava votos entre os deputados presentes, inclusive do PSD, a deputada Cristiane Brasil (foto), presidente nacional do partido, avisava: “Nós, do PTB do Rio, fechamos com Eduardo Cunha”, disse.

Enquanto isso, no Ministério da Fazenda…/ O ministro Joaquim Levy almoçou no gabinete com o colega do Planejamento, Nelson Barbosa. Trataram dos últimos ajustes nos cortes a serem anunciados ainda hoje. No fim da tarde, Levy, ao perceber que havia repórteres na porta do ministério, foi para o vizinho, Minas e Energia, para uma reunião com Eduardo Braga. Foi quase uma quebra de protocolo. Invariavelmente, ministros da Fazenda chamam os outros ao seu Olimpo de guardiões das contas públicas. Não fazem reuniões em outros ministérios nem para fugir do assédio da imprensa. A exceção é a Casa Civil.

Paris, 07/01/15/ A imprensa ficou mais triste. E o mundo profundamente triste.